I. É forjado e preservado nas mentes e almas de todos os crentes, pelo Espírito de Deus, um princípio sobrenatural ou hábito de graça e de santidade, pelo qual eles são capacitados a conhecer e a viver para Deus, e realizar aquela obediência que é requerida e aceita por meio de Cristo, no pacto da graça, essencialmente ou especificamente distinta de todos os hábitos naturais, intelectuais e morais, mas que pode ser adquirida ou melhorada por estes meios.
II. Há um trabalho imediato ou a operação eficaz do Espírito Santo, por sua graça, necessário a todo ato de santa obediência, seja ele interno apenas na fé e no amor, ou externo; isto é, a todos os atos santos de nossa compreensão, vontade e afetos, e a todos os deveres de obediência em nosso caminhar diante de Deus.
A primeira destas afirmações que não é apenas uma verdade, mas é de tão grande peso e importância, que a nossa esperança de vida e salvação depende delas, e é a segunda o grande princípio que constitui a nossa profissão de fé cristã. E há quatro coisas que são para serem confirmadas a respeito disto.
1. Que há um tal hábito ou princípio sobrenatural, infundido ou criado nos crentes pelo Espírito Santo, e sempre presente neles.
2. Isso, de acordo com a natureza de todos os hábitos, inclina e dispõe a mente, vontade e afeições, para os atos de santidade adequados à sua própria natureza, e no que diz respeito ao seu fim apropriado, e que nos leva a encontrar a Deus e a viver para Ele.
3. Isto faz não somente a inclinação e disposição de mente, mas lhe dá o poder, e lhe capacita a viver para Deus em toda santa obediência.
4. Isto difere especificamente de todos os outros hábitos, intelectuais ou morais, que por qualquer meio, podemos adquirir; ou dons espirituais que possam ser conferidos a todas as pessoas.
No manejo destas coisas, devo manifestar a diferença que há entre uma vida sobrenatural espiritual de santidade evangélica, e um curso de virtude moral, que alguns, para a rejeição da graça de nosso Senhor Jesus Cristo, não se esforçam para substituir. De tal vida espiritual, sobrenatural, celestial, assim denominada a partir de sua natureza, causas, atos, e fins, devemos ser participantes da mesma neste mundo, se nos importarmos em alcançar a vida eterna em outro.
E aqui devemos considerar o que somos capazes para a natureza, a glória e a beleza da santidade, e confesso, que muito pouco disso posso compreender. É um assunto de fato, muitas vezes falado; mas a essência e a verdadeira natureza dela, estão muito escondidas dos olhos de todos os homens. O senso que é proposto na Escritura, é o que eu desejo experimentar e que me esforçarei para declarar. Mas, assim como não somos nesta vida perfeitos nos deveres de santidade, não mais somos no conhecimento de sua natureza.
Em primeiro lugar, portanto, eu digo, que ela é um hábito sobrenatural gracioso, ou um princípio de vida espiritual. E com relação a isto podemos destacar brevemente estas três coisas: 1. Mostrar o que significa tal hábito. 2. Provar que existe um hábito requerido para a santificação, sim, que a natureza da santidade consiste nisto. 3. Declarar, em geral, as suas propriedades.
Texto extraído do tratado de John Owen, intitulado A Obra Positiva do Espírito na Santificação dos Crentes, traduzido e adaptado pelo Pr Silvio Dutra.