Que darei eu ao Senhor, por todos os benefícios que me tem feito?
Tomarei o cálice da salvação, e invocarei o nome do Senhor.
Pagarei os meus votos ao Senhor, agora, na presença de todo o seu povo .(Salmos 116:12-14)
Hoje as pessoas querem receber algo de alguém, sem ter que dar alguma coisa.
Hoje, nada se consegue sem que se pague um preço por algo. É muito fácil querer receber e não querer dar nada em troca. Mas quando agimos dessa maneira mostramos o quanto nossa vida está ligada apenas ao nosso bel prazer e não a do outrem. Muitas vezes, temos a tendência de sempre buscar o que é nosso sem pensar naquilo que pode agradar o outro. Como vemos, percebemos que a questão “dar”algo quer seja uma retribuição ou uma recompensa, está ligada a um sentimento muito raro em nosso tempo que é a gratidão.
Gratidão é um sentimento, uma emoção, por saber que uma pessoa fez uma boa ação, um auxílio, em favor de outra. Gratidão é uma espécie de dívida. É querer agradecer a outra pessoa por ter feito algo muito benéfico para ela.
O salmista Davi era um homem que vivia com um coração sincero e grato diante de Deus. É muito fácil ser grato a Deus quando tudo vai bem na nossa vida. Porém, há momentos em nossa vida que as coisas não dão certo e muitas vezes pagamos pelo preço de nossos atos. Às vezes este sentimento de gratidão é testado por algumas situações e circunstâncias desfavoráveis. E foi o que aconteceu com o rei Davi.
Num certo momento, Davi deixou ser levado pela situação e acabou pecando diante do Senhor quando resolveu contar o número do seu povo. Diz as Escrituras que Satanás se levantou contra Israel e incitou Davi a fazer um senso. Se formos analisar não há nada de errado em contar o povo e fazer um senso. Só que no caso de Davi, ele queria saber quem poderia contar e lutar. Como diz as Escrituras, Davi queria saber quem poderia “puxar a espada”. (1 Cr 21:5).
O que mais desagradou o Senhor foi o fato de Davi naquele momento ter acreditado mais no número de seus guerreiros do que no poder de Deus. Com isso, acabou Israel sofrendo um castigo que previamente poderia ser escolhido. Entre esses castigos estavam 3 anos de fome, 3 meses consumido pela espada do inimigo ou 3 dias em que a peste dominaria sobre Israel trazendo destruição. Diz as Escrituras que a punição foi uma peste em Israel e nisso morreram 70 mil homens. (1 Cr 21:7-14).
Davi poderia ter nesse momento se indignado profundamente com o Senhor pelo fato desse juízo. Também poderia ter sido ingrato pelo fato do Senhor ter feito tamanho mal ao seu povo. A ingratidão sempre se manifesta quando as coisas não são conforme aquilo que desejamos. A pior coisa que existe é quando nos falta reconhecer algo ou alguém que tanto nos ajudou. Apesar disso, Davi não se precipitou em seus atos. Nesse meio tempo o Senhor se arrependeu do mal que fizera, fazendo com que a destruição cessasse.
Diz a palavra de Deus que apesar disso, que olhando para o alto, Davi enxerga um anjo com a espada desembainhada para destruir Jerusalém, mas nesse momento Davi se prostra diante de Deus , junto com os anciãos e começa a orar. (1 Cr 21:16-17). Muitas pessoas poderiam murmurar ao ver essa cena. Mas Davi sabia o que era preciso ser feito. Sabendo do sofrimento do seu povo resolve tomar para si a dor do povo e coloca-se diante de Deus para ser punido.
Mas nessa hora um anjo aparece para Davi e manda ele erguer um altar ao Senhor em razão do castigo. O lugar escolhido foi na eira de um homem chamado Ornã, que era jebuseu. Chegando lá , Ornã se prostra diante do rei. Nesse momento Davi resolve ir a ele pedir aquele lugar para o altar ao Senhor.
O mais interessante desse relato é que como rei, Davi poderia ter reivindicado aquela terra para si. Mais isso nem ao menos foi preciso, pois partiu do próprio Ornã essa tarefa de oferecer aquele lugar, bem como, outros materiais para o sacrifício. A questão da gratidão está nesse momento. Ao receber a proposta deste homem , Davi despreza esta oferta e diz a Ornã:
“Não! Faço questão de pagar o preço justo. Não darei ao Senhor aquilo que pertence a você, nem oferecerei um holocausto que não me custe nada”.(1 Cr 21:24).
Davi era um homem que entendia que o Senhor se agrada quando damos o melhor e não o que nos sobra. Davi era um homem justo diante de Deus e sabia que tudo havia um valor. Aquele lugar tinha um valor, havia um preço a ser pago por ele e que a adoração a Deus não deveria ser feita com algo que ele ganhou de graça. Existem pessoas que oferecem a Deus qualquer coisa. Davi segundo as escrituras deu 600 ciclos de ouro. A questão do dar aquilo que é devido a Deus vai além do valor, mas está ligado a gratidão e de quem vive com uma coração grato. Esta também foi a diferença que estava entre a oferta de Abel e Caim (Gn 4:1-7). Diz as Escrituras que Deus se agradou da oferta de Abel. Diz o livro de hebreus que:
Pela fé, Abel ofereceu maior sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era justo, dando Deus testemunho dos seus dons, e por ela, depois de morto, ainda fala (Hb 11:4).
O diferencial de Abel era que ele teve a fé necessária para doar , sabendo que o Senhor retribui ao homem, sendo galardoador daqueles que o buscam (Hb 11:6). Deus olhou para o coração de Abel e a sua motivação.
Conta as Escrituras que Deus se agradou de “Abel” e “da sua oferta”, ou seja, desde a sua motivação até a consumação do seu ato. (Gn 4:3-5). Não foi somente a oferta , mas a sua atitude de gratidão. Abel deu as primícias, a primeira parte do que tinha, sabendo que aquilo tinha valor. Um coração grato é um coração doador e adorador. Um coração ingrato é oposto , dá o que não lhe custa nada e que se pega em qualquer lugar, sem precisar se esforçar. O ingrato não doa, pela sua própria avareza e não se preocupa com Deus , mas se preocupa pensando no que ira perder, não crendo no galardão e na recompensa do Senhor.
Por isso é que muitas vezes, em muitos dos seus discursos, Jesus enfatizou a necessidade de dar algo. Em um deles o Senhor disse:
“Coisa mais bem-aventurada é dar do que receber” (Atos 20:35).
Em outro trecho das Escrituras, o Senhor disse:
Dai, e ser-vos-á dado; boa medida, recalcada, sacudida e transbordando, vos deitarão no vosso regaço; porque com a mesma medida com que medirdes também vos medirão de novo.
(Lucas 6:38 )
Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.(Mateus 22:21)
Quando Jesus fala sobre tributar algo, ele enfatiza que devemos dar ao Senhor o que a Ele é devido. É o que fala em (1Cr 16:28-29) ; (Sl 29:1-2) ; (Sl 96:7-8).
Certa vez ouvi do Espírito Santo que o Senhor não deseja apenas “um culto de ação de graças” , mais um coração totalmente grato a Ele. Também alguém disse que “agradecer é bom, mas viver agradecido é melhor”. E é isso que o Senhor deseja que vivamos com um coração grato diante Dele, em todo tempo, dando a nossa melhor oferta, mostrando que tudo que temos é Dele, por Ele e para Ele são todas as coisas.(Rm 11:36)
Que possamos como o salmista dizer:
Oferecer-te-ei sacrifícios de louvor, e invocarei o nome do Senhor.
Pagarei os meus votos ao Senhor, na presença de todo o meu povo,
(Salmos 116:17-18)
Portanto, ofereçamos sempre por ele a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome. E não vos esqueçais da beneficência e comunicação, porque com tais sacrifícios Deus se agrada. (Hebreus 13:15-16)