Sem o devido conhecimento da justificação e da consequente liberdade cristã que dela decorre, não é possível ter uma boa consciência que não somente não nos acuse mais, e que também não hesite quanto às coisas que devem ser feitas sem hesitação e com constância, pela plena certeza de que somos aprovados por Deus, na liberdade que temos em Cristo Jesus.
É portanto crucial conhecer o que significa esta liberdade para que possamos adquirir a citada consciência por meio da educação recebida da graça. Antes de tudo é necessário saber que há uma grande diferença entre justiça legal e justiça evangélica.
A justificação que recebemos em Cristo não é de caráter segundo a lei, mas segundo o perdão e misericórdia do evangelho. Os cristãos devem observar a lei, mas não é dela que obtêm a sua liberdade, mas por simplesmente olharem para Cristo.Porque o assunto em questão, quanto à liberdade que alcançamos pela fé, não é como podemos ser justos, mas como, embora indignos e injustos, podemos ser considerados justos.
Para o cristão a lei serve apenas para lembrá-lo do seu dever de ser santo e puro diante de Deus e dos homens. Mas isso não lhe virá pelo mero esforço em cumprir os mandamentos, mas em andar com constância no Espírito Santo, em submissão ao poder da graça operante em seu coração. A lei exige total perfeição e condena qualquer imperfeição, mas a graça nos liberta porque se baseia na promessa de Deus, na dispensação do evangelho, de nos perdoar e ser misericordioso para com todos os nossos pecados e iniquidades. Não por nos dar licença para vivermos em pecado, mas por compreender que não há quem não peque, enquanto estiver neste mundo, porque o pecado está ligado à nossa velha natureza, e dali pode ser removido somente pelo poder de Cristo.
Por isso se afirma em Romanos 7, que em Cristo, morremos para a lei, porque não estamos mais debaixo das exigência da lei, para agradarmos a Deus, mas da graça. Na lei, consideraríamos tudo o que somos e fazemos, como sendo uma transgressão, mas em Cristo, somos libertados das severas exigências da lei, e podemos alegremente responder ao chamado de Deus.