Por John Owen
“E uma visão apareceu a Paulo na noite: Lá estava um homem da Macedônia, e lhe rogou, dizendo: Passa à Macedônia, e ajuda-nos.” (Atos 16.9)
O reino de Jesus Cristo é frequentemente comparado nas Escrituras com coisas que crescem, – pequeno no início em sua primeira aparição, mas aumentando gradualmente até a glória e perfeição. A pedra disforme cortada, sem mão, não tendo nem forma nem beleza desejável atribuída a ele, torna-se uma grande montanha, enchendo toda a terra (Daniel 2.35).
A pequena videira tirada do Egito cobre rapidamente as colinas com a sua sombra, – a sua ramagem chega até o mar, e os seus ramos até ao rio (Sl 80.8). O renovo torna-se como os cedros de Deus; e o grão de mostarda uma árvore para as aves do ar para fazerem seus ninhos em seus ramos.
As montanhas são tornadas planícies, antes disso, cada vale é aterrado, e os caminhos tortuosos feitos retos; – e tudo isso, não somente é confirmado por vantagens exteriores, como também em direta oposição ao poder combinado de toda a criação, como caída e sujeita ao “deus deste mundo”, o príncipe do mesmo.
Como Cristo era um “renovo”, aparentemente fácil de ser quebrado; e “uma raiz de uma terra seca”, não facilmente florescente, ainda vive para sempre; como o seu povo e reino, – embora, como um “lírio entre os espinhos”, como “ovelhas no meio de lobos”, como uma “pomba rolinha” entre uma multidão de devoradores, – ainda permanece inabalável.
O principal fundamento de tudo isso é exposto nos versículos 6 a 9 deste capítulo 16º do livro de Atos, – que contém uma rica descoberta de como todas as coisas aqui embaixo, especialmente o que concerne ao evangelho e à Igreja de Cristo, são cumpridas em meio a inúmeras variedades e um mundo de contingências, de acordo com os movimentos regulares de um livre e eterno decreto imutável: de modo que todas as esferas inferiores, não obstante as irregularidades de seus próprios habitantes, apresentam-se em ordem conduzidas pelo primeiro Mover.
No versículo 6, os plantadores do evangelho são “proibidos de pregar a Palavra na Ásia” (aquela parte dela assim chamada) e, no verso 7, ao tentarem ir com a mesma mensagem à Bitínia, eles são proibidos pelo Espírito Santo em suas tentativas; mas são chamados para um lugar em que os seus pensamentos não estavam em nada fixados: – os quais foram chamados e proibidos “segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade” (Ef 1.11).
E, sem dúvida, na dispensação do evangelho em todo o mundo, até este dia, há uma igual conformidade que é encontrada no padrão dos decretos eternos de Deus; embora os mensageiros não os tenham conhecidos previamente por revelação, mas descobrindo-os nos efeitos, pela poderosa obra da Providência.
Entre outras nações, este é o dia da visitação da Inglaterra, “o Sol nascente das alturas” tem visitado este povo, e “Sol da justiça” que se levanta sobre nós, “com cura em suas asas;” – um homem da Inglaterra que pediu por ajuda, e pela livre graça de Deus tem sido socorrido pelo evangelho.
Agora, neste dia, três coisas devem ser feitas, para guardar os nossos espíritos no cumprimento deste dever, de salgar nossas almas através de humilhação.
Primeiro, para nos tirar o orgulho de nosso próprio desempenho, empreendimentos, ou qualquer valor inerente a nós: “Não é por amor de vós, fique bem entendido, que eu faço isto, diz o Senhor Deus. Envergonhai-vos e confundi-vos por causa dos vossos caminhos, ó casa de Israel.”, – ó casa da Inglaterra (Ez 36.32).
Em segundo lugar, para acabar com a corrupção ateística que deprime os pensamentos dos homens, não lhes permitindo, nos mais altos padrões da Providência, olhar acima das contingências e causas secundárias; embora Deus, estar fazendo “todos os nossos trabalhos para nós” (Isa 26.12); e dado “a conhecer a todas as suas obras, desde o início do mundo” (Atos 15.18).
Em terceiro lugar, para mostrar que a maior parte destas pessoas estão ainda no deserto, longe de seu lugar de descanso, como ovelhas errantes sobre as montanhas, como uma vez estivera Israel (Jer l.6), – ainda como a pedir ajuda pelo evangelho.
(Nota do tradutor: O homem da Macedônia que apareceu numa visão noturna ao apóstolo Paulo não foi um fruto da sua imaginação, mas uma revelação do Espírito Santo para lhe orientar onde deveria ser o próximo passo a ser dado na evangelização do mundo na ocasião.
Disso se depreende que a par de existirem muitos esforços missionários que não se encontram debaixo da direção de Deus, como havia nos próprios dias do apóstolo, sempre haverá este controle do próprio Deus na evangelização do mundo, para que se cumpra o Seu propósito eterno de salvar a todos aqueles que tem dado a Seu Filho Jesus Cristo.)
Parte introdutória de um extenso sermão de John Owen, traduzida e adaptada por Silvio Dutra.