Que segurança temos das coisas ainda por vir? Todavia, “as coisas que virão são nossas”, sejam elas boas ou más.
Para o bem: o resto da nossa vida, que é nossa para fazer o bem. A morte que está por vir e que é nossa. O julgamento, que é nosso, porque o nosso Irmão, nossa Cabeça, nosso Salvador e nosso Esposo, será nosso Juiz, 1 Coríntios 6.2, e no dia do juízo, haveremos de julgar o mundo. E então após o julgamento o céu é nosso, a imortalidade e a eternidade são nossas, a bendita comunhão no céu é nossa. “Tudo é nosso” então.
Na verdade, o melhor está por vir, pois se não tivéssemos nada além das coisas que temos neste mundo, “somos de todos os homens os mais miseráveis”, 1 Coríntios 15.19. Ou seja, os crentes, que em sua grande maioria são pobres quanto às coisas mundanas em relação àqueles que são mundo, porque é evidente que eles possuem muito mais os bens terrenos do que aqueles que são do Senhor. Isto tem sido testemunhado ao longo dos dois mil anos da verdadeira igreja de Cristo na Terra, e sempre será assim até o fim. Porque aprouve ao Pai das misericórdias nos fazer pobres destas coisas para o exercício e enriquecimento da nossa fé.
Mas o que importa mesmo é que Cristo veio a este mundo se fazendo pobre para que fôssemos enriquecidos nele. De modo que não somos os mais miseráveis do mundo, ao contrário, somos os mais ricos porque temos a Cristo e tudo o que se alcança nele e que não é deste mundo. De modo que quando deixarmos este corpo estaremos para sempre com o Senhor, 1 Te 4.17, sendo co-herdeiros com ele.
As coisas ainda por vir são as principais coisas, que a nossa fé conquistará. As coisas que não foram criadas pelas mãos do homem, mas que têm sido preparadas por Deus para aqueles que o amam, especialmente as promessas de felicidade e glória eternas, e a libertação de toda forma de mal, quer interna, quer externa.
O Espírito Santo nos tem revelado uma parte destas coisas que nos aguardam, mas o pleno conhecimento do céu é adiado até o tempo em que lá chegarmos.
E as coisas más que virão são nossas também. Elas não podem nos fazer mal, elas não podem nos “separar do amor de Cristo”, Rom 8.35. Nada neste tempo presente nos será prejudicial, quanto a poder desfazer a bendita união de nossa alma com Cristo, como Paulo afirma em Rom 8, especialmente na parte final do seu discurso celestial onde afirma triunfalmente em Rom 8,38 39:
” Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.”
Isto porque todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, Rom 8.28. De modo que tudo contribui para o nosso bem e aperfeiçoamento espiritual, preparando-nos para o desfrute daquela vida melhor que há de se manifestar depois da nossa partida deste mundo.Tudo isto porque nós somos guardados pelo poder de Deus, através da fé, para a salvação que está guardada para nós, I Pedro 1.5.
É um grande conforto que nada deve nos separar, não, nem mesmo a própria morte. Mas este texto oferece uma exuberância de conforto acima disso, pois afirma que a morte é nossa, I Cor 3.22, e em sendo assim, nada deve nos separar de Cristo.
Assim, eu lhes rogo que se apoderem desta verdade para enfrentar o pensamento da triste separação da alma e do corpo. A morte separa estes dois velhos amigos, mas junta dois melhores amigos, a saber, a alma e Cristo.
A aplicação que o apóstolo pretende com o texto de I Cor 3.22-23, é principalmente, que o cristão tenha a plena convicção do tempo por vir assim como do tempo passado ou presente. Temos certeza do que temos tido, e do que temos, mas também devemos ter a mesma certeza quanto às coisas que ainda estão por vir, quer no futuro neste mundo, quer na glória celestial depois da morte do corpo; porque Deus e Cristo não são apenas Alfa e Ômega; também, Cristo não é somente o que era, que é e que há de vir, Apo 1.8. Ele é “Jeová, o mesmo eternamente”, Heb 13.8. E, portanto, como as coisas passadas não poderiam nos impedir de ser escolhidos e chamados, e as coisas presentes não podem nos prejudicar, porque elas são nossas; ou seja, a nosso favor; as coisas que virão, porque Deus e Cristo, que é o mediador em Deus, têm o comando de todas as coisas que virão. E, portanto, podemos estar assim tão certos e seguros das coisas futuras a partir das coisas presentes.
Que conforto é isso, que um cristão, quando ele está debaixo de grandes aflições, poder manter calma a sua mente e o seu coração com o pensamento de que tudo o que vier será sempre para o melhor, uma vez que todas as coisas são a nosso favor, por estarmos em Cristo.
Tudo é nosso para ajudar-nos para o céu, tudo é nosso para um fim de conforto e felicidade. Evidentemente não cabem aqui as coisas que são indecorosas e reprováveis, porque estas não são e nem devem jamais ser nossas. Cristo veio para nos tornar ricos das coisas de Deus, da sua própria santidade, e não das coisas mundanas e pecaminosas.