O mesmo Jesus que disse em João 12.25.26: “Quem ama a sua vida, perdê-la-á; e quem neste mundo odeia a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna. Se alguém me quiser servir, siga-me; e onde eu estiver, ali estará também o meu servo; se alguém me servir, o Pai o honrará.”, também disse que veio a este mundo para que tivéssemos vida, e que a tivéssemos em abundância (Jo 10.10).
Não há qualquer paradoxo entre as duas passagens bíblicas citadas; ao contrário, são idênticas e complementares mutuamente.
O ponto a ser destacado é que nosso Senhor se refere a dois tipos de vida: a natural, relativa a este mundo cuja fonte reside na nossa natureza terrena pecaminosa, a qual deve ser perdida pelo trabalho da cruz, por odiarmos o pecado que em nós habita e que há no mundo; e a vida que é santa, espiritual e celestial que recebemos por meio da fé em Jesus, pois é este o tipo de vida abundante que somente Ele pode nos dar.
A manifestação desta vida celestial abundante independe de circunstâncias, se somos ou não afligidos por provações em forma de enfermidades, perseguições, pobreza, e até mesmo pelas tentações da carne, do mundo e do diabo.
Aquele que tem carregado a sua cruz diariamente, e que tem crucificado o seu ego, seguindo o pendor do Espírito Santo por caminhar em santificação com Jesus, terá uma fonte de paz, alegria, gratidão, amor, jorrando em seu interior para a vida eterna.
Não importa que esteja preso injustamente, por anos, como sucedeu com José no Egito, conforme o conselho e determinação de Deus, para bons propósitos definidos para o aperfeiçoamento de José na paciência e na santificação; enquanto o mordomo de faraó, que havia transgredido contra o próprio rei, foi colocado por ele em liberdade em poucos dias.
Os apóstolos foram também presos e duramente perseguidos, mas perseveraram na fé, na paciência e na esperança, enquanto aqueles que os oprimiam prosperavam materialmente neste mundo, e no entanto, não haviam alcançado a vida eterna abundante que eles possuíam.
Deus corrige, repreende e disciplina apenas aqueles que são seus filhos, e esta é uma das razões porque são provados por Ele em circunstâncias em que os que os ímpios são livrados rapidamente, enquanto o crente permanece por maior período debaixo dos mesmos sofrimentos em que eles se encontravam.
Nestas tribulações dos crentes estão sendo forjadas a fundamentação do caráter, a paciência, a perseverança, a fé e a esperança.
É evidente que naqueles que amam o tipo de vida que o mundo tem a oferecer, ou seja, as coisas e os tipos de comportamentos que são contrários à vontade e santidade de Deus; nenhuma destas graças está sendo forjada, até mesmo porque não as desejam ou conhecem; e como aqueles que amam o mundo permanecem como inimigos de Deus, jamais obterão a vida eterna que está em Jesus.