“As orações que pouco valorizam Cristo são as que possuem menos valor para Deus” (Spurgeon).
Por natureza, as pessoas são tendenciosas a buscarem reconhecimento, estima e honra dos que as rodeiam. Vivem pela autopromoção e, após alguns resultados positivos de suas obras, semeiam em si a autoconfiança. Com isso, suas futuras conquistas e o tamanho dos seus sonhos serão baseados no que já fizeram e no que tem, isto é, nos seus méritos. Simples assim.
Essa postura baseia praticamente todo o modo de viver das pessoas do nosso tempo e também foi muito comum no tempo de Cristo. Enquanto esteve aqui, Jesus conviveu com pessoas que se orgulhavam da rigidez com que cumpriam seus rituais religiosos, que se julgavam melhor pelo que tinham e que viviam seu mundinho mesquinho com suas casas construídas em areias movediças – obras, riquezas e religiosidades.
Em Cafarnaum, Jesus foi abordado por dois cegos que muito tem a nos ensinar e é sobre a postura deles diante do Mestre que eu quero falar. Quem era acometido por cegueira era incapaz de ter convívio social, diante de sua invalidez, e não tinha outra opção a não ser pedir esmolas. Entretanto, para consegui-las era preciso saber pedir. E a melhor estratégia era comover o doador com a lástima da cegueira. Resumindo, até para pedir, era necessário, ao pedinte, usar seus “méritos” por aquelas esmolas.
Porém, aqueles cegos não reivindicaram seus milagres por meio de suas condições. Eles simplesmente clamaram: “Filho de Davi, tem misericórdia de nós”. Nesse clamor, toda responsabilidade pelo milagre residia em Cristo e sua operação nada tinha a ver com a situação deles, muito menos com seus méritos. Na verdade, eles estavam creditando seus milagres à Graça quando suplicavam por misericórdia e reconhecendo em Cristo, alguém que de fato era poderoso para ajudá-los ao clamarem “Filho de Davi”. O que precedeu o milagre foi um audacioso “sim” à pergunta de Cristo se eles criam que Ele – ninguém além dele – podia curá-los.
Nossa aptidão não comove Deus, nosso conhecimento é loucura para Ele e tudo o que nos dá mérito é lixo. Ele não baseia nenhum de seus atos no que fazemos, mas no que Cristo fez na Cruz do Calvário! Isso sim, satisfaz qualquer condição para nossos milagres e nosso relacionamento com Ele; e é nisso que devemos nos apoiar. Qualquer outro fundamento que não seja a Graça é uma afronta a Deus.
Reconhecer que é pela Graça – João 3.16 a define perfeitamente – que somos salvos, que obtemos milagres, perdão e vida é um profundo ato de humilhação e dependência. É reconhecer que não temos nada em nós que possa mudar nossa condição, senão o infinito amor de Deus e sua compaixão por nós. Esse ato agrada a Deus porque glorifica e exalta Cristo e é o que realmente nos aproxima dele. Não é à toa que os que desfrutaram da Graça que Cristo serviu foram justamente os que menos dependeram de si para se achegar a Ele (o publicano, o centurião…).
A Graça marca o fim do domínio de Satanás sobre a humanidade. Nada em toda história glorificou e agradou tanto a Deus quanto ter visto seu Filho triunfar na Cruz, vencendo a morte e o pecado que nos separava dele. Fomos reconciliados com Deus por meio dela. Fomos adotados – Aleluia! – e posicionados num lugar onde nada e nem ninguém pode nos tirar: a presença do Todo-Poderoso por toda eternidade. Repare que eu e você não contribuímos para que nada disso acontecesse.
Querido(a), se você até aqui tem confiado em si, nos seus dons, nos seus bens, ou em qualquer outra coisa, por menor que seja, para se achar merecedor diante de Deus, eu te digo: PARE! Como aqueles cegos, reconheça sua impotência e volte-se para a Cruz e com fé descanse na verdadeira Provisão, no Novo e Vivo Caminho pelo qual nos achegamos a Deus: a Graça.