São inúmeras as passagens bíblicas que afirmam o nosso dever de guardar e cumprir a Palavra de Deus.
Estamos obrigados por um dever de consciência a cumprir tudo o que nos é ordenado pelo Senhor, e aqueles que resistem à Sua vontade estão, por conseguinte sujeitos ao Seu juízo.
Em nossa época se coloca mais ênfase nos direitos do que nos deveres, e isto explica, em parte, a decadência moral de nossa sociedade, porque sendo pecadores, o único direito natural que possuíamos era o de uma condenação eterna por Deus, e da qual escapamos somente pelo cumprimento do dever de atender ao que nos é ordenado por Deus em Sua Palavra – por deixarmos nossos maus caminhos pelo arrependimento e fé em Jesus Cristo, para o perdão dos nossos pecados, de modo que possamos nos consagrar a Ele revestindo-nos de Suas virtudes.
Necessitamos de libertação para podermos nos dedicar à execução dos nossos deveres em relação a Deus e ao nosso próximo, e esta libertação pode ser achada somente em Jesus Cristo.
A pecadores que se achavam condenados fica bem se ocuparem continuamente em saber quais são os seus deveres para com Deus e para com o seu próximo, de modo a se viver justa, sábia e piedosamente.
A graça que nos é concedida em Cristo, e tudo mais que recebemos da parte de Deus não é por motivo de termos direitos naturais a isto, senão que somos alvo da exclusiva misericórdia de Deus que nos concede os seus dons imerecidos.
Dizemos que Jesus comprou para nós o direito de sermos filhos e herdeiros de Deus, e isto é verdadeiro, mas note-se que não é isto um direito de nascença, ou seja, um direito natural, senão um direito que foi adquirido para nós pelos méritos de um outro, a saber, do nosso Salvador e Senhor.
É, por conseguinte, no cumprimento dos nossos deveres para com Deus, que entramos na posse dos direitos adquiridos por Jesus, mas isto é sempre feito por pura graça e misericórdia.
Estamos todos colocados em determinadas relações, como marido e mulher, pais e filhos, irmãos e irmãs, senhores e servos. Há algumas relações sobre as quais não temos controle, e outras, que podemos controlar em certa medida; mas em ambos casos não podemos fugir às responsabilidades. Cada nova posição traz uma nova responsabilidade com ela.
Não deve haver nenhuma sensação de cabeça vazia ao entrar em um novo relacionamento, como o casamento, e não deve haver nenhuma esquiva das obrigações presentes que repousam sobre nós em qualquer relacionamento. Esposas, maridos; pais, filhos; servos; patrões, são intimados a agir de acordo com seu lugar e função em suas respectivas esferas, mas não isoladamente.
Todo dever está associado a um direito; e todo o direito traz consigo um dever correspondente.
Os deveres dos homens e mulheres nas relações da vida são mútuos, não são unilaterais, mas equilibrados em ambos os lados.
A esposa deve respeitar o marido e o marido por seu turno deve amar a esposa. Os filhos devem obedecer seus pais e estes não devem irritar seus filhos. Os servos devem servir a seus senhores, mas estes devem ser justos e generosos em relação a eles.
Ao pensarmos em nossos direitos devemos pesá-los com nossos deveres em relação àqueles dos quais cobramos esses direitos.
Estendendo esta relação para o seu nível mais elevado que é o do homem para com Deus, vemos Deus executando com perfeição todos os deveres que atribui a Si mesmo para fazer-nos bem, e então, em contrapartida, devemos servi-lo em tudo por amor e com zelo.
Não é de se esperar do empregado que sirva bem ao patrão que é generoso e justo para com ele?
O direito adquirido não determina em contrapartida e em consequência um dever?
E leve-se em conta que Deus não age em relação a nós como um patrão, senão como um pai amoroso, e portanto deveria receber de nossa parte uma maior aplicação em nosso deveres para com ele, até mesmo porque ele detém um direito legal sobre nós por ser não apenas o nosso Criador, como também o nosso Salvador.
Pr Silvio Dutra