Lição 3 – Éfeso, a igreja do amor esquecido
15 de Abril de 2012
TEXTO ÁUREO
“Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres” (Ap 2.5). – A ti virei é um tempo presente, referindo-se não à segunda vinda, mas a uma vinda espiritual em bênção ou em julgamento. Tirarei do seu lugar o castiçal: uma congregação pode continuar a existir sem ser a luz na escuridão. Cristo rejeitará toda congregação ou igreja que não se arrepender de sua falta de amor e obediência ao Senhor Jesus, e a removerá do seu reino.
VERDADE PRÁTICA
Se não voltarmos urgentemente ao primeiro amor, jamais viveremos o refrigério de um grande e poderoso avivamento.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Apocalipse 2.1-7.
(I.Introdução)
Éfeso (Gr. Ἔφεσος; Lat. Ephesus), significa “desejável’’. Cidade greco-romana da Antiguidade situada na costa ocidental da Ásia Menor, província de Esmirna, atual Turquia. Foi por muitos anos a segunda maior cidade do Império Romano, com uma população estimada em cerca de 250 000 habitantes já no século I a.C., o que também fazia dela a segunda maior cidade do mundo na época. A cidade era célebre pelo Templo de Ártemis, a deusa do meio ambiente conhecida como Diana pelos romanos, a deusa da fertilidade, erguido em 550 a.C., uma das Sete Maravilhas do Mundo. Éfeso, juntamente com Mileto, também na Ásia Menor, foi berço da filosofia. Arqueólogos encontraram em suas ruínas um templo dedicado à adoração ao imperador. Ali havia uma estátua de Domiciano, o imperador que exilou o apóstolo João na ilha de Patmos e perseguiu os cristãos. Foi encontrado também uma inscrição em pedra (talvez erigida por ordem do imperador), que premiava Éfeso como a “mais ilustre de todas as cidades” da Ásia. É a igreja que começou bem, mas havia perdido o que lhe deu o conceito de desejável – o amor. Uma igreja sem amor é uma igreja em decadência total (1Co 13). A igreja de Éfeso foi muito bem estabelecida na doutrina apostólica. Em toda a Ásia Menor, não havia igreja mais obreira, dinâmica e ortodoxa do que a de Éfeso. O seu preparo teológico era tão sólido, que o seu pastor capacitara-se, inclusive, a confrontar os que se diziam apóstolos (Ap 2.2). Éfeso era a igreja apologética (Parte da Teologia que ensina a defender a religião contra os seus detratores) por excelência. Ela destacava-se também por seu testemunho, esforço e extenuante labor pela expansão do Reino de Deus. Paulo ensinou a Palavra de Deus ali, durante três anos (At 20.31). Todos os ensinos básicos lhe foram ministrados. “porque jamais deixei de vos anunciar todo o desígnio de Deus” (At 20.27). Pelo teor e conteúdo da Epístola de Paulo aos Efésios, observa-se que aquela igreja era espiritual. Mais saibamos que o juízo de Deus irá começar pela própria Casa de Deus (1Pe 4.17). Por isso Éfeso foi uma das igrejas que foram advertida pelo Senhor. Ela foi a igreja que João pastoreava quando foi desterrado para a solitária Ilha de Patmos, segundo a tradição Cristã dos primeiros séculos e de onde, talvez, tenha sido escrito o Evangelho de João.
(II.Desenvolvimento)
I. ÉFESO, UMA IGREJA SINGULAR
1. Paulo em Éfeso. O Evangelho chegou a Éfeso, a mais notável metrópole da Ásia Menor, durante a segunda viagem missionária de Paulo (At 18.19). Paulo já havia estado em Éfeso antes (At 18.21), quando ministrou lá pela primeira vez no inverno de 55 d.C. Nessa terceira visita às igrejas da Galácia, permaneceu ministrando em Éfeso por mais de dois anos (At 19.8-10), criando laços profundos com aquela igreja, fato esse percebido na mensagem de despedida a eles, uma das passagens mais emocionantes da Bíblia (At 20.17-38). Durante essa viajem, Paulo escreve 1Corintios em Éfeso, 2 Coríntios na Macedônia e Romanos em Corinto.
2. A solidez doutrinária de Éfeso. Paulo afirma que esteve durante três anos (At 20.31) admoestando a cada crente daquela igreja, ensinando que o objetivo magnífico está na publicação do compromisso de Jesus de construir uma igreja gloriosa, madura e de um ministério sem ‘mácula, nem ruga’ (Ef 5.27). Aqueles crentes receberam a revelação do ‘mistério’ da Igreja como nenhuma outra comunidade da época. Durante esse tempo, Paulo lhe expôs todo o conselho de Deus (At 20.27). Pode haver um curso bíblico mais completo? E a epístola que o apóstolo lhes enviou? (Ef 1.1-5). Aqueles cristãos doutoraram-se na Palavra de Deus.
3. Uma igreja de ministros excelentes. Além de Paulo, a igreja em Éfeso foi pastoreada, também, por Timóteo e Tíquico (um dos Setenta Discípulos, companheiro de Paulo em sua terceira viagem missionária).A função do Pastor é de instruir o povo na Palavra de Deus (I Tm 3; II Tm 2.15; Tt 1.6-9). Essa igreja, teve o privilegio de possuir obreiros do calibre de Paulo e Apolo, contou com cristãos ilustres como Priscila e Áquila (At 18.27). Seus primeiros anos foram caracterizados por milagres e um grande crescimento (At 19.11-20); ainda contou com Timóteo, Tíquico e João, o discípulo amado. Os obreiros que por lá passaram eram de comprovada excelência. Que exemplo de excelência doutrinaria! O pastor não deve falar ou ensinar suas próprias filosofias, mas sim ser fiel ao ensinamento da Palavra de Deus. Inferimos dessa liderança eclesiástica de Éfeso, o que esse mensageiro (pastor ou líder local) tem uma responsabilidade muito séria diante de Deus. Isso serve de alerta aos que lideram, mas não se esmeram em aprender a Palavra. Que Deus possa suprir a Igreja Brasileira com homens fiéis à Palavra como aqueles que lideraram Éfeso no principio.
II. O PROBLEMA DE ÉFESO
1. Um grave problema. A queixa do Senhor contra essa igreja foi o abandono do primeiro amor. A vitalidade espiritual que surge do amor pelo Senhor que eles possuíam, degenerou para uma rotina ortodoxa. Eram poderosos nas Escrituras, mas atrofiados na prática do amor. Cristo exige de cada igreja devoção total e rejeita aqueles membros indiferentes e desanimados. A vida cristã exige comprometimento tanto emocional quanto intelectual com Cristo, o evitar a indiferença, e a exortação a manter o zelo pelo Senhor. É o que o próprio Jesus ensina-nos com o homem que edificou a sua casa na rocha (Mt 7.24), que devemos não apenas ouvir, mas também praticar a sua palavra. Este é o grande desafio da práxis cristã: ouvir, aprender e agir segundo as Escrituras. “Ortodoxia sem ortopraxia” é incompatível com o ensinamento das Escrituras.
2. O primeiro amor. “Não sejais vagarosos no cuidado; sede fervorosos no espírito, servindo ao Senhor” (Rm 12.11). Temos ouvido frases do tipo: “Esse irmão está no fogo do primeiro amor!” ou “Isso é coisa de quem está no primeiro amor”, e na maioria das vezes, não entendemos o que é esse primeiro amor. Pelo exemplo de Éfeso vemos que quem perdeu o primeiro amor, sua vida cristã está fora dos parâmetros de Deus; “O fogo, pois, sobre o altar arderá nele; não se apagará” (Lv 6.12). O crente deve ser constante em seu zelo pelo Senhor e seu reino. A devoção indiferente ‘é desprezível (Ap 3.16). Aquele fogo do primeiro amor, do primeiro encontro com Deus tem que durar a vida inteira. O Pr Emílio Conde escreve em seu livro Igrejas sem Brilho: “A igreja deve ser um caudal de vibração e entusiasmo espiritual manifesto nas suas atividades evangelizadoras. Na igreja não deve faltar o fato altamente poderoso que impulsiona para o êxito todos os empreendimentos).
3. Amnésia do amor. Sendo o primeiro amor tão sublime e inefável, pode alguém vir a esquecê-lo? Lembremos que a cidade de Éfeso era como que ‘o centro mundial’ do paganismo. Ali havia uma das sete maravilhas do velho mundo — o templo da deusa Ártemis/Diana, local de intensa idolatria, onde floresciam a prostituição, as bebedeiras e as orgias. No templo, criminosos achavam asilo. Era um céu para o perverso. Com suas prostitutas, eunucos, dançarinas e cantores, era o esgoto da iniquidade. Não é fácil desempenhar uma missão nas portas do inferno. Para esta igreja, localizada em meio à tamanha idolatria e imoralidade, foi normal seu envolvimento com a ortodoxia, o zelo pelo conjunto de doutrinas provindas das Escrituras, e tidas como verdadeiras de conformidade com a ministração de lideranças comprometidas com a verdade. Também é fato que o exercício prático não pode ser esquecido, embora o ambiente fosse desfavorável, não poderiam permanecer atrofiados na prática do amor (intenso afeto por outra pessoa; devoção e dedicação). A vida cristã exige comprometimento para que o amor não se transforme em ódio, repulsa, por causa de praticas contrarias ao evangelho, mas o fervor espiritual deve continuar ardendo ate que todos sejam alcançados com a pregação da mensagem do Evangelho.
III. VOLTANDO AO PRIMEIRO AMOR
“E sede cumpridores da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos.”(Tg 1.22). A grande luta do Crente deve ser para manter-se firme no Senhor, mantendo sempre acesa a chama do primeiro amor por Cristo e sua igreja até o último instante de sua vida aqui na terra. O amor sem o qual os vários dons do Espírito Santo não atingem sua finalidade. O amor, a essência da natureza divina. O amor, a perfeição do caráter humano. O amor, a maior força do universo.
1. Rica em obras, pobre em amor. Aqueles irmãos tiveram um início glorioso em sua experiência com Deus. A epístola de Paulo aos Efésios dá a entender que aquela igreja não era problemática, como a de Corinto, por exemplo. No princípio, os efésios se destacavam pela elevada espiritualidade. Contudo, o tempo passou e algo mudou. Aparentemente, tudo estava como antes: as obras continuavam a todo vapor. Aquela comunidade era muito ativa e trabalhadora. Entretanto, a essência estava comprometida. Havia muito trabalho e pouco amor; muita atividade humana e pouca unção do Espírito. As boas obras são importantes, mas precisamos lembrar que elas não salvam (Ef 2.8-9).
2. Amar é a mais elevada das obras. Não há obra tão elevada como amar a Deus: “Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu poder.” (Dt 6.5). O Que é o Primeiro Amor? (1Co 13.1-8). Amor profundo por Jesus, a Bíblia e a igreja; Desejo profundo de andar em intimidade com Deus; Desejo ardente de cultuar ao senhor; Amor e comunhão sincera com os irmãos; e Dedicação sincera a Cristo e à sua obra, prazer em servir, consagração total.
IV. LEMBRANDO SE DO PRIMEIRO AMOR
Se o amor foi abandonado, perdeu-se aquela que deveria ser a principal motivação para as boas obras. O que resta é um trabalho frio, mecânico, automático e sem vida. Parece que os efésios se tornaram negligentes em relação aos princípios fundamentais do cristianismo. Estavam caminhando, mas algo se perdeu no meio do caminho: o primeiro amor, o fervor espiritual, a intimidade com Deus. Pecados foram cometidos e esquecidos sem serem perdoados. Por isso, o Senhor diz: “Lembra-te de onde caíste e arrepende-te”. Como voltar ao primeiro amor? A resposta vem do próprio Cristo: “Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres” (Ap 2.5).
1. Lembrar-se de onde caiu. A Bíblia exorta-nos a lembrar-nos de Deus, porque Ele jamais se esquece de nós (Ec 12.1; Is 44.21; 49.15). O cristão, infelizmente, corre o risco de esquecer-se daquEle que se esquece somente de nossos pecados (Hb 8.12). Nas cartas às sete igrejas da Ásia, fica claro que Jesus examina a sua igreja, mas cada um de nós precisa examinar a si mesmo, sob a luz da Palavra de Deus, para verificarmos a nossa real condição espiritual: “Lembra-te de onde caíste”. A igreja não se arrepende se cada membro não se arrepender, pois o resultado coletivo é fruto das iniciativas individuais.
2. Voltar à prática das primeiras obras. “Jesus tem o remédio para a perda do primeiro amor (v.5).a) “Lembra-te de onde caíste” — o filho pródigo também refletiu sobre sua vida e se lembrou da casa do pai (Lc 15.17); b) “arrepende-te” — arrependimento verdadeiro envolve intelecto, sentimento e vontade; o arrependimento de Judas foi apenas emocional (Mt 27.3-5); c) “pratica as primeiras obras” — muitos pensam em estratégias de crescimento inovadoras, mas o avivamento começa com a reconquista do que foi perdido (Lm 5.21; 2 Cr 29.25-30; Jr 6.16; Pv 24.21); d) “quando não, brevemente a ti virei e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres” — se permanecermos na condição de desobedientes a Deus, isso resultará na perda da nossa posição em Cristo”.
3. Amar a vinda de Cristo. Cremos que a Segunda vinda de Cristo é a bendita esperança da Igreja, o grande ponto culminante do evangelho. A vinda do Salvador será literal, pessoal, visível e universal. Quando Ele voltar, os justos falecidos serãoressuscitados e, juntamente com os justos que estiverem vivos, serão glorificados e levados para o Céu. Devemos amar a Sua vinda, esperando com fé e mantendo-nos vigilantes, pois o dia e a hora não se sabe, nem os anjos, e nem o próprio Senhor Jesus, mas somente o Pai (Mt 24:36). Na carta aos Efésios 2.19, Paulo diz aos irmãos que agora não somos mais estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos e da família de Deus; nossa identidade é celestial, não temos identidade com este mundo. São muitos os que já não crêem ou não esperam ou não desejam a segunda vinda, acham que Jesus já fez tudo o que tinha que fazer, ensinando o evangelho de salvação, mostrando o caminho ao Pai, porém nós, como o seu corpo místico, almejamos por sua vinda: “Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda” (2 Tm 4.8). Maranata!
(III. Conclusão)
A essência da vida cristã está exatamente na experiência do primeiro amor. Quando este primeiro amor começa a se transformar em rotina diária, é um sinal de alerta de que a verdadeira experiência cristã está se esfriando. O segredo é fazer o efeito do primeiro amor permanecer em nossas vidas. O primeiro amoré o selo identificador de um relacionamento. Ele é o fruto de uma tomada de decisão, de uma entrega pessoal, de um envolvimento existencial. Promessa aos vencedores: “Ao que vencer dar-lhe-ei a comer da árvore da vida que está no meio do paraíso de Deus” (v.7). A nossa glorificação e o nosso galardão estão condicionados à perseverança em servir ao Senhor (Mt 24.13; 1 Co 15.1,2; Hb 3.14; Ap 2.10; 3.11; Rm 8.18). “Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade.” (1Jo 3.18)