As palavras que leremos a seguir, sacadas da Bíblia, foram dirigidas a crentes.
Heb 10:36-38 Com efeito, tendes necessidade de perseverança, para que, havendo feito a vontade de Deus, alcanceis a promessa. Porque, ainda dentro de pouco tempo, aquele que vem virá e não tardará; todavia, o meu justo viverá pela fé; e: Se retroceder, nele não se compraz a minha alma.
1Pe 1:14-16 Como filhos da obediência, não vos amoldeis às paixões que tínheis anteriormente na vossa ignorância; pelo contrário, segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento, porque escrito está: Sede santos, porque eu sou santo.
1Pe 3:8-12 Finalmente, sede todos de igual ânimo, compadecidos, fraternalmente amigos, misericordiosos, humildes, não pagando mal por mal ou injúria por injúria; antes, pelo contrário, bendizendo, pois para isto mesmo fostes chamados, a fim de receberdes bênção por herança. Pois quem quer amar a vida e ver dias felizes refreie a língua do mal e evite que os seus lábios falem dolosamente; aparte-se do mal, pratique o que é bom, busque a paz e empenhe-se por alcançá-la. Porque os olhos do Senhor repousam sobre os justos, e os seus ouvidos estão abertos às suas súplicas, mas o rosto do Senhor está contra aqueles que praticam males.
Rom 6:11-13 Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus. Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões; nem ofereçais cada um os membros do seu corpo ao pecado, como instrumentos de iniquidade; mas oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros, a Deus, como instrumentos de justiça.
Rom 6:16-19 Não sabeis que daquele a quem vos ofereceis como servos para obediência, desse mesmo a quem obedeceis sois servos, seja do pecado para a morte ou da obediência para a justiça? Mas graças a Deus porque, outrora, escravos do pecado, contudo, viestes a obedecer de coração à forma de doutrina a que fostes entregues; e, uma vez libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça. Falo como homem, por causa da fraqueza da vossa carne. Assim como oferecestes os vossos membros para a escravidão da impureza e da maldade para a maldade, assim oferecei, agora, os vossos membros para servirem à justiça para a santificação.
A justiça de Cristo é oferecida por Deus ao que crê, para que ele seja justificado pela fé, e não somente isto, como também para que possa viver dali por diante, de modo justo.
Os textos bíblicos que acabamos de ler afirmam esta verdade. E bem-aventurados são aqueles que a praticam. Deus não nos chamou para a imundícia, mas para a santificação. Não nos chamou para servir ao pecado, mas à justiça. E a justiça demanda que seja dado a cada um o que lhe é devido: seja reparação de danos, males e ofensas sofridas, seja recompensa ou juízo.
Daí nosso Senhor ter afirmado o que lemos no texto de Mt 5.23-26:
Mat 5:23-24 Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta. Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás com ele a caminho, para que o adversário não te entregue ao juiz, o juiz, ao oficial de justiça, e sejas recolhido à prisão. Em verdade te digo que não sairás dali, enquanto não pagares o último centavo.
Veja, que o caso citado pelo Senhor fala de uma dívida de reparação que deve ser feita por aquele que ofendeu a um irmão e que tenha sido convencido pela sua consciência, no ato de culto a Deus, de que fora injusto em seu procedimento contra outrem, e que assim, contraíra uma dívida de reparação da ofensa, tanto para com o irmão quanto para com Deus, a qual deve ser paga primeiro, pela reconciliação para que possa ser aceito pelo Senhor, e não julgado por ele, sendo entregue à prisão espiritual, para que a exigência da justiça divina seja satisfeita.
Somente há eficácia na graça de Cristo, na Sua justiça, que recebemos para cobrir o nosso pecado, quando há arrependimento, confissão, e um andar na verdade. Pois quando nos firmamos num viver mundano, carnal, e contrário à verdade revelada na Palavra de Deus, não podemos contar com o agrado de Deus, uma vez que ofendemos deliberadamente a Sua justiça, e deste modo, o Seu favor não pode estar sobre nós.
É a isto que se refere o texto de Hebreus 10.24:
Heb 10:24-27 Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras. Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima. Porque, se vivermos deliberadamente em pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados; pelo contrário, certa expectação horrível de juízo e fogo vingador prestes a consumir os adversários.
Mesmo no homem natural há um clamor interno para que a justiça seja feita. E a justiça é feita não apenas quando o malfeitor é lançado na prisão pelo juiz, mas, quando a parte ofendida recebe por ordem judicial, a reparação do dano sofrido. Evidentemente, deve ser levado em conta se a demanda é justa, ou seja, se há de fato procedência na queixa apresentada.
A justiça divina não operará portanto, em favor daqueles que se sentem ofendidos e prejudicados por simples motivos sentimentais, emocionais e cujas queixas e demandas não são verdadeiras e retas segundo o padrão das Escrituras. Mas, o Senhor sempre fará justiça a todos aqueles que procedem retamente. É por isso, que se lê em I Pe 2.20-24 o seguinte:
1Pe 2:20-24 Pois que glória há, se, pecando e sendo esbofeteados por isso, o suportais com paciência? Se, entretanto, quando praticais o bem, sois igualmente afligidos e o suportais com paciência, isto é grato a Deus. Porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos, o qual não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua boca;
pois ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente,
carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas, fostes sarados.
Pedro fala o mesmo que Paulo diz em Rom 6: “para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça”. Ou seja: Jesus carregou nossos pecados na cruz, para este propósito de vivermos para a justiça, a saber, vivermos de modo reto segundo a Palavra e vontade de Deus.
O crente deve seguir os passos de Cristo, isto é, o exemplo que Ele nos deixou. Sem isto, não estará vivendo a vida reta esperada por Deus.
Não recebemos portanto a graça e a justiça do Senhor Jesus que nos tornou filhos de Deus, para ficarmos simplesmente nos gloriando neste fato, esquecidos, que houve um propósito divino nisto, quanto ao nossos procedimento, que deve ser justo e santo perante Ele, em todos os dias da nossa vida.
Não sejamos portanto, condescendentes para com os nossos erros e faltas, a bem de nossas próprias almas.
Pr Silvio Dutra