Este é um assunto da mais alta importância, e lamentavelmente tão negligenciado, inclusive por aqueles que já alcançaram a vida eterna por meio da fé em Jesus Cristo.
Se todos nós tivéssemos o privilégio que tivera o apóstolo Paulo de ser arrebatado ao terceiro céu, o lugar da habitação de Deus e dos anjos, certamente a nossa visão de vida neste mundo seria mudada radicalmente.
Entretanto, não é necessário ser arrebatado no corpo ou fora do corpo até a morada celestial de Deus, dos anjos e dos santos desencarnados, para que possamos ter um melhor vislumbre da eternidade, porque isto nos é dado por fé, através do Espírito Santo, à medida que progredimos em nossa santificação.
Quanto maior se torna a nossa consciência espiritual da eternidade, mais ficamos desmamados deste mundo, e mais buscamos a qualidade desta vida eterna que será plena no porvir.
Agora, o que dizer daqueles que não se encontram já na posse desse feliz destino eterno, e que ainda se encontram escravizados ao pecado, caminhando para um destino de sofrimento eterno?
Como podem ser ajudados com a qualidade de pregação, que é tão comum nesta época, que aponta para os interesses imediatos neste mundo?
Como serão despertados do sono espiritual mortal em que se encontram, sob a ministração de um evangelho que não lhes alerta sobre o terrível juízo que aguarda por todos os que têm resistido a Cristo? E, quando se lhes oferece e se afirma que se encontram em paz, quando não há paz real entre eles e Deus?
Grande é a responsabilidade de todos os que já entraram na vida eterna, pois Deus lhes comissiona a tratar deste assunto tremendamente importante, que lida com questões de vida ou morte eterna!
Sendo sabedor profundo desta realidade, o apóstolo Paulo bradava: “rogo-vos que vos reconcilieis com Deus!”
Quão terrível é deixar que alguém passe deste mundo para um terror eterno, sem que esteja devidamente avisado, pelos atalaias de Deus, quanto às terríveis consequências do pecado não perdoado e justificado pela fé em Cristo.
Cem anos de existência neste mundo, ainda que sem tribulações, não podem compensar todo o sofrimento que estará presente por toda uma eternidade, que por ser eternidade, jamais terá fim.
O desprezo às coisas que são espirituais, celestiais e divinas, conforme reveladas na Bíblia, certamente é a causa do maior dano inimaginável que se pode ter, porque não há qualquer oportunidade de reparação ou minimização dos sofrimentos que ele causará ao desprezador.
Deus nos tem oferecido uma misericórdia e uma graça que são eternas, porque Jesus pagou completamente o preço exigido para a nossa libertação da condenação eterna, sob a qual nos encontrávamos antes de vir a Ele para sermos libertos.
Nada se pede de nós, senão que tão somente reconheçamos que somos pecadores, dados a nos desviar da vontade de Deus, e que nos arrependamos desta condição, recorrendo à graça que está em Jesus para que comecemos a viver de modo que Lhe seja agradável e aceitável. Tanto que é oferecido por tão pouco, ou quase nada do que nos é requerido.
Toda uma eternidade ao alcance da mão – uma eternidade de bem-aventuranças, de glórias e deleites inefáveis, não deveria ser ignorada durante todo o nosso curto tempo de peregrinação neste mundo de trevas.
Luz perfeita sem sombras e nuvens, coração puro sem qualquer pecado… Tudo ao alcance da mão, podendo ser perdido por ignorância ou descuido.
Mas, não precisamos esperar para entrar nesta vida maravilhosa, porque ela já começa aqui; o reino eterno de Deus está em nós, a vida do céu está em nós, a partir do momento mesmo que nos convertemos a Cristo. A fé nos leva a nos apoderar das coisas que ainda não são vistas e que esperamos. Ela nos permite viver na atmosfera espiritual e celestial ainda aqui neste mundo, e nos aponta a plenitude que teremos disto na glória.
Somos seres criados para a eternidade – lembremos sempre disso.
Pr Silvio Dutra