“34 Os fariseus, quando souberam, que ele fizera emudecer os saduceus, reuniram-se todos;
35 e um deles, doutor da lei, para o experimentar, interrogou-o, dizendo:
36 Mestre, qual é o grande mandamento na lei?
37 Respondeu-lhe Jesus: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento.
38 Este é o grande e primeiro mandamento.
39 E o segundo, semelhante a este, é: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.
40 Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.” (Mateus 22.34-40)
É possível que os fariseus tivessem pensado que o ensino de Jesus tinha espaço somente para a exposição da Soberania de Deus e os Seus juízos, e intentaram ganhar alguma vantagem sobre Ele colocando-o à prova com a pergunta sobre o maior mandamento da lei, contando que a reposta aludisse à citada soberania, e então eles replicariam discorrendo sobre o amor a Deus e ao próximo.
Eles não sabiam que a misericórdia triunfa sobre o juízo e que o amor e a misericórdia de Deus são a causa de não sermos todos condenados e consumidos. Deus tem prazer na vida e não na morte. Ele tem prazer em demonstrar perdão, amor, longanimidade e bondade, e não em se irar contra o pecador com o fim de destruí-lo.
Ele é compassivo para com todos os que se arrependem.
O texto paralelo de Marcos nos dá mais informações acerca do diálogo que este doutor da lei (escriba) tivera com nosso Senhor, indagando-Lhe para o experimentar, qual era o grande mandamento da Lei.
Este escriba estivera em conselho com os demais fariseus, sendo também um deles, e veio ter com Jesus porque soube que Ele fizera emudecer os saduceus.
De certo modo isto agradou ao partido dos fariseus, porque criam diferentemente dos saduceus, tanto na ressurreição, quanto em anjos e espírito.
Isto não significava que tivessem desistido de perseguir o Senhor para condená-lo à morte, nem que tivessem achado algum ponto que lhes identificasse com Ele, apaziguando-se ambos os lados.
O que eles queriam na verdade, naquela ocasião era mostrar aos saduceus que em vez de serem calados por Jesus como eles haviam sido, eles é que o calariam com a pergunta que lhe fariam acerca do grande mandamento.
O escriba já estava com a resposta preparada, como se pode inferir do que disse ao Senhor depois dEle ter-lhe respondido com as palavras dos versos 37 a 40.
Nós lemos no texto paralelo de Marcos que o escriba ao ouvir tal resposta, confirmou o que o Senhor havia dito, com as seguintes palavras:
“32 Ao que lhe disse o escriba: Muito bem, Mestre; com verdade disseste que ele é um, e fora dele não há outro;
33 e que amá-lo de todo o coração, de todo o entendimento e de todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, é mais do que todos os holocaustos e sacrifícios.” (Mc 12.32-33)
*Ao que nosso Senhor acrescentou:
“E Jesus, vendo que havia respondido sabiamente, disse-lhe: Não estás longe do reino de Deus.” (Mc 12.34)
É bem provável que este escriba tenha sido um daqueles fariseus e escribas que vieram a se converter ao Senhor depois da Sua morte. (At 6.7; 15.5)
O que éi citado nesta passagem veio com um laço de prova, e voltou amarrado pelos laços de amor de Cristo, pronto para uma futura conversão, porque nosso Senhor disse-lhe que não estava longe do reino de Deus, e que havia respondido sabiamente.
Nosso Senhor comprovou que não tinha qualquer preconceito, inclusive contra os Seus mais ferrenhos opositores, e se mostrou receptivo inclusive àqueles que vieram ter com Ele abrigando em princípio, não boas intenções em relação a Ele, mas que se mostraram abertos ao Seu ensino posteriormente, como parece ter sido o caso do escriba desta passagem.
Devemos seguir o Seu exemplo nisto, e nos mostrarmos receptivos aos nossos inimigos e perseguidores à vista de uma mudança sincera de atitude da parte deles, em relação ao nosso testemunho do evangelho.
Pr Silvio Dutra