Não foi Paulo que inventou a doutrina de que é o espírito que vivifica, mas isto foi uma revelação de nosso Senhor Jesus Cristo em seu ministério terreno:
“O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida.” (Jo 6.63)
Quando Jesus disse que as palavras que ele havia dito eram espírito e vida, isto significa que Suas palavras foram proferidas pelo Seu espírito.
Daí ter dito antes que é o espírito o que vivifica e que a carne para nada aproveita.
É fácil observarmos isto quando lemos os discursos que Ele proferiu e que foram registrados nos evangelhos. Nós logo vemos que há espírito e vida, por exemplo, nas palavras do Sermão do Monte, nos discursos do evangelho de João e em tudo mais que o Senhor fez e ensinou, não somente porque se trata da verdade, mas também porque foram proferidas pelo espírito e não pela carne.
Esta é a razão de muitos lerem a Bíblia no culto público, ou pregarem a verdade, e não transmitirem vida aos seus ouvintes, porque o fazem na carne, e não no espírito.
O que podemos entender então é que sempre que as palavras que são proferidas forem procedentes de um espírito liberado em comunhão com o Espírito Santo, o resultado será que a palavra transmitirá vida espiritual àqueles que as lerem ou ouvirem. Por exemplo, os sermões de Spurgeon ainda falam com vida porque Ele andava no Espírito e pregava no Espírito, e ainda hoje nós podemos sentir o espírito e a vida que há nos seus sermões, porque foram pregados com palavras ensinadas pelo Espírito e com a unção do Espírito. Nós podemos sentir que são palavras que procederam de um espírito que estava liberado dos grilhões do velho homem, ou homem exterior, que ele havia mortificado.
O mesmo pode ser dito dos escritos da quase totalidade dos puritanos, especialmente de John Owen, Richard Sibbes, Richard Baxter, Thomas Manton, Thomas Watson, dentre outros.
Não há nada de influência ressecante nestes escritos, ao contrário, eles transmitem vida espiritual porque foram produzidos em espírito, pela inspiração do Espírito Santo, em pessoas cujos espíritos estavam santificados e liberados para transmitirem vida a outros.
Então é um excelente critério para nortearmos a seleção dos louvores e dos sermões que ouvimos, dos livros e das mensagens que lemos, procurar identificar se é a carne ou o espírito que os produziram. Se foi a carne, gerará o que é carnal, natural, desta criação, porque o que é nascido da carne é carne. Mas se foi o espírito, gerará vida espiritual.
Por isso se diz que o ministério da Igreja é o ministério do espírito:
“o qual também nos capacitou para sermos ministros dum novo pacto, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito vivifica.” (II Cor 3.6).
“como não será de maior glória o ministério do espírito?” (II Cor 3.8).
Então a glória da Nova Aliança excede a glória que havia no Velho Testamento, o qual foi inaugurado pela mediação de Moisés, e que por não possuir este caráter vivificador da Nova Aliança, fora substituído pela excelente glória do evangelho, por causa do caráter permanente deste, pelo qual muitos têm sido transformados e reconciliados com Deus para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo.
A dispensação do Espírito é a melhor dispensação e o período mais luminoso da história do mundo.
Devemos ter o cuidado de não cometer o mesmo pecado dos escribas e fariseus que não reconheceram o ministério do Messias e O rejeitaram, porque é possível estar totalmente alheio ao fato de que há um ministério do Espírito Santo acontecendo desde o Pentecostes ocorrido em Jerusalém, neste período que chamamos de dispensação da graça, que podemos também chamar de dispensação do Espírito Santo.
É de suma importância portanto que nos inteiremos de tudo o que se refira à Pessoa e obra do Espírito, tanto na história da Igreja como também e principalmente em nossos próprios dias, de modo a que nos empenhemos e sejamos achados como Seus cooperadores no trabalho que Ele está realizando no mundo.
Se é por meio do Espírito que tem sido derramado em todas as nações da terra, desde a morte e ressurreição de Jesus, que é produzida a vida de Deus nos corações, pela justificação que há em Cristo, e pelo novo nascimento do Espírito, então este ministério do Espírito não pode ser chamado de ministério de morte e de condenação, tal como a Antiga Aliança, porque não é este o seu propósito primordial, senão o de salvar, de dar vida, de reconciliar o pecador com Deus, de livrá-lo da morte espiritual e eterna, para que possa ter a vida abundante e eterna que há em Cristo.
Este é o ministério do qual estão incumbidos os ministros do evangelho. Não de ministrarem a morte e a condenação, mas a vida espiritual e a justiça que há em Cristo, e que estão sendo proclamadas e operadas pelo Espírito Santo através da sua ministração nesta Nova Aliança, que transforma pecadores em santos, pela sua santificação em graus cada vez maiores da manifestação da glória de Deus em suas vidas, para que sejam transformados cada vez mais à imagem e semelhança do próprio Cristo.