A verdadeira vida cristã na possui qualquer tipo de oferta de encantamento ou de emocionalismo ou fascínio para os sentidos carnais.
Isto explica o motivo pelo qual, pessoas desviadas da verdade, introduziram e têm ainda acrescentado inúmeras práticas de devoção pagã e mundana ao culto cristão, sem que haja qualquer apoio bíblico para tal procedimento.
A glória celestial é algo prometido e ainda a ser revelado para os verdadeiros cristãos. Não é algo para este mundo, mas para o por vir.
Não há de fato nenhum deslumbramento na rude cruz. Nenhum encantamento para os sentidos numa coroa de espinhos.
Nenhuma exaltação pessoal num ego auto-negado.
E estas são as principais propostas de Cristo para os Seus seguidores.
Certamente há uma alegria prometida e bem-aventuranças para os crentes neste mundo, mas isto se aplica especialmente à libertação deles das trevas do pecado e dos laços do diabo, e à obtenção de uma nova e viva esperança relativa à glória vindoura, a ser revelada com a manifestação da segunda vinda do Senhor.
Não admira portanto, que tão poucos se disponham a servir e a cultuar a Deus na sinceridade, verdade e simplicidade que são devidas a Cristo.
Se o culto de adoração for desprovido das luzes da ribalta, do som de música exuberante, ou de todo o aparato ritual criado pela imaginação dos homens, os que não forem crentes verdadeiramente esclarecidos segundo a verdade em Cristo Jesus, não ficarão satisfeitos e não se permitirão a si mesmos participarem dos cultos que não possuírem o encantamento que é tão comum de ser achado na maior parte dos cultos públicos de nossos dias, e que são moldados segundo práticas pagãs.
O culto cristão verdadeiro não é direcionado para agradar os sentidos, mas para o espírito. Não é direcionado para o agrado do homem, senão para o agrado de Deus.
O profeta Isaías contemplou profeticamente em que consistiria a verdadeira religião, a qual teria o mesmo caráter do Seu fundador, a saber, nosso Senhor Jesus Cristo, e assim se expressou:
“Pois foi crescendo como renovo perante ele, e como raiz que sai duma terra seca; não tinha formosura nem beleza; e quando olhávamos para ele, nenhuma beleza víamos, para que o desejássemos. Era desprezado, e rejeitado dos homens; homem de dores, e experimentado nos sofrimentos; e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum.” (Is 53.2,3)
O verdadeiro cristianismo não será admirado e aplaudido pelo mundo, mas desprezado e odiado, tal como sucedera com nosso Senhor em Seu ministério terreno.
A grande maioria da humanidade crê na mentira original do diabo proferida a Adão e Eva, de que não há juízo sobre o pecado e que o homem não morre.
Então a quase totalidade da humanidade vive na perseguição de prazeres, e conta com a continuidade destes prazeres carnais mesmo depois da morte, porque creem que seu espírito não morrerá. Muitos pensam que reencarnarão em outros mundos ou mesmo no planeta terra, e que não há qualquer juízo da parte de Deus sobre o pecado.
Todavia, ainda que o espírito do homem seja eterno, há juízo, há condenação, há inferno, há morte espiritual e eterna que consiste na separação eterna de Deus e da vida que somente Ele pode dar.
Assim, um dos propósitos do evangelho não é o de entreter, mas salvar do juízo vindouro e do inferno.
Jesus não veio para dar um maior estímulo aos prazeres carnais, mas exatamente o oposto disto, a saber, crucificar nossas paixões carnais.
Não veio para podermos dar maior expressão aos nossos desejos, mas para submetermos a nossa vontade à de Deus.
O verdadeiro cristianismo consiste na manifestação da vida do próprio Cristo em nós, mediante o poder do Espírito Santo. E o caminho normalmente usado para tal fim é o da oração e da meditação e prática da Palavra de Deus. E sabemos que Deus fez coisas poderosas no passado, usando pequenos grupos de pessoas que se reuniam com o propósito de orar em prol da salvação dos perdidos.
Oração e pregação da Palavra é a base da vida cristã.
Este é o principal meio escolhido por Deus para a propagação do evangelho.
O próprio louvor é muito mais uma atitude de exultação e adoração espiritual que procede da oração e do ouvir a Palavra, do que o mero ato de entoar cânticos, porque é possível cantar belas canções e não se possuir qualquer espírito verdadeiro de adoração, que é o pressuposto básico de todo verdadeiro louvor.
Você pode entender agora porque foram erigidos tantas catedrais suntuosas e outros locais de culto público, que foram construídos com o mesmo propósito de atrair pessoas, em competição com os locais de adoração pagã, com suas festas e seus rituais deslumbrantes.
Há portanto este propósito de produzir impacto, admiração, tal como os apóstolos, quando ainda inexperientes, sentiram em relação ao templo de Jerusalém, e nosso Senhor lhes disse que não ficaria dele pedra sobre pedra.
Nosso Senhor se encontra agora na plenitude de Sua glória, mas nós, enquanto neste mundo, somos chamados a participar dos Seus sofrimentos e vitupério, porque não nos encontramos aqui em Seu trono, e não temos também aqui uma coroa de glória, senão aflições e padecimentos que serão recompensados por Deus, depois de deixarmos este corpo de morte, e formos inteiramente absorvidos pela vida de nosso Senhor, quando o que é pequeno e humilde dará lugar ao que é grande e glorioso.
Por ora, nos convém a referida humildade para que não nos desviemos do alvo da soberana vocação em Cristo Jesus, por causa do orgulho espiritual, por sabermos quão fraca é a carne e disposta a buscar o que seja do agrado dos sentidos naturais, e não do que se refere ao espírito, que não se alimenta e se mantém do que é visível e passageiro, mas das coisas que são invisíveis e eternas.