” Inclinarei os ouvidos a uma parábola, decifrarei o meu enigma ao som da harpa” Sl 49:4
Um dos significados da palavra inclinar é: desviar da verticalidade. Somos uma geração que não se “abaixa” mais para nada, não se desvia da verticalidade presunçosa e arrogante de querer só pra si, uma geração que olha pra cima mas, não sabe olhar para quem está do lado. Parecemos com as crianças que não querem se “render” para dormir. É difícil dizer para uma criança que já é hora de dormir, para elas soa como uma derrota.
Dar ouvidos é outro jurássico comportamento do ser-humano que caiu em desuso. Aliás, até damos ouvidos, mas normalmente, ao que não presta. Sabemos quem morreu, quem matou, quem discutiu com quem, mas ignoramos dar ouvidos a voz do Autor da Vida.
Nossa vida é uma parábola, e como as que Jesus contava, só Ele é que as resolve, responde e dá um final feliz. Constantemente a gente encontra gente que diz: “Se você soubesse como é a minha vida”, ou: “Se você soubesse o que eu já passei”. Uma sociedade que faz cada um da sua “parábola” um círculo vicioso. A vida humana ilustra verdades eternas, verdades essas, que o homem não pode evitar: vida, morte, choro, angústia, alegria, saudade, ansiedade… Traços simbólicos da nossa ligação com o que é Eterno.
Nossa vida é cheia de enigmas, perguntas sobre as quais procuramos resposta, coisas que não entendemos. Mistérios que não se desvendam na escola, por isso ao longo da vida o ser humano saiu em busca das mais diversas formas, querendo solução. O salmista tem uma sugestão: O som da Harpa.
Desvendamos os mistérios da vida ao som da harpa, ao som da nossa adoração à Deus. Murmurando, o mistério não cessa, se calando, continua sendo enigma, adorando à Deus decifra-se, o que antes eram apenas trevas torna-se luz, a luta que parecia derrota passa a semente da nossa vitória.
Passamos a usar as “notas” da dor para compor a mais linda canção de gratidão ao Compositor da vida. Machado de Assis escreveu que a vida é uma ópera bufa com intervalos de música séria. A nossa partiura é outra: tocamos na clave da Fé, numa cadeia ascendente, melodias que curam a alma em ritmo de esperança.
Se inclinando a Ele, dando-Lhe ouvidos a cerca da vida, decifrando os enigmas que só se interpretam Nele quando rendidos, entregamos nos louvor de nosso coração.
Ao som da Harpa
Andre Luiz