“Melhor é serem dois do que um,.” (Ec 4.9-12)
Quando lemos Ec 4.9a “Melhor é serem dois do que um”, lembramos do que Deus disse quando viu o homem sozinho no jardim do Éden: “não é bom que o homem esteja só;” (Gn 2.18)
Tanto Deus no início da criação, quanto o escritor de Eclesiastes afirmam que o isolamento social, a solidão, o viver solitário não é o estilo de vida mais apropriado para o ser humano.
O sábio Salomão declara um princípio geral: “Melhor é serem dois do que um…
Ele utiliza três ilustrações para fundamentar a sua declaração; usa três exemplos para provar a veracidade de sua afirmação.
– Se caírem, um levanta o companheiro.
– se sentirem frio, um aquece o outro.
– Se um for atacado o outro ajudará, e os dois resistirão ao agressor.
Com estes três exemplos, o sábio está dizendo: De fato, “melhor é serem dois do que um…”
É muito provável que o contexto que o autor de Eclesiastes tinha em mente era o de um viajante do mundo antigo. Quais eram os perigos comuns que um viajante enfrentava naquela época?
– Cair acidentalmente em buracos ou valetas ao longo do caminho.
– Enfrentar as noites frias de inverno no deserto.
– Ser atacado por bandidos ou ladrões das estradas.
O princípio ensinado aqui é que “O companheirismo é um estilo de vida mais apropriado do que viver solitário”. O companheirismo proporciona mais benefícios do que a hostilidade, o indiferentismo, o egoísmo, exclusivismo, o isolamento social e o individualismo.
Gostaria de aplicar estes princípios do companheirismo para o relacionamento conjugal, para a vida a dois, para o casamento.
O companheirismo deve-se mostrar…
1. No estender da mão para o companheiro que cai ao longo da jornada da vida.
A proposta de Deus para o casamento é: “até que a morte os separe!” A princípio, esta é uma longa jornada. Teoricamente, um casal jovem tem um longo caminho a percorrer juntos. Nesse longo percurso juntos, é possível que um ou outro venha a cair nos buracos e valetas que a vida nos proporciona. Se isso vier a acontecer, a ordem é: jamais deixe o seu companheiro para trás.
Se vierem a cair no escuro poço da depressão; se perderem a motivação para continuar e desejarem entregar os pontos, estendam suas mãos, sejam encorajadores, motivadores, incentivadores. Se necessário for, abstenham-se do seu caminhar em prol um do outro.
Se vierem a cair na valeta do ressentimento, da amargura, da quebra da comunicação, estendam as suas mãos, humildemente, peçam perdão e perdoem um ao outro, recomecem a caminhada.
Se vierem a cair na valeta do desentendimento, da relação conturbada, estendam as suas mãos, não abandonem um ao outro nas portas dos tribunais, busquem ajuda, lutem para que a convivência harmoniosa seja estabelecida.
Esposo, ao longo da jornada da vida, jamais deixe a sua companheira para trás! Esposa, ao longo da jornada da vida jamais deixe o seu companheiro para trás. Se caírem, um levantará o outro!
Em segundo lugar, o companheirismo deve se mostrar…
2. No aquecimento mútuo nas noites frias da vida.
Esposos e esposas, literalmente, mantenham um ao outro aquecido! Proporcionem aquecimento mútuo! Não neguem um ao outro. Não privem um ao outro de intimidade e proximidade.
Ofereçam um ao outro o calor dos seus corpos!
No entanto, eu gostaria de ir além do literal, e dizer: Esposos e esposas, estejam prontos para enfrentarem juntos as “noites geladas” da vida.
Ao longo da jornada da vida a dois, enfrentamos circunstâncias adversas que nos levam ao desânimo, que provocam frustrações, e que nos levam à sensação de que não dá mais.
Na jornada da vida, estamos expostos a possíveis perdas! Perdas de pessoas queridas, perdas financeiras, perda da saúde, da vitalidade do corpo, perdas de alguns sentimentos que mantém o relacionamento aquecido.
Queridos, nessas noites geladas da vida, não busquem se aquecer em abrigos individuais; não acendam fogueiras particulares. Proporcionem aquecimento mútuo, permaneçam juntos, busquem a Deus juntos, chorem juntos, compartilhem seus medos e incertezas, dividam as cargas, porque casamento é companheirismo, é proporcionar calor humano nas noites de inverno da vida.
Em terceiro lugar, o companheirismo deve se mostrar…
3. Na concentração de forças contra adversários em comum.
São vários os adversários que militam contra a relação conjugal estável e feliz. Podemos até mencionar alguns:
· As diferenças de formação familiar, de gostos e hábitos, de opiniões acerca do certo e do errado, de entendimento acerca do que é supérfluo e do que é necessário;
· As diferenças de temperamentos e personalidade;
· A interferência de pessoas externas na vida do casal (pais, sogros, supostos amigos);
· As ideologias da sociedade que banalizam a relação conjugal;
· Os pequenos problemas mal resolvidos que se acumulam ao longo dos anos;
· E, por trás de todos esses adversários, está o grande adversário de Deus e dos homens: Satanás, o qual luta para desestabilizar a família.
Esposos e esposas, no enfrentamento desses adversários, não lutem entre si; concentrem as forças e lutem contra esses adversários em comum.
Lembrem-se! Nessa longa jornada da vida a dois, vocês são amigos, não inimigos; vocês são parceiros, não rivais; vocês são companheiros; não adversários.
Portanto, mostrem companheirismo, no estender das mãos para o companheiro que cai ao longo da jornada da vida; no aquecimento mútuo nas “noites frias da vida; na concentração de forças contra adversários em comum.
Pr. Paulo César Nunes do Nascimento