Jó é o maior exemplo de sofrimento e de paciência em meio a luta registrado nas escrituras sagradas. Imagino que o Senhor permitiu que este livro estivesse nas Escrituras para o nosso ensino e exortação no que diz respeito a estes assuntos. Tiago, apóstolo e irmão carnal do Senhor Jesus escreveu-nos em sua epístola dizendo: “E nós achamos que eles foram felizes por terem suportado o sofrimento. Vocês têm ouvido a respeito da paciência de Jó e sabem como no final Deus o abençoou. Porque o Senhor é cheio de bondade e de misericórdia.” (Tiago 5:11).
Acredito também que o livro de Jó foi escrito e sobreviveu através dos séculos porque, no momento de maior lucidês que ele teve em meio aquele sofrimento todo, antes de fazer a declaração profética que foi a chave de todo o desfecho da situação em que ele se encontrava; declaração que penetrou os céus e “virou o jogo” a seu favor. Antes dessa declaração poderosa ele diz: “Como gostaria que as minhas palavras fossem escritas, que fossem escritas num livro! Ou que com uma ponteira de ferro elas fossem gravadas para sempre no chumbo ou na pedra!” (Jó 19:23,24).
E foi exatamente isto que aconteceu, pois, o que ele declarou profeticamente após falar assim foi poderoso para mudar seu destino e ainda hoje é poderoso para mudar o nosso destino, pois a mesma foi escrita em um livro como ele desejou – no livro de Jó.
O livro de Jó começa assim: “Na terra de Uz morava um homem chamado Jó. Ele era bom e honesto, temia a Deus e procurava não fazer nada que fosse errado.”
Jó era bom, honesto, temia a Deus e se desviava do mal. Essas prerrogativas positivas foram atribuídas a ele pelo próprio Deus. Veja o verso 8: “Aí o Deus Eterno disse: -Você notou o meu servo Jó? No mundo inteiro não há ninguém tão bom e honesto como ele. Ele me teme e procura não fazer nada que seja errado.” (Jó 1:1,8).
Jó era íntegro, temente a Deus e se desviava do mal, mas, havia algo que ele não possuia e, essa coisa que ele não possuia o fez mergulhar num mar de sofrimento e tribulação, permitidos e gerenciados por Deus para que ele não fosse provado além de suas forças. Tribulações que, além de nos ensinar a ter paciência no meio da prova também nos leva a perguntar: porque tais tribulações foram necessárias? Ao descobrir o que faltava em Jó que o levou até lá descobrimos também como saimos de lá, ou até mesmo, como não irmos para lá – como não cair na tentação, na prova, na tribulação. Podemos não cair nelas; podemos sair delas; podemos nos alegrar nelas.
Deus não tem prazer no sofrimento dos seus filhos. Se um pai natural não se alegra no sofrimento do seu filho, muito menos o Pai Celestial. Em primeira de Pedro 1:6 lemos que: “SE NECESSÁRIO sejais contristados por vários provações…” ou seja, a expressão “se necessário” neste texto deixa claro que somente seremos contristados por várias provações se não conseguirmos receber a instrução e a direção de Deus de outra maneira. Este texto deixa claro que o desejo do Eterno não o de nos atribular, e, sim, de nos ensinar. Se fosse ao contrário o Senhor Jesus não teria nos ensinado a orar: “não nos deixes cair em tentação…”. A tentação, a provação, a tribulação existem, mas, você não precisa necessariamente cair nela, pelo contrário: “livra-nos, ó Deus…”. Normalmente quando andamos por uma rua ou estrada naturalmente nos desviamos dos buracos – é instintivo.
Se pudéssemos estabelecer uma ordem, primeiro vem a tentação, depois a provação e por fim a tribulação. Com a permissão de Deus o diabo tenta, Deus prova, e depois somos atribulados para separarmos o que é palha e o que é trigo. O tribulum era uma instrumento usado para separar a palha do trigo.
tribulum – usado para separar o trigo da palha.
No capítulo 42:5 de Jó podemos entender o que faltava na vida de Jó que o levou a passar por tudo aquilo. No fundo o objetivo de Deus era fazer com que ele adquirisse o que lhe faltava. Veja o texto bíblico: “Antes eu te conhecia só por ouvir falar, mas agora eu te vejo com os meus próprios olhos.”
Veja bem, Jó era homem íntegro, temente Deus e que se desviava do mal, porém não conhecia a Deus pessoalmente. Ele servia um Deus de quem ele tinha ouvido falar e o fazia de forma zelosa, porém, o Senhor Deus, o Eterno deseja mais do que servos – Eles nos quer como amigos. Ele deseja se revelar a mim e a você a cada dia. A Bíblia diz que o Senhor Deus se encontrava com Adão no jardim do Éden todos os dias na viração do dia (Gênesis 3:8). A Bíblia diz que as misericórdias do Senhor se renovam a cada manhã… Você não pode pensar na misericórdia de Deus sem pensar na presença do Deus misericordioso. É como se ele nos trouxesse uma dose gostosa de misericórdia no café da manhã. Então, Jó servia a Deus, porém, não conhecia a Deus. E isso fez com que Deus permitisse a tentação, a prova, a tribulação somente para que ele chegasse a este ponto: “hoje os meus olhos te vêm.” Dentro do coração de cada crente deve existir este clamor: “eu preciso te ver, Senhor.”
De acordo com a palavra de Deus a fé cristã está fundamentada sobre três pilares que estão descritos em 1 Coríntios 15:1-8, 11: “Agora, irmãos e irmãs, quero que lembrem do evangelho que eu anunciei a vocês, o qual vocês aceitaram e no qual continuam firmes. A mensagem que anunciei a vocês é o evangelho, por meio do qual vocês são salvos, se continuarem firmes nele. A não ser que não tenha adiantado nada vocês crerem nele. Eu passei para vocês o ensinamento que recebi e que é da mais alta importância: Cristo morreu pelos nossos pecados, como está escrito nas Escrituras Sagradas; ele foi sepultado e ressuscitou no terceiro dia, como está escrito nas Escrituras; e apareceu a Pedro e depois aos doze apóstolos. Depois apareceu, de uma só vez, a mais de quinhentos seguidores, dos quais a maior parte ainda vive, mas alguns já morreram. Em seguida apareceu a Tiago e, mais tarde, a todos os apóstolos. Por último, depois de todos, ele apareceu também a mim, como para alguém nascido fora de tempo… Assim, não importa se a mensagem foi entregue por mim ou se foi entregue por eles; o importante é que foi isso que todos nós anunciamos, e foi nisso que vocês creram.”
1- Cristo morreu por mim; 2 – Foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia; 3 – APARECEU A PEDRO, AOS DOZE APÓSTOLOS, PARA MAIS DE QUINHENTOS IRMÃOS DE UMA SÓ VEZ, PARA TIAGO E TAMBÉM A PAULO. Enfim, todos nós veremos ao Senhor, mesmo que seja no dia, o dia da sua gloriosa manifestação nas nuvens do céu quando todo olho o verá.
No meio daquele sofrimento um anseio e uma certeza brotou no coração de Jó. Tudo aquilo era para gerar nele esta fome, esta sede, esta convicção. E quando ele recebe dentro de si esta fé sobrenatural, antes de fazer a declaração profética que mudaria o curso da sua vida, ele anseia: há como eu gostaria que isto fosse registrado em um livro… leia o texto como ele é: “Quem me dera fossem agora escritas as minhas palavras! Quem me dera fossem gravadas em livro! Que, com pena de ferro e com chumbo, para sempre fossem esculpidas na rocha! Porque eu sei que o meu Redentor vive e por fim se levantará sobre a terra. Depois, revestido este meu corpo da minha pele, em minha carne verei a Deus. Vê-lo-ei por mim mesmo, os meus olhos o verão, e não outros; de saudade me desfalece o coração dentro de mim.” (Jó 19:23-27).
Eu sei que o meu Redentor, meu Resgatador, meu Defensor vive e por fim se levantará sobre a terra… Ele não estava se referindo ao Deus do céu, e, sim ao Redentor que se levantaria sobre a terra. Ele teve uma revelação de Jesus Cristo. Na verdade Jó é um exemplo do sofrimento daquele que não têm uma revelação do Redentor, Jesus Cristo. O redentor, ou resgatador, no Velho Testamento era o irmão mais velho da família. Quando a herança era repartida o irmão mais velho recebia dupla porção da herança. A porção extra não era para si próprio. Ela servia para resgatar algum membro da família que se tornava escravo de algum credor. É muito comum na igreja ouvirmos orações inflamadas do tipo: “Senhor, eu quero dupla porção…” Mas, será que tais pessoas estariam disposta a usar a segunda porção para resgatar o irmão necessitado?
Bom, vamos voltar a falar de Jó, pois é muito forte quando ele diz: eu sei que o meu redentor está vivo… ele se levantará sobre a terra… em minha carne eu verei a Deus, ou seja, não seria depois da sua morte, mas, em vida… Vê-lo-ei por mim mesmo… os meus olhos o verão, e não outros… de saudade desfalece o coração dentro de mim.
Agora ele já não estava mais desfalecendo por causa da pobreza, do luto e dos tumores, mas, desfalecia de saudade pela presença gloriosa de Deus. Ao declarar isso, profeticamente ele gerou no mundo espiritual o que se consolidou no mundo natural conforme lemos no capítulo 38. Do capítulo 38 ao 42 Deus aparece para Jó e ele o vê com os seus próprios olhos: Jó 38:1 “Depois disto, o SENHOR, do meio de um redemoinho, respondeu a Jó…” Essa conversa entre o Senhor e Jó vai até o capítulo 42 onde ele admite no verso 5: ” eu te conhecia somente de ouvir falar, mas agora os meus olhos te veem por isso me arrependo…” A presença de Deus produz arrependimento, o arrependimento produz santidade, a santidade, a autoridade. Jó era servo de Deus, mas então ele se torna amigo de Deus.
1 Pedro 1:6 “Nisso exultais, embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejais contristados por várias provações, para que, uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo; a quem, não havendo visto, amais; no qual, não vendo agora, mas crendo, exultais com alegria indizível e cheia de glória, obtendo o fim da vossa fé: a salvação da vossa alma.”
Como eu já mencionei antes, a expressão “SE NECESSÁRIO” dá a idéia que a provação somente vem quando não conseguimos ouvir a Deus de outro modo. Ao ler o texto abaixo extraído do livro de Jó 33:14-30 você compreenderá melhor o que quero dizer:
“Pelo contrário, Deus fala de um modo, sim, de dois modos, mas o homem não atenta para isso…
…Em sonho ou em visão de noite, quando cai sono profundo sobre os homens, quando adormecem na cama, então, lhes abre os ouvidos e lhes sela a sua instrução, para apartar o homem do seu desígnio e livrá-lo da soberba; para guardar a sua alma da cova e a sua vida de passar pela espada…
…Também no seu leito é castigado com dores, com incessante contenda nos seus ossos; de modo que a sua vida abomina o pão, e a sua alma, a comida apetecível. A sua carne, que se via, agora desaparece, e os seus ossos, que não se viam, agora se descobrem. A sua alma se vai chegando à cova, e a sua vida, aos portadores da morte. Se com ele houver um anjo intercessor, um dos milhares, para declarar ao homem o que lhe convém, então, Deus terá misericórdia dele e dirá ao anjo: Redime-o, para que não desça à cova; achei resgate. Sua carne se robustecerá com o vigor da sua infância, e ele tornará aos dias da sua juventude. Deveras orará a Deus, que lhe será propício; ele, com júbilo, verá a face de Deus, e este lhe restituirá a sua justiça. Cantará diante dos homens e dirá: Pequei, perverti o direito e não fui punido segundo merecia. Deus redimiu a minha alma de ir para a cova; e a minha vida verá a luz. Eis que tudo isto é obra de Deus, duas e três vezes para com o homem, para reconduzir da cova a sua alma e o alumiar com a luz dos viventes.”
O Senhor Deus tem duas maneiras de nos levar a conhecer sua presença, seus propósitos, sua vontade. De acordo com o texto acima podemos afirmar que a primeira opção de Deus é a revelação. A segunda opção, a tentação, a prova, a tribulação. Acredito que é daqui que surgiu aquele velho ditado: Quem não vem a Deus por amor, vem pela dor. Literalmente poderíamos dizer: Quem não conhece a Deus através da revelação o conhecerá através da provação.
É importante lembrar que: “Bem-aventurado o homem que suporta, com perseverança, a provação; porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam. Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta. Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte.” (Tiago 1:12-15)
Mateus 4:1 “A seguir, foi Jesus levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo…”
Em Joel 2:28 a promessa de Deus sobre o derramamento do Espírito é todos nós teríamos sonhos e visões (revelações), em virtude das quais nós profetizaríamos. Quando entendemos o que o Senhor deseja, fica mais fácil abrir o nosso espírito para receber da parte dele. Deus quer andar conosco, ser nosso amigo, se revelar a nós. Eu já tomei a minha decisão – é isto que eu quero para minha vida: o que Deus quer. E você???
Parece ser este o desejo de Deus em relação a nós desde o princípio. Ele se encontrava com Adão e Eva todos os dias no jardim do Éden, na viração do dia (Gênesis 3:8). Ele disse a Abrão: anda na minha presença e seja perfeito (Gênesis 17:1). Ele disse a Moisés: “a minha presença irá contigo e eu te darei descanso (Êxodos 33:14). O Senhor Jesus disse aos seus discípulos e, consequentemente a nós: estarei convosco todos os dias até a consumação dos séculos, enfim, o Senhor deseja ter comunhão conosco baseada na graça, no favor imerecido. A pergunta é se nós queremos ter comunhão com Ele. Todas as vezes em que o Senhor se manifesta a alguém isto em si já constitui uma prova de Ele deseja se relacionar conosco.
Em nossas reuniões de louvor e adoração que realizamos pelo Brasil e pelo mundo sempre buscamos isso – a Presença; sempre pregamos sobre isso – sobre a Presença, pois sabemos que quando Ela se manifesta o tudo é como o nada, o nada é como tudo e o mais ou menos não existe. Existe um provérbio muito usado na América que diz: “se você olha muito para o abismo, ele olha de volta para você.” O seu inverso também é verdadeiro: se você olha muito para a Presença de Deus Ela olhará de volta para você.
Para finalizar, gostaria que você lesse o Salmo 34: “Bendirei o SENHOR em todo o tempo, o seu louvor estará sempre nos meus lábios. Gloriar-se-á no SENHOR a minha alma; os humildes o ouvirão e se alegrarão. Engrandecei o SENHOR comigo, e todos, à uma, lhe exaltemos o nome. Busquei o SENHOR, e ele me acolheu; livrou-me de todos os meus temores. Contemplai-o e sereis iluminados, e o vosso rosto jamais sofrerá vexame. Clamou este aflito, e o SENHOR o ouviu e o livrou de todas as suas tribulações. O anjo do SENHOR acampa-se ao redor dos que o temem e os livra. Oh! Provai e vede que o SENHOR é bom; bem-aventurado o homem que nele se refugia. Temei o SENHOR, vós os seus santos, pois nada falta aos que o temem. Os leõeszinhos sofrem necessidade e passam fome, porém aos que buscam o SENHOR bem nenhum lhes faltará. Vinde, filhos, e escutai-me; eu vos ensinarei o temor do SENHOR. Quem é o homem que ama a vida e quer longevidade para ver o bem? Refreia a língua do mal e os lábios de falarem dolosamente. Aparta-te do mal e pratica o que é bom; procura a paz e empenha-te por alcançá-la. Os olhos do SENHOR repousam sobre os justos, e os seus ouvidos estão abertos ao seu clamor. O rosto do SENHOR está contra os que praticam o mal, para lhes extirpar da terra a memória. Clamam os justos, e o SENHOR os escuta e os livra de todas as suas tribulações. Perto está o SENHOR dos que têm o coração quebrantado e salva os de espírito oprimido. Muitas são as aflições do justo, mas o SENHOR de todas o livra. Preserva-lhe todos os ossos, nem um deles sequer será quebrado. O infortúnio matará o ímpio, e os que odeiam o justo serão condenados. O SENHOR resgata a alma dos seus servos, e dos que nele confiam nenhum será condenado.”
Deus te abençoe poderosamente em o nome precioso de Jesus. Até o próximo artigo.
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Antônio Cirilo, seu servo no evangelho do Senhor.
Fonte: Santa Geração