Tradução e adaptação feitas pelo Pr Silvio Dutra, do terceiro capitulo do livro de William Law, em domínio público, intitulado Uma Chamada Séria a Uma Vida Santa e Devota. William Law, foi professor e mentor por vários anos de John e Charles Wesley, Geogre Whitefield – principais atores do grande avivamento do século XVIII, que se espalhou por todo o mundo – Henry Venn, Thomas Scott e Thomas Adam, entre outros, que foram profundamente afetados por sua vida consagrada a Deus, e sobretudo pelo conteúdo deste livro.
Do grande erro e insensatez, de não tencionarmos ser mais eminentes e exemplares quanto possamos, na prática de todas as virtudes cristãs.
Apesar de a bondade de Deus e as suas ricas misericórdias em Cristo Jesus, serem uma garantia suficiente para nós, que ele será misericordioso para com as nossas inevitáveis fraquezas e enfermidades, quando estas são causadas por ignorância ou por algo inesperado, no entanto, não temos nenhuma razão para esperar a mesma misericórdia para com aqueles pecados nos quais temos vivido, por falta de intenção de evitá-los.
Por exemplo, o caso de um blasfemo, que morre nessa culpa, parece não ter direito à misericórdia divina, porque ele não pode mais alegar qualquer fraqueza ou enfermidade como desculpa, do que o homem que escondeu o seu talento na terra, poderia se desculpar por sua falta de força para mantê-lo fora da terra.
Mas agora, se isto é o raciocínio certo, no caso de um blasfemo, que seu pecado não é para ser contado como uma fraqueza perdoável, porque ele não tem como desculpar tal fraqueza, por que então não levar esta forma de raciocínio para sua verdadeira dimensão? Por que não temos condenado tanto todos os outros erros da vida, para os quais não temos desculpas como no caso da blasfêmia?
Porque, se isto é uma coisa ruim, que pode ser evitada, se tivermos uma sincera intenção em fazê-lo, não devem, então, todos os demais modos de vida serem considerados culpados, se vivermos neles, não por meio de fraqueza e inabilidade, mas porque nunca sinceramente tencionamos evitá-los?
Por exemplo, você talvez não tenha feito nenhum progresso nas mais importantes virtudes cristãs, por ter parado no meio do caminho em humildade e caridade, agora se o seu fracasso nessas tarefas é puramente devido à sua falta de intenção de realizá-las em qualquer grau verdadeiro, você não está tanto sem desculpa quanto o blasfemo?
Por que, então, você não inculca essas coisas em sua consciência?
Por que não pensa nisso como sendo perigoso para você viver em tais defeitos, assim como está em seu poder evitá-los, tanto quanto é perigoso para um blasfemo viver na violação desse dever, que está em seu poder observar? Não é a negligência, e a falta de uma intenção sincera em agradar a Deus, tão condenável em um caso, como no outro?
Você, pode estar, tão longe da perfeição cristã, como o blasfemo em relação a guardar o terceiro mandamento; você não está, portanto, tão condenado pelas doutrinas do Evangelho, quanto o blasfemo pelo terceiro mandamento?
Você talvez dirá que todas as pessoas ficam aquém da perfeição do Evangelho, e, portanto, você está satisfeito com as suas falhas. Mas isso não responde ao propósito. Porque a questão não é se a perfeição do Evangelho pode ser plenamente alcançada, mas se você procura se aproximar dela, com uma intenção sincera, e inteligência cuidadosa para fazê-lo.
Se você está fazendo progresso na vida cristã, tanto quanto os seus melhores esforços possam lhe permitir, então você pode justamente esperar, que as suas imperfeições não serão lançadas em sua conta, mas se os seus defeitos em piedade, humildade e caridade, são devidos à sua negligência, e falta de intenção sincera, para ser mais eminente quanto possa nestas virtudes, então você se acha sem desculpa, como aquele que vive no pecado de blasfêmia, por causa da falta de uma intenção sincera de se afastar dele.
A salvação de nossas almas é apresentada nas Escrituras como uma coisa difícil, que exige toda a diligência, que deve ser trabalhada com temor e tremor.
Nos é dito que a porta é estreita, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem. Que muitos são chamados, mas poucos escolhidos. E que muitos não acharão a salvação por não se esforçarem para entrar pela porta estreita.
Aqui nosso bendito Senhor nos ordena a nos esforçarmos para entrar, porque muitos irão falhar, porque somente procuram entrar mas não se esforçam para entrar. Por que nós somos claramente ensinados que a religião é um estado de trabalho e esforço, e que muitos não se salvarão porque eles não se esforçam e se importam o suficiente, pois somente procuram, mas não se esforçam para entrar.
Cada cristão, portanto, deve também analisar a sua vida por estas doutrinas, como pelos Mandamentos. Porque estas doutrinas são as marcas claras de nossa condição, assim como os mandamentos são as marcas claras do nosso dever.
Porque, se a salvação somente é dada para aqueles que se esforçam para isso, então é razoável considerar, se o meu curso de vida é um curso de luta para obtê-la, como considerar se eu tenho guardado qualquer um dos mandamentos.
Se a minha religião é apenas um cumprimento formal daqueles modos de adoração, que estão na moda onde eu moro, se ela não me custa dores e tribulações, se ela não me coloca sob regras e restrições, se não tenho pensamentos cuidadosos e reflexões sóbrias sobre isto, não é grande fraqueza pensar que eu estou lutando para entrar pela porta estreita?
Se eu estou procurando tudo o que pode agradar os meus sentidos, e os meus apetites; gastar meu tempo e dinheiro em prazeres, em diversões e alegrias mundanas, e ser um estranho para vigílias, jejuns, orações e mortificações do pecado, como pode ser dito que eu estou trabalhando a minha salvação com temor e tremor?
Se não há nada na minha vida e conversação, que me mostre ser diferente dos pagãos, se eu uso o mundo, e os prazeres mundanos, como a maioria das pessoas fazem agora, e têm feito em todas as épocas, por que eu deveria pensar que eu estou entre aqueles poucos, que estão andando no caminho estreito para o céu?
E, ainda, se o caminho é estreito, se ninguém pode andar por ele, mas aqueles que se esforçam, não é assim necessário para mim considerar, se o caminho em que eu estou é estreito o suficiente?
A soma desta questão é a seguinte: A partir do mencionado acima, e muitas outras passagens das Escrituras, parece claro, que a nossa salvação depende da sinceridade e da perfeição de nossos esforços para ser obtida e mantida. (A salvação é de fato obtida somente pela graça, mediante a fé, e não por nossas boas obras, mas é por um efetivo exercício na piedade que mantemos o nosso estado equivalente ao de todos aqueles que estão vivendo na condição que corresponde às características dos que estão desfrutando as virtudes do reino dos céus – nota do tradutor.)
Homens fracos e imperfeitos podem, apesar de suas fraquezas e defeitos, serem considerados, como tendo agradado a Deus, se eles têm feito o máximo para agradá-lo. (É reputado como tendo um coração puro neste mundo todos aqueles que se esforçam sinceramente em viver do modo que é ordenado por Deus nas Escrituras, porque estes, quando falham são cobertos por suas misericórdias e perdão – se confessarmos e deixarmos nos nossos pecados então o Senhor nos acolherá em comunhão com ele, mas se não andamos na luz não podemos ter tal comunhão com Deus e com os demais crentes que andam na luz – nota do tradutor).
As recompensas de caridade, piedade e humildade, serão dadas àqueles, cujas vidas têm tido um trabalho cuidadoso de exercer as virtudes num tão alto grau quanto possam.
Não podemos oferecer a Deus o serviço dos Anjos, não podemos lhe obedecer como o homem em um estado de perfeição poderia fazê-lo, mas os homens caídos podem fazer o seu melhor, e esta é a perfeição que se exige de nós; é apenas a perfeição dos nossos melhores esforços, um trabalho cuidadoso para ser o mais perfeito possível.
Mas se pararmos aquém disto, por qualquer coisa que nós conhecemos, nós nos excluímos da misericórdia de Deus, e nada temos para pleitear nos termos do evangelho. Porque Deus não fez nenhuma promessa de misericórdia para o preguiçoso e negligente. Sua misericórdia é apenas oferecida para as nossas fraquezas e imperfeições, caso nos esforçamos para praticar todos os tipos de justiça.
A medida do nosso amor a Deus, na justiça parece ser a medida de nosso amor por todas as virtudes. Devemos amá-las e praticá-las com todo o nosso coração, com toda a alma, com toda a nossa mente, e com toda a nossa força. E quando deixamos de viver com essa observância à virtude, vivemos abaixo da nossa nova natureza, e em vez de sermos capazes de pleitear o perdão de nossas fraquezas, ficamos sujeitos à cobrança da nossa negligência.
É por esta razão que somos exortados a trabalhar a nossa salvação com temor e tremor; porque a menos que o nosso coração e paixões estejam ansiosamente inclinados para a obra da nossa salvação, a não ser que em nossos temores sejamos animados por nossos esforços, e guardemos nossas consciências estritas e ternas sobre cada parte de nosso dever, constantemente examinando o modo como vivemos, há toda uma probabilidade de cairmos num estado de negligência, e nos acomodarmos em tal curso de vida, o qual nunca nos conduzirá às recompensas do céu.
E aquele que considera, que um Deus justo só pode fazer tais exigências como sendo adequadas à sua justiça, que todas as nossas obras devem ser examinadas por um fogo santo, achará o temor e o tremor que são apropriados para aqueles que estão perto de um tão grande julgamento.
E, de fato, não há probabilidade de que alguém possa fazer todo o dever que se espera dele, ou faça progresso na piedade, na santidade e justiça que Deus requer dele, senão aquele que está constantemente com temor de ficar aquém disso.
Agora, não se pretende com isso, manter as mentes das pessoas com uma ansiedade escrupulosa, e descontentamento no serviço de Deus, mas para enchê-los apenas com um temor de viverem em preguiça e ócio, e na negligência de tais virtudes, pois eles irão faltar no dia do Juízo.
Isto é para estimulá-los a um exame sincero de suas vidas, para tal zelo, cuidado, e preocupação com a perfeição cristã, como eles usam em qualquer assunto que ganhou seu coração e afeições. (Nosso Senhor ordenou que devemos ser perfeitos assim como o Pai é perfeito – nota do tradutor)
Isto é apenas por desejar que eles sejam tão apreensivos quanto ao seu estado, sendo humildes na opinião de si mesmos, de modo sincero, tencionando atingir maiores graus de piedade, e assim virem a temer ficarem aquém da bem-aventurança, como o grande apóstolo Paulo, quando assim escreveu aos filipenses:
“Fil 3.12 Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus.
Flp 3:13 Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão,
Flp 3:14 prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.
Flp 3:15 Todos, pois, que somos perfeitos, tenhamos este sentimento; e, se, porventura, pensais doutro modo, também isto Deus vos esclarecerá.”
Mas agora, se o apóstolo considerou isto necessário para aqueles que estavam em seu estado de perfeição, a serem assim, de mente, isto é, aspirando por maiores graus de santidade, aos quais eles não haviam ainda chegado, com certeza é muito mais necessário para nós, que nascemos nos fins do tempo, e que trabalhamos sob grandes imperfeições, que nos esforcemos para atingir esses graus de uma vida santa e divina, que ainda não tenhamos alcançado.
A melhor maneira para que alguém saiba, o quanto ele deve aspirar pela santidade, é considerar, não o quanto ela vai tornar a sua vida presente fácil, mas indagar a si mesmo, o quanto ela vai tornar fácil, a hora da morte.
Agora, qualquer homem que ousar ser tão sério, a ponto de colocar esta questão para si mesmo, será forçado a responder, que no momento da morte, todo mundo desejará que tivesse sido tão perfeito quanto pudesse ser.
Não é isto, portanto, suficiente, para nos fazer não somente desejosos, mas também trabalhar para a perfeição, de cuja falta lamentaremos? Não é excessivamente insensato, se contentar com tal curso de piedade, do qual já sabemos que não podemos nos contentar com ele, no momento em que necessitaremos dele, nada mais tendo para nos consolar? Como podemos trazer uma condenação mais severa contra nós mesmos, do que crer, que na hora da morte, nós teremos para nos assistir as virtudes dos Santos, e daqueles que foram servos de Deus, antes de nós, e ainda assim não nos empenharmos para chegarmos ao auge da piedade deles, enquanto estamos vivos?
Embora seja um absurdo que podemos facilmente passar isto por alto no presente, enquanto a saúde de nossos corpos, as paixões de nossas mentes, o barulho, a pressa, e prazeres, e os negócios do mundo, nos levam a ter olhos que não veem, e ouvidos que não ouvem, no momento mesmo da morte, isto será fixado diante de nós numa magnitude terrível, e irá nos assombrar como um fantasma santo, e nossa consciência nunca permitirá que desviemos os nossos olhos dele.
Quando consideramos a morte como uma desgraça, somente pensamos na mesma como uma separação miserável dos prazeres desta vida. Nós raramente choramos por um homem velho que morre rico, mas lamentamos a perda dos jovens, que são levados quando progrediam em fazer fortuna.
Esta é a sabedoria de nossos principais pensamentos. E que loucura das crianças mais tolas é tão grande como esta?
Porque o que há de miserável ou terrível na morte, senão a consequência da mesma? Quando um homem está morto, o que pode qualquer coisa significar para ele, senão o estado no qual ele se encontra então?
Se eu estou indo agora para a alegria de Deus, poderia haver qualquer razão para lamentar, que isso aconteceu comigo antes que eu tivesse atingido quarenta anos de idade? Poderia ser uma coisa triste ir para o céu, antes que eu tivesse mais algumas pechinchas?
E se eu fosse contado entre os espíritos perdidos, poderia haver alguma razão para estar contente, que isso não aconteceu comigo até que estivesse velho e cheio de riquezas?
Se os bons anjos estavam prontos para receberem a minha alma, poderia ser qualquer tristeza para mim, que eu estava morrendo em cima de uma cama de pobre num sótão?
E se Deus me entregou para os maus espíritos, para ser arrastado por eles para locais de tormentos, poderia haver qualquer conforto para mim, que eles me encontraram em cima de uma cama de ouro?
Quando você está tão perto da morte como eu estou, você sabe, que todos os diferentes estados da vida, seja da juventude ou da idade avançada, da riqueza ou da pobreza, da grandeza ou pequenez, nada mais significam para você, do que se você morresse em um apartamento pobre, ou imponente.
A grandeza das coisas que seguem a morte, faz tudo o que veio antes se afundar em nada.
Agora este julgamento é a próxima coisa que eu procuro, e sempre que a felicidade última, ou miséria é chegada tão perto de mim, todas as alegrias e prosperidades da vida parecem tão vazias e insignificantes, e nada mais têm a ver com a minha felicidade, do que as roupas que eu usava antes que eu pudesse falar.
Mas, meus amigos, como estou surpreso, que eu nem sempre tenho tido esses pensamentos? Porque o que há nos terrores da morte, nas vaidades da vida, ou nas necessidades da piedade, senão o que eu posso ter fácil e totalmente visto em qualquer parte da minha vida?
Que coisa estranha é, que um pouco de saúde, ou os pobres negócios de uma loja, deveriam nos manter tão insensíveis destas grandes coisas, que estão vindo rapidamente sobre nós!
Ó meus amigos! bendigam a Deus por vocês não serem desse número, que vocês tenham tempo e força para se empenharem em tais obras de piedade, que possam lhes trazer paz no final.
E guarde isso com você, que não há nada além de uma vida de grande piedade, ou uma morte de grande estupidez, que possa mantê-lo fora destas apreensões.
Nos negócios desta vida terrena eu usei de prudência e reflexão. Eu tenho feito tudo por regras e métodos. Eu tenho tido prazer em conversar com os homens de experiência e julgamento, para encontrar as razões pelas quais alguns fracassam, e outros têm sucesso em qualquer negócio. Eu não dei nenhum passo no comércio, senão com muito cuidado e prudência, considerando todas as vantagens ou os perigos envolvidos.
Eu sempre tive meu olho sobre o fim principal do negócio, e estudava todas as formas e meios para ser um ganhador em tudo que empreendi.
Mas qual é a razão de não ter trazido nenhuma destas disposições para a religião? Qual é a razão que eu, que tenho até muitas vezes falado da necessidade de regras e métodos, e diligência nos negócios do mundo, nunca tenha pensado em todo esse tempo em quaisquer regras ou métodos, ou gerências, para me conduzirem numa vida de Piedade?
Você acha que qualquer coisa pode surpreender e confundir um homem como este na hora da morte?
Que dor que você acha que um homem deve sentir, quando sua consciência coloca toda essa insensatez em sua conta, quando deveria ter se mostrado regular, exato, e sábio, como tem sido em pequenas coisas, que já passaram como um sonho, e quão estúpida e insensivelmente ele tem vivido, sem reflexão, sem quaisquer regras, em coisas relativas à eternidade, como nenhum coração pode suficientemente concebê-las?
Se eu tivesse apenas minhas fragilidades e imperfeições para lamentar neste momento da morte, eu deveria estar aqui humildemente confiando na misericórdia de Deus. Mas, infelizmente! Como posso chamar um desrespeito geral, e uma completa negligência de toda melhoria religiosa, de fragilidade ou imperfeição; quando estivera ao máximo ao meu alcance ter sido exato, prudente, e diligente num curso de piedade, como fui no negócio do meu comércio.
Eu poderia ter procurado ajuda, ter praticado o maior número de regras, e ser ensinado em tantos métodos corretos para uma vida santa, como fiz para prosperar em meu negócio do mundo, mas eu não pretendi e desejei isso.
Oh meus amigos! uma vida descuidada, despreocupada e desatenta aos deveres da religião, é tão sem qualquer desculpa, tão indigna da misericórdia de Deus, como uma vergonha para o sentido e a razão de nossas mentes, que mal posso conceber uma punição maior, do que um homem ser lançado no estado em que eu estou, para refletir sobre ele.
Um penitente estava partindo aqui, mas tinha a boca paralisada por uma convulsão, que não permitiu que nada mais falasse. Ele convulsionou por cerca de doze horas, e, em seguida, entregou o espírito.
Agora, se cada leitor, imaginasse este penitente tendo algum conhecimento específico em relação à sua condição, e imaginasse que ele viu e ouviu tudo o que está aqui descrito, que estivera junto da sua cabeceira, quando seu pobre amigo estava em tal aflição e agonia, lamentando a insensatez de sua vida passada, iria, com toda a probabilidade, ensinar-lhe tal sabedoria como nunca estivera antes em seu coração.
Se para isso, ele considerasse quantas vezes ele próprio pode ter sido surpreendido no mesmo estado de negligência, e feito um exemplo para o resto do mundo, esta reflexão dupla, tanto sobre o sofrimento de seu amigo, e da bondade de Deus que, lhes tinha preservado disto, teria, muito provavelmente amolecido seu coração em santas disposições, e teria transformado o restante de sua vida em um curso regular de piedade.
Isto, portanto, sendo tão útil para a meditação, vou deixar o leitor aqui, como espero, seriamente engajado na mesma.