Muitos cristãos permanecem atrofiados e deficientes nas coisas espirituais, de modo que se apresentam sendo os mesmos ano a após ano. Nenhum salto de aperfeiçoamento espiritual é observado neles.
Eles existem, mas não “crescem nele em todas as coisas.” Mas deveríamos nos contentar em estar permanentemente na fase de erva, em vez de avançar até a espiga, e depois até o grão cheio na espiga? (Marcos 4.28). Deveríamos ficar satisfeitos em crer em Cristo, e dizer: “Eu estou seguro”, sem desejar conhecer em nossa própria experiência mais da plenitude que se encontra nele? Não deveria ser assim, devemos, como bons comerciantes no mercado do céu, desejar ser enriquecidos com o conhecimento de Jesus. Está tudo muito bem em guardar as vinhas de outras pessoas, mas não deveríamos negligenciar o nosso próprio crescimento espiritual e amadurecimento.
Por que deveria ser sempre tempo de inverno em nossos corações? Temos que ter o nosso tempo de semente, é verdade, mas somente por uma primavera – sim, uma estação de verão, que trará a promessa de uma colheita temporã.
Se quisermos amadurecer na graça, devemos viver perto de Jesus – em sua presença – amadurecidos pelo sol de seus sorrisos. Devemos manter doce comunhão com ele. Devemos deixar a visão distante do seu rosto e chegar mais perto, como João fez, e reclinar nossa cabeça sobre o seu peito; então nos encontraremos avançando em santidade, no amor, na fé, na esperança, sim, em todo o dom precioso.
Como o sol nascente aparece primeiro nos topos das montanhas e as doura com a sua luz, e oferece uma das mais belas vistas ao olho do viajante, assim é uma das contemplações mais deleitosas do mundo observar o brilho da luz do Espírito na cabeça de algum santo, que tem se levantado em estatura espiritual, até que, como um poderoso Alpes, coberto de neve, ele reflita em primeiro lugar entre os escolhidos, os raios do Sol da Justiça, e sustente o brilho do seu esplendor bem elevado para que todos que vendo isto, glorifiquem o seu Pai que está nos céus.
Texto de autoria de Charles Haddon Spurgeon, traduzido e adaptado pelo Pr Silvio Dutra.
Nota do tradutor: Aos “deveriamos” em forma de pergunta, do início do texto também acrescentaríamos, se deveríamos estar nos deixando influenciar por esta febre que se espalha pelo mundo inteiro, e especialmente em nossa nação, quanto ao cuidado exagerado com a aparência e com o corpo, contra uma negligência quase, senão total das necessidades do espírito. É evidente que o corpo deve ser cuidado, mas quando isto leva as pessoas a pensarem que são apenas um corpo e nada mais, isto é altamente perigoso.
Vemos nisto um artifício da parte do Inimigo para impedir ou atrapalhar, respectivamente, a vida espiritual que está em Cristo, ou o seu crescimento naqueles que a têm alcançado.