Orgulho crente?
Exatamente.
Longe da agradável satisfação de ser filho do Eterno.
Longe da consciência sã, de que somos filhos amados, o “orgulho crente”; em sua soberba velada é um fruto “equivocado”, de um coração que até buscava ao Senhor, mas que no meio do caminho confundiu ser, filho amado, com se alienar no “mundinho” em que Deus livra o “filhão” de tudo; Inclusive do compromisso de nos negarmos a nós mesmos, como Jesus, para que o amor ensinado por ele reine.
É impossível ver o próximo, quando nos inflamos de justificativas sobre o que somos em relação ao mundo: “Somos especiais! Estamos em posição privilegiada!”.
O tal “orgulho” é algo que tem contribuído negativamente para a saúde espiritual no meio do povo de Deus e, sem dúvida, trazido sequelas aos de dentro e fora das igrejas…
Este é mais um terrível “touro de Basã”, que sempre encontra lugar onde o exemplo de vida de Jesus e a sua pratica, é subjugado; deixado de lado; Visto apenas, como o filho de Deus que, como homem, veio aqui cumprir o seu grande propósito de morrer pelos nossos pecados e por isso “e só, por isso”, agiu da forma com que agiu…
De forma alguma! Errou quem pensou que Jesus conquistou tudo para que nós nos livrássemos do negar a nós mesmos.
Entretanto e infelizmente, é este o “status” a que Jesus, no fim das contas, é renegado, na “motivação” de muitos líderes evangélicos aos seus liderados (sim, porque Pastorado, mesmo, está em falta..).
É incrível, mas a igreja vibra muito mais com Davi, ou com qualquer outro, no cenário bíblico, que tenha feito ou conquistado algo de incrível, ou de gigantesco e que possa levar à nossa vontade, a uma identificação mais “triunfalista”, ou ainda, nos conduzir a uma ideia de posse ao invés de entrega. É só ouvir os “améns” e a “euforia” de muitos, reverberando diante das pregações, ou a falta deles, dependendo do caso. A justificativa é quase sempre a mesma: “É preciso motivar o povo de Deus! Leva-lo a conquistar!”
Seria plausível, se a rendição ao Senhor e uma vida cristã, de fato, fizesse parte deste “Manual” de conquista. Triste.
Falando de Jesus, falamos de honrar a sua vontade, falamos de seus feitos maravilhosos, mas passamos por cima de sua conduta e seguimos pouco, ou quase nada nessa nossa prática “cristã”. Mesmo reconhecendo-o em palavras, em cânticos (e agora, até em palavras de ordem) e em toda a religiosidade que muitos de nós – acreditem -, trazemos sem ver, temos o colocado em segundo plano…
No nosso plano; infelizmente.
A vida de exemplos possíveis que Jesus dá ao homem, geralmente tem dado lugar a todos os “ícones” do velho testamento, de acordo com seus momentos de triunfo apenas; como o rei Davi, que foi vitorioso; “se ele conquistou tudo, devemos também, para dizermos aos “filisteus” antes de cortarmos a sua cabeça, que há Deus em Israel” (nada de mais, se o filisteu fosse só a tipificação do diabo e não a do vizinho do lado, ou do irmão-inimigo que nem sempre importa…).
Devemos “conquistar”, pois somos levados a uma ganancia que nada tem a ver com prosperidade, ao invés de sermos levados ao Senhor que nos ensina a ser como ele é, e só.
Seguir seu exemplo nos bastaria.
Falamos muitas vezes, em alcançar “o impossível” apenas em favor do triunfalismo com que sonhamos, e não do que o apostolo Paulo na verdade diz em uma de suas cartas… “Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece”. Filipenses 4:13.
Basta ler o contexto para ver que ele fala é da escassez e não de ganhos maravilhosos, para o “bel prazer cristão”
Incomoda a muitos, tocar neste assunto em dias que vivemos para suprir e suprir todos os nossos desejos para que sejamos felizes. A igreja em grande parte, tem sido para muitos, este refúgio onde se aprende esta alienação. Vive-se nelas, o conforto de sempre haver uma justificativa bíblica; A mesma que nos aliena em relação ao restante do mundo e sua atual condição que ao contrário, exige de nós, compaixão e amor.
Mesmo que haja base bíblica para justificar promessas, posse ou triunfo – e temos, sem sombra de dúvida -, é importante lembrar que será impossível, qualquer coisa que tente negar ou passar por cima do senhorio de Jesus Cristo, e do que fomos chamados.
Fazemos isso, muitas vezes. Quando deixamos de lado o seu exemplo; Como se fora pertinente apenas, à sua vida terrena naquele tempo, e não para toda a NOSSA vida hoje, em todos os aspectos.
O fato, é que o mundo tem se rendido ao próprio “EU” e a igreja, tem sido “enredada” para este barco furado. Tenho visto nas igrejas um orgulho tal, que condiz, sim, com os novos tempos, onde tudo é em função do homem, mas nunca, com o exemplo claro e propicio que o Senhor nos deu em um mandamento e com ele, uma vida a ser perseguida: “Eu lhes dou este novo mandamento: Amem uns aos outros. Se tiverem amor uns pelos outros, todos saberão que vocês são meus discípulos”. João 13:34 (trad.NTLH). Simples e abrangente.
Ora, você não ama devidamente, quando o orgulho é a tônica.
É triste ver, a falta de um amor que seja difundido e não só lembrado, nas igrejas e no lugar dele, o “Eu-evangélico”; que repete “Somos filhos”, “vamos viver o extraordinário”, somos, somos…
Na verdade, somos tudo o que a Palavra de Deus diz que somos; O problema é que esta equação bem simples é esquecida pelo desfavor de líderes cristãos que não querem lembrar com ênfase, que temos todas as coisas com o Senhor, mas também, uma cruz que nos “redime” de um falso cristianismo e nos faz crescer dia após dia, se a levarmos.
Somos sim, povo eleito, filhos amados; mas não seremos o que ele quer e que nos lembra com o seu exemplo de vida, se nos esquecermos de que ele é o Senhor e de que nós, os servos; Se não deixarmos de lado o orgulho e a soberba que maquiada de “soberania cristã”, segue, mais do que nunca, uma tendência da humanidade que se corrompe e que tenta, vergonhosamente dentro das igrejas, encontrar respaldo, se propagando no lugar da humildade de verdadeiros servos.
No lugar de orgulho, seja a humildade em agir como Ele, e sermos um com Ele, todos os dias pra que o mundo saiba quem Ele é.
Muito já foi falado a cerca deste assunto, porém, eu gostaria de compartilhar uma história que ouvi em minha infância: Lembro que certo pregador era conhecido de muitos, como o pastor do “Amor”.
Ele pregava de maneira entusiástica e firme sobre o que ia no coração de Deus e o que o movia.
No fim de uma de suas pregações, um dos ouvintes tomou coragem, se aproximou e perguntou:
– Pastor… O senhor prega sobre o amor há muito tempo… Sua mensagem é linda… Todos gostam, é verdade… Mas… Me diga: Porque o Senhor não prega sobre outra coisa?
– Meu filho,… – respondeu o pastor – Eu só prego sobre outra coisa, quando vocês começarem a praticar o amor…
Por Rogério Ribeiro.