“Então falou Deus todas estas palavras, dizendo: Eu sou o SENHOR teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o SENHOR teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam.” Ex 20: 1-5
A palavra “idolatria” tem origem nas palavras eidolon (imagem) + latreia (culto). Idolatria é toda e qualquer adoração que não é destinada a Deus, é adorar a criação em vez do Criador. A Bíblia nos diz que “Dizendo-se sábios, tornaram-se estultos, e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis.” (Rm 1:22-23).
Cristãos protestantes tem se orgulhado, desde a reforma de Lutero, de serem monoteístas e levantam a bandeira iconoclasta com veemência e fervor, até guerras já foram travadas na “defesa da f锹, mas com a popularização do “movimento Gospel” toda essa “fé” tem sido diluída em meio a sincretismos religiosos, sofismas e, também, pura ignorância acerca de Deus, mesmo que na mente de muitos crentes ainda haja uma verdadeira devoção a Deus.
E o que tem sido adorado hoje em dia?
A homens:
Vivenciamos um tempo onde homens se autodenominam “patriarcas”, “apóstolos”, “levitas” e congêneres. O que mais me assusta é o fato de que muitos cristãos estão sendo coniventes e participantes de tamanhas aberrações ministeriais e teológicas. Muitos são como os atenienses que “de nenhuma outra coisa se ocupavam, senão de dizer e ouvir a última novidade” (At.17:21). Por isso, são presas fáceis destes mestres inescrupulosos, sobre os quais Pedro nos admoesta, dizendo que “muitos seguirão as suas dissoluções, e por causa deles será blasfemado o caminho da verdade”. E Pedro também nos alerta sobre eles: “Por ganância farão de vós negócio, com palavras fingidas” (2 Pe.2:2-3a).
Ao dinheiro:
Nunca dentro de nossas igrejas tocou-se tanto nesse assunto. O deus Mamon invadiu nossas igrejas com uma influência destrutiva. Nossos “pastores”, munidos dessa maldita e diabólica “teologia da prosperidade”, tem tirado o foco de Cristo e colocado na obtenção de bens e “bênçãos” que, teoricamente, viriam de Jesus. Jesus passou a ser um meio parar conseguir recursos dos fieis. É o comercio da fé, é a exploração do homem pelo homem.
Ao Conhecimento:
Amo teologia! Creio que todo cristão deve possuir um grande conhecimento teológico, mas quando olho nossos seminários, o que mais percebo são muitos pastores e seminaristas arrogantes e soberbos que, por terem um “pingo” de conhecimento das coisas de Deus, se esqueceram que deviam crescer em GRAÇA e conhecimento. Nas redes sociais, o fenômeno (arrogância) é mais latente ainda, temos uma “fornada” de neo-reformados que se tornaram adoradores de si próprios, neófitos que estudam apenas para acariciar seus egos e “refutar” seus irmãos.
A nós mesmos:
Somos uma geração mimada e de ego inflado. Vemos uma igreja (falo das pessoas que as compõem) egoísta, que tem olhado apenas para suas necessidades e desejos. Este é o reflexo de uma geração hedonista, que adora a si mesma, que vive para satisfazer unicamente seus desejos. Somos chamados para amar o próximo como a nós mesmos, quando apenas nos “amamos”, não estamos “cumprindo apenas uma parte do mandamento”, estamos sim é corrompendo por inteiro o mandamento de Cristo, e colocando o nosso “eu” como centro, o foco da nossa adoração.
Falta-nos amor e graça. Falta-nos devoção. Falta-nos o verdadeiro conhecimento de Deus (O meu povo está sendo destruído por falta de conhecimento – Os 4:6). Esquecemos que a bíblia diz: “Castigá-la-ei pelos dias de baalins, nos quais queimou incenso, e se adornou com as suas arrecadas e com as suas joias, e andou atrás de seus amantes, mas de mim se esqueceu, diz o SENHOR.” (Os 2.13).
Que possamos adorar ao único digno de nossa adoração!
Para terminar, lembro-me da estrofe de um velho e saudoso hino, intitulado “Ah, como quero andar mais perto de Deus”:
O ídolo mais querido que já tive,
Qualquer que seja esse ídolo,
Ajude-me a arrancá-lo do teu trono,
E adorar só a ti.
¹ Revolta iconoclasta de Beeldenstorm em 1566. Esta revolta é comumente associada à guerra religiosa que se seguiu entre católicos e protestantes, especialmente os anabatistas.