Somente a glória de Deus é eterna e incomparável.
A glória da criatura é passageira. Ela cessa por perda ou na morte. E se permanece é porque lhe é comunicada na medida designada por Deus para cada uma delas, como no caso dos anjos e dos santos glorificados.
Importa que Deus Pai seja o comunicador e o concessor de toda a glória, para que ninguém se ensoberbeça.
Nós vemos o próprio Senhor Jesus, apesar de ser Deus com o Pai e o Espírito Santo, orando para que o Pai o glorificasse. Se Ele assim orou, quanto mais importa que nós o façamos e esperemos somente pela glória de Deus, e nunca pela glória dos homens.
O que torna um ser digno de glória é a soma de suas virtudes, na proporção em que elas se aproximam das virtudes do caráter do próprio Deus; de Sua santidade, beleza, justiça, verdade, amor, bondade, misericórdia, enfim, em tudo que O torna digno de louvor e adoração.
A ninguém pode ser comparado o Santo de Israel, na excelência de Sua grandeza e majestade, até mesmo porque tudo foi criado por Ele e para Ele. Foi dEle, que até mesmo as estrelas que brilham no céu receberam a luz com que brilham no universo. Foi dEle que os espíritos excelentes receberam sua sabedoria, amor e santidade.
Importa, portanto que toda glória que a criatura receba, volte para Aquele que foi o doador, o iniciador e o causador desta glória recebida. Daí, que tudo o que façamos seja sempre para a glória de Deus, pois é nisto que somos honestos e verdadeiros. Como poderíamos furtar para nós, algo que não nos pertence?
Aqui repousa a perfeição da paz e harmonia no plano da criação, pois tudo vertendo para a glória, honra, e louvor do Criador, ninguém se sentirá diminuído ou engrandecido em relação a seus semelhantes, por saber que tudo que qualquer pessoa possua, afinal, não é propriamente seu, mas fora recebido da mesma e única Fonte da qual toda glória procede.
Por isso, nosso Senhor Jesus Cristo rejeitou peremptoriamente toda iniciativa da parte dos homens em Lhe conferir honrarias, dizendo que não recebia glória da parte dos homens senão somente da parte de Deus Pai. Não o fizera por motivo de desprezar o louvor dos homens, mas porque ninguém pode glorificar a Deus colocando-o no lugar de honra e destaque que Ele merece. Isto é atribuição exclusiva de Deus Pai, conforme já comentamos anteriormente.
Lembram da resposta do Senhor à mãe de João e Tiago, que lhe havia pedido que um deles se assentasse à Sua direita, e o outro à esquerda?
Ele disse que isto já estava decidido pelo Pai, para todos os crentes, de modo que posições no reino de Deus não são conquistadas por nossos méritos ou maquinações para obtê-las, pois Ele tem um novo nome escrito numa pedra branca, para cada um, designando qual é a posição de honra que tem designado para cada um deles. Ele pode fazê-lo porque é Deus presciente e onisciente. E para Ele tudo se encontra num eterno agora, como tendo sido consumadas todas as coisas que Ele chama à existência pelo Seu próprio poder.
Jesus tem um nome que é sobre todo o nome, porque foi o que mais se humilhou para fazer a vontade do Pai. Ninguém pode superá-Lo nisto. E de igual modo, nós, seremos grandes no porvir na medida da proporção do serviço humilde que tivermos prestado para a glória de Deus neste mundo, e não pela importância e louvor que os homens nos atribuam.
Também por motivo de Sua grande sabedoria, Deus tem fixado a glorificação do Seu povo para o porvir. Aqui temos que carregar uma coroa de espinhos. A coroa de glória é para depois do arrebatamento da Igreja. O corpo glorificado, também para a mesma ocasião, quando formos arrebatados. Isto, porque as obras dos santos continuam contando para o seu galardão futuro mesmo depois da sua morte, pois todos aqueles que foram salvos, abençoados ou edificados por elas, ainda que pela intermediação de outros, será levado em conta para eles.
Quão grande então, será o galardão de Paulo e dos demais apóstolos; de Spurgeon, que morto, ainda fala, e de todos que têm sido uma inspiração para o povo de Deus por causa fé que tiveram!
De forma que toda busca de glorificação pessoal neste mundo é um grande erro por parte daqueles que assim procedem. E, deve ser tido em consideração que a glória não é contada pelo nosso interesse de obtê-la, mas pelo nosso amor voluntário e desinteressado ao Senhor e à Sua obra; ainda que estejamos conscientes que a nossa fidelidade estará sendo contabilizada por Ele, de maneira perfeitamente justa para o nosso galardão, pois é da Sua natureza galardoar os que procedem fielmente.
Deveríamos sempre ponderar em que consiste principalmente, a glória de Deus. Sua glória está em ser compassivo, longânimo, misericordioso e perdoador. É principalmente pela exibição do Seu amor que é glorificado tanto pelos homens quanto pelos anjos.
Quando Moisés desejou ardentemente que lhe mostrasse a Sua glória, o próprio Deus passou por ele pronunciando as seguintes palavras:
“Tendo o Senhor passado perante Moisés, proclamou: Jeová, Jeová, Deus misericordioso e compassivo, tardio em irar-se e grande em beneficência e verdade;” (Êxodo 34.6)
Foi o Seu caráter que Deus revelou a Moisés, como sendo a Sua glória. É deste caráter que decorre o brilho da Sua majestade.
A glória dos que servem a Deus decorrerá da medida do mesmo tipo de caráter, e não de poder, grandezas terrenas e tudo o mais que o homem natural considera elevado e precioso.
Pr Silvio Dutra