É somente pela permanência na vida espiritual que é operada pela fé, e que cresce na provação da fé, que se pode ser mais do que vencedor na prática da vida cristã diária, e não apenas por mero conhecimento doutrinário. A doutrina verdadeira deve ser praticada, senão as graças que existem em nós, estão prestes a morrer (desaparecer), tal como havia ocorrido com a Igreja de Sardes citada em Apo 3.1,2. É necessário estar debaixo da influência do Espírito Santo, praticando a Palavra de Deus, para que as ordenanças do Senhor possam ser cumpridas e vividas.
A liberdade cristã não é liberdade para a carne, mas liberdade para a expressão da vida de Cristo na nova criatura. A carne (natureza pecaminosa) deve ser mortificada, por isso foi considerada por Deus como estando crucificada juntamente com Cristo, quando Ele morreu na cruz do Calvário. A nova criatura; esta sim, é livre, ela é celestial e não terrena. Ela é responsável e perfeitamente santa. É a semente da vida eterna que foi semeada no coração do cristão, para subjugar a velha criatura pecaminosa. É a nova vida do céu que foi implantada nele, e que está destinada a crescer e a vencer a antiga natureza, assim como a Nova Aliança revogou e substituiu a Antiga. Ela é o odre novo no qual o Senhor está colocando o seu vinho celestial da verdadeira alegria. É por viver e andar no Espírito, no crescimento progressivo da nova natureza, que os cristãos são habilitados e capacitados a viverem em unidade, sendo um só corpo em Cristo; unidos pelo vinculo do amor.
Somente assim, se cumpre o propósito de Deus em relação a eles. Porém, quando se deixam governar pela carne, e negligenciam os deveres que lhes são ordenados na Palavra, quando deixam de ser diligentes no hábito da santificação, esquecendo de purificar seus corações pela Palavra, pelo poder do Espírito, e de permanecerem continuamente nisto por todos os dias de suas vidas, então, o que se verá são todas as manifestações que são designadas por obras da carne (dissensões, iras etc) e não o fruto do Espírito, que é amor, paz, alegria, benignidade, bondade, longanimidade, domínio próprio, fé e fidelidade.
Os que andam na carne jamais cumprirão a Lei, e se iludirão caso pensem que a estão cumprindo. Os que andam no Espírito têm cumprido a Lei, e por isso não estão debaixo da Lei, porque não há lei que possa ser contrária ao fruto do Espírito Santo.
Como toda Lei se cumpre no amor, o qual é fruto do Espírito, então nenhum cristão deve negligenciar o dever de amar a Deus e ao próximo, para que não seja achado em falta quanto ao cumprimento da Lei; porque se diz, que aquele que ama, a tem cumprido.
É muito fácil errar esse alvo, e é aí que Satanás encontra facilidade para semear o joio.
Não basta, portanto somente conhecer e defender a sã doutrina, é necessário praticá-la por um viver no amor de Deus.
É por isso que Paulo diz em Gál 5.24 que: “os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências”.
Ora, se Deus sentenciou à morte a carne com suas paixões e cobiças, na cruz, como podem os cristãos viverem, debaixo desta influência, em vez de se despojarem de tudo isto, uma vez que a vontade de Deus é que este corpo espiritual de pecado não seja apenas morto, mas também lançado fora? A nós é dado o dever de fazermos este trabalho de despojamento pelo Espírito Santo, em vez de hospedarmos o velho homem que já foi morto desde o dia que nos convertemos a Cristo.
A vida cristã não é uma vida contemplativa, não é uma mera devoção mística, porque é possível ser isto e estar completamente distante da verdade revelada. Antes é uma vida que deve ser aprendida. É uma prática, é um hábito, é um constante crescimento na graça e no conhecimento de Jesus. Veja o que o apóstolo nos ensina sobre a luta que existe permanentemente entre a carne e o Espírito, e vice- versa: “Porque a carne luta contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes se opõem um ao outro, para que não façais o que quereis.” (Gál 5.17)
Observe que ele afirma, que a carne e o Espírito se opõem mutuamente, para que não façamos o que seja do nosso querer.
O que ele quis dizer com isto? É que na verdade tanto a carne quanto o Espírito lutam contra a lei natural da nossa mente, e contra as disposições da nossa alma, isto é, tanto um quanto o outro, pretendem ter o domínio da nossa vontade e de todo o nosso ser.
A carne pretende nos levar a pecar, ainda que não o queiramos; e o Espírito Santo pretende nos santificar e nos levar a viver não pelo que é propriamente da nossa vontade, mas por aquilo que é da vontade de Deus. Então, o Espírito não luta contra a carne para que seja feito o que seja do nosso querer, mas para que a vontade de Deus possa se cumprir em nós.
O Espírito procurará nos levar, portanto à cruz para que a carne possa ser crucificada com as suas paixões e desejos (Gál 5.24).