Na Bíblia, a vida eterna é apresentada às vezes, em contraposição a castigo eterno (Mateus 25.46).
Disto se depreende que esta expressão tem a ver com o tipo, com a qualidade de vida de bem-aventurança com Deus, além do seu significado usual, de algo que não pode ser medido pelo tempo; que é duradouro, para sempre.
Há de se destacar, que o castigo eterno é algo para o qual todos estão destinados naturalmente, em razão do pecado, mas a vida eterna é a reversão desta condição, que pode ser obtida somente em e por Jesus Cristo.
Há uma infinidade de razões para isto, mas nos deteremos em apontar apenas algumas que sejam suficientes para melhor entendermos o que seja esta vida eterna, que só pode ser obtida em Jesus.
Em João 17.3, nosso Senhor apresenta uma breve definição do que seja a vida eterna, indicando o único modo de alcançá-la, ou seja, pelo conhecimento pessoal e íntimo de Deus Pai, por meio do Filho:
“E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, como o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, aquele que tu enviaste.”
Nós podemos observar em várias passagens bíblicas, que já entramos na posse da vida eterna quando cremos em Cristo, mas a plenitude desta vida somente poderá ser vista no porvir, quando todas as coisas estiverem restauradas pelo poder do Senhor.
Por ora, ainda há a morte do corpo, que em certo sentido é uma interrupção da vida, mas quando estivermos na plenitude do estado de vida eterna, já não haverá mais qualquer morte, nem mesmo nascimentos, porque estará selado para sempre o destino daqueles que hão de herdar a vida eterna, e o daqueles que herdarão o desprezo e vergonha eterna (Daniel 12.2).
Estando limitados pela noção de espaço e tempo, que são determinados pela matéria e pela velocidade, torna-se muito difícil para nós, entendermos completamente o significado da dimensão desta vida eterna que é espiritual, e que, portanto não está subordinada a tempo e espaço, assim como não está o nosso Deus, do qual se diz que para Ele um dia é como mil anos, e mil anos como um dia.
Não conseguimos manter permanentemente em memória a visão que convém à vida eterna, quando esta for estabelecida, e quando já não houver nem esta Terra, nem todo este universo, uma vez que depois do milênio será estabelecido o juízo do Grande Trono Branco citado em Apocalipse, quando já não mais existirá o ímpio e nem mesmo qualquer descendência humana, porque o número dos eleitos terá sido completado, e Deus porá um fim completo à possibilidade de haver algum pecado entre aqueles que foram por Ele completamente aperfeiçoados em Jesus.
Todos serão como os anjos, em corpos celestiais glorificados imateriais, e teremos por morada eterna a Nova Jerusalém, a cidade que não precisa da luz do sol e não pertence a esta dimensão material e natural.
A glória de Deus será manifestada em plenitude em todas as suas criaturas que herdaram a vida eterna, e já não haverá qualquer mancha, ou ruga, ou coisa semelhante.
Este estado eterno absoluto somente será estabelecido quando o plano de Deus tiver sido cumprido totalmente. E é neste sentido que a Bíblia diz que aguardamos por esta vida eterna, ou eternidade em Cristo Jesus.
Por isso a redenção, a justificação, a regeneração, a santificação, a aliança com Deus por meio de Jesus Cristo; enfim, a nossa salvação deve possuir também este caráter eterno, sendo inextinguível em sua natureza, pois foi para a eternidade que estamos sendo destinados, para fazermos parte do cumprimento do propósito eterno de Deus. Especialmente o autor da epístola aos e Hebreus, se refere a isto em várias passagens.
Daí se infere que a segurança da nossa salvação é também eterna.
Por haver uma coroação nos aguardando e uma vida que terá um peso de glória que não pode ser comparado nem o mínimo com o que vivemos aqui, o apóstolo Paulo se expressou da seguinte maneira:
“Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” (I Coríntios 15.19).
E também:
“Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada.” (Romanos 8.18)
Por tudo o que vimos podemos dizer que vida eterna é muito mais do que viver para sempre, e podemos assim, entender melhor o caráter da promessa que Jesus nos faz por cremos nEle.
Pr Silvio Dutra