De fato, agradar a Deus pelo cumprimento da Sua vontade, consiste muito mais do que se guardar os mandamentos morais da Lei dada a Moisés.
É óbvio que o cumprimento da Lei cerimonial e civil do Velho Testamento, inclusive a moral, pode ser cumprido pelo homem natural, mas somente o homem espiritual pode andar no Espírito Santo, sendo dirigido por Ele em todo o seu viver.
Por isso se testifica que a Antiga Aliança consistia em mandamentos carnais, porque podiam ser guardados pelo homem natural, e que a Nova Aliança está assentada na vida indissolúvel de Cristo nos crentes, capacitando os crentes a viverem e a andarem no Espírito.
“…visto ser manifesto que nosso Senhor procedeu de Judá, tribo da qual Moisés nada falou acerca de sacerdotes. E ainda muito mais manifesto é isto, se à semelhança de Melquisedeque se levanta outro sacerdote, que não foi feito conforme a lei de um mandamento carnal, mas segundo o poder duma vida indissolúvel. Porque dele assim se testifica: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque. Pois, com efeito, o mandamento anterior é ab-rogado por causa da sua fraqueza e inutilidade
(pois a lei nenhuma coisa aperfeiçoou), e desta sorte é introduzida uma melhor esperança, pela qual nos aproximamos de Deus.” (Hb 7.14-19)
Assim, o que foi dado por Deus a Israel, para confirmar a Antiga Aliança através de Moisés, foi a Lei escrita em tábuas de pedra.
E foi ordenado aos levitas que ensinassem a Lei a seus irmãos israelitas, para que a guardando, fizessem a vontade de Deus naquele antigo pacto.
Todavia, na Nova Aliança, o que foi dado por Deus aos crentes foi a vida do próprio Cristo, pelo derramar do Espírito Santo em seus corações, e é o próprio Espírito que gera a nova vida nos que se tornam crentes, e é quem imprime a Lei de Deus em suas mentes e corações, ou seja, que faz com que não apenas conheçam, mas que cumpram a vontade de Deus, como se afirma no texto de Jeremias 31.31-34.
Jesus tem assim manifestado o Seu poder de Mestre na Nova Aliança, não apenas ensinando a Sua Lei (vontade) aos crentes, como também é um Mestre capacitado a levá-los a cumprir o que lhes ensina.
Vemos que também neste sentido, os crentes não se encontram debaixo da Lei, e sim da Graça.Eles são gerados filhos de Deus pelo poder que Jesus lhes dá, e isto não pode ser realizado por meio da observância de mandamentos, mesmo os morais da Lei de Moisés.
Por isso se afirma que o fim, ou seja, a finalidade da Lei é Cristo, para a justiça de todo aquele que nEle crê. A mera sã moralidade, ainda que necessária e boa, não pode de si mesma produzir esta nova vida do céu. Por isso há uma convocação na Bíblia a que se busque imitar a fé dos bons líderes que demonstraram possuir a vida abundante do céu por causa da fé, pois que se testifica que o justo viverá da fé.
“7 Lembrai-vos dos vossos guias, os quais vos falaram a palavra de Deus, e, atentando para o êxito da sua carreira, imitai-lhes a fé.
8 Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente.
9 Não vos deixeis levar por doutrinas várias e estranhas; porque bom é que o coração se fortifique com a graça, e não com alimentos, que não trouxeram proveito algum aos que com eles se preocuparam.”(Hb 13.7-9)
A doutrina da Antiga Aliança, baseada na Lei, sendo pregada como meio de salvação, é uma doutrina estranha à do evangelho, porque não põe em realce a graça operante de Jesus para gerar vida nos que prestam culto a Deus, senão apresentar várias prescrições cerimoniais que eram figuras das realidades que se cumprem em Cristo, como a distinção entre alimentos limpos e imundos.
Assim, a Antiga Aliança estava fadada a desaparecer no conselho eterno de Deus, porque não fora instituída para gerar vida nos aliançados, tal como o faz a Nova Aliança em Cristo, e que por isso, é eterna.
A implicação prática desta verdade, deste ensino é que, os que desejam ser salvos por Cristo, devem colocar a Sua confiança completamente nEle próprio, que é o autor e o consumador da fé que produz a salvação.
É Ele quem batiza com o Espírito Santo e que distribui dons espirituais aos homens.
Por isso, o principal mandamento de Cristo é que creiamos nEle. Porque, sem ter fé nEle, nada da vida de Deus pode ser obtido por nós.
Intensifiquemos então as nossas orações confiando não no poder da própria oração, mas no próprio Cristo, e no Espírito Santo que intercede por nós com gemidos inexprimíveis.
Que toda a nossa confiança esteja depositada no Capitão da nossa salvação, e nem sequer nos meios de graça que usamos para adorá-lo e servi-lo, quanto mais em nossas próprias habilidades e capacitações pessoais.
Importa que toda honra e glória seja do Senhor, como se afirma no Salmo 115.
“Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao teu nome dá glória, por amor da tua benignidade e da tua fidelidade.” (Sl 115.1)
Pr Silvio Dutra