(extraído do comentário de I Pe 3)
Os crentes não devem ser vingativos nem injuriosos, mas devem bendizer aqueles que praticam o mal contra eles, porque a vocação deles para se esforçarem em prol da salvação dos pecadores, demandará deles tal atitude, e é agindo deste modo que são abençoados por Deus (I Pe 3.9).
O apóstolo confirma as palavras do Salmo 34.12-16 como sendo a fórmula da vida abençoada por Deus.
Ali se destaca a necessidade de se refrear a língua da maledicência e do engano; o ato de se separar do mal e praticar o bem, e buscar a paz e permanecer nela (I Pe 3.10,11).
E o motivo de tal necessidade é apresentado como sendo o fato de que os olhos de Deus estão voltados para os justos, e os Seus ouvidos abertos para atender às suas orações, mas o rosto do Senhor é contra aqueles que praticam o mal (I Pe 3.12).
E para reforçar o argumento para a prática das coisas que havia ordenado, o apóstolo afirmou que não é comum que alguém se disponha a fazer o mal a quem é zeloso do bem. Revelando com isto que é sendo zeloso do bem que se evita muitos males (I Pe 3.13).
Porém, sabendo que há um sofrimento injusto que os crentes padecem da parte de outros, o qual é permitido por Deus para a provação da fé deles, Pedro diz que os crentes continuam sendo bem-aventurados aos olhos de Deus quando padecem tais sofrimentos por amor da justiça, e não devem temer as ameaças dos seus inimigos, e nem ficarem com suas mentes e corações turbados por causa deles, mas, permanecerem em santificação com Cristo em seus corações, sujeitando-se ao Seu Senhorio, de maneira que continuem dando um bom testemunho do evangelho, com mansidão em seus corações (I Pe 3.14,15).
Os que sofrem devem ter no entanto uma boa consciência, isto é, eles devem se assegurar que não estão sofrendo por nenhum mau procedimento deles, de maneira que não tenham qualquer sustentação as palavras injuriosas daqueles que falam contra o seu bom procedimento em Cristo (I Pe 3.16).
Afinal, sofrem pelo seu amor à verdade, não propriamente à verdade de fatos históricos, mas à verdade relativa à revelação da vontade de Deus para os homens, feita por e em Nosso Senhor Jesus Cristo.
Não são os seus próprios pontos de vista que estão defendendo, mas a verdade revelada por Deus, nas Escrituras, que são discernidas em santidade, no Espírito Santo.
E isto lhes trará oposições e perseguições, como as que eles estavam padecendo sob o imperador romano Nero.
O apóstolo revela que está na esfera da vontade soberana de Deus que passemos por determinadas aflições, apesar de estarmos fazendo o bem, e procurando somente o bem do nosso próximo, especialmente por lhes anunciar o evangelho verdadeiro que é poderoso para salvar as suas almas.
Cristo havia passado pelo mesmo tipo de sofrimentos para servir de modelo para nós naquilo que sofremos por causa do nosso amor à justiça do evangelho (I Pe 3.17).
E não havia nEle nenhum pecado ou injustiça como há em nós. Mas assim como Ele sofreu até a morte de cruz, para que pudesse quitar a dívida dos nossos pecados, nós devemos nos armar do mesmo sentimento estando dispostos a sofrer em favor da salvação dos eleitos de Deus (I Pe 3.18).
Cristo morreu na carne, mas não no espírito, e antes de que estivesse num corpo glorificado depois da Sua ressurreição, Ele foi em espírito aos espíritos em prisão.
Não é dito no texto bíblico qual foi o propósito da Sua ida até eles, mas podemos, com base no todo da revelação, inferir que foi provavelmente para pregar que a condenação daqueles espíritos rebeldes que haviam morrido nas águas do dilúvio, apesar da longanimidade de Deus ter esperado para lhes trazer a destruição, e nem assim eles se converteram com a pregação de Noé.
O Senhor tendo ido a eles depois da Sua morte na cruz deve lhes ter revelado que foi a salvação que haveria nEle que eles rejeitaram por terem fechado seus ouvidos e corações à pregação de Noé.
Certamente não foi a possibilidade de salvação de algum deles que Jesus foi lhes pregar porque estavam presos em cadeias há séculos, e seria impossível que Deus tivesse feito um juízo incorreto em relação a eles.
Pedro citou isto em sua epístola para servir de alerta aos seus leitores; e para que a pregação do evangelho com base nesta passagem da sua epístola, deixasse de modo bastante claro que não se deve abusar da longanimidade de Deus, pela qual adia, mas não suspende o Seu juízo, tal como haviam feito aqueles que morreram no dilúvio, e que não deram o devido crédito à pregação de Noé.
A arca livrou Noé do dilúvio. A arca era uma figura de Cristo, no qual somos salvos pela nossa associação com Ele no nosso batismo tanto na Sua morte, quanto na Sua ressurreição.
Os que dão crédito à pregação do evangelho serão salvos assim como Noé foi salvo, por ter dado crédito à Palavra de Deus (I Pe 3.19-22), que aponta Cristo como o Único que pode nos justificar do pecado, quando morremos juntamente com Ele para vivermos em novidade de vida, no Espírito.
Há esperança se salvação enquanto vivemos neste mundo, porque se diz que: “E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo,” (Hb 9.27).
“Evita discussões insensatas, genealogias, contendas e debates sobre a lei; porque não têm utilidade e são fúteis.
Evita o homem faccioso, depois de admoestá-lo primeira e segunda vez,
pois sabes que tal pessoa está pervertida, e vive pecando, e por si mesma está condenada.” (Tito 3.9-11)
Pr Silvio Dutra