Vemos no décimo capitulo do profeta Oseias que Israel havia sido castigado de vários modos pelo Senhor, mas havia juntado novas forças para continuar pecando. O Senhor pretendia curá-los dos seus pecados. Porém Israel havia produzido novos frutos como uma videira. Quer dizer, depois que Deus havia feito a vindima, favorecendo o povo com as Suas bênçãos, Ele tornou a favorecer com novas bênçãos, preparando-o para uma nova produção de frutos.
Mas o que aconteceu? O que Israel fez com as bênçãos que havia recebido do Senhor? O que temos feito na Igreja com a plenitude de unção que temos recebido do Espírito? Usamos o que recebemos para gastar no serviço do Senhor e para viver de acordo com o seu caráter e vontade?
O profeta diz que de acordo com a abundância do seu fruto, Israel multiplicou os seus altares. Em vez de aumentarem a adoração e o serviço ao Senhor, eles usaram toda a prosperidade que receberam para servir a outros deuses e aos seus próprios interesses. Assim, Deus reclama que o povo de Israel, depois de ter sido juntado de novo, caiu pela sua própria maldade.
Os castigos deveriam ter induzido Israel a retomar a pura e verdadeira adoração de Deus. Todavia, o Senhor não somente reprova o povo por estar obstinado, como também por terem aumentado os seus vícios, pois se diz que multiplicaram, isto é, aumentaram ainda mais as suas práticas pecaminosas. E isto era como uma conspiração horrível para Deus, porque juntaram novas forças, depois de terem sido castigados, não para servi-lo, mas para pecarem, para multiplicarem altares.
O Senhor havia removido a Sua glória do meio deles, mas eles não se arrependeram de seus pecados, e não renovaram os votos de fidelidade, que Lhe haviam feito de guardarem a Sua aliança e mandamentos. Eles não levaram em conta as coisas que lhes estavam sucedendo, porque, aos seus olhos carnais, a vida deles seguia o mesmo rumo que sempre havia seguido, a saber, fora da presença de Deus e do Seu poder, e portanto, parecia-lhes que nada haviam perdido, e que não estavam perdendo nada, afinal, até mesmo a prosperidade material deles estava aumentando.
Apesar de Deus lhes ter mostrado através de evidências muito claras, que a adoração de coisas vãs não Lhe agrada, e que isto era para Ele a maior das abominações, Israel não se arrependeu quando foi castigado e depois abençoado por Deus, recebendo abundância de bens em sua terra. Eles não se voltaram para o Senhor depois dEle ter retirado a Sua mão corretiva de sobre ele misericordiosamente. Este ensino é muito útil. É uma boa doutrina, pois que por ela aprendemos que o Senhor ao infligir castigos sem rigor extremo, geralmente há uma tendência do seu povo, ainda hoje, mesmo na Igreja de Cristo, a voltar à prática do pecado, tão logo reúna novas forças nos momentos de calmaria, quando não se encontram debaixo da disciplina de Deus.
Seus espíritos ficam de novo insolentes e obstinados diante do Senhor, ainda que sendo alvo de Suas bênçãos. Devemos portanto, usar a repreensão dirigida pelo profeta Oseias à nação de Israel, para a nossa própria instrução. É preciso vigiar pois para que não voltemos ao pecado depois de estarmos experimentando dias de bênçãos e refrigério, depois de termos saído da tempestade pela misericórdia do Senhor.
Agora veja que o profeta diz que quanto melhor a terra, mais belos os altares. Isto quer dizer que eles fizeram ídolos elegantes, preparados com muito esmero; e gastaram nisto muito dinheiro, tempo e forças. E eles pensavam que estavam com isso demonstrando uma adoração mais santa e consagrada a Deus em razão do seu esforço, trabalho e doações que estavam fazendo para sustentar todo aquele aparato religioso. Eles pensavam que estavam dando uma grande demonstração do seu zelo para com Deus.
Como Israel no deserto eles haviam se desviado da adoração verdadeira, segundo as diretrizes estabelecidas por Deus, para aquilo que era fruto da própria imaginação deles; porque haviam feito um bezerro de ouro e disseram que aquele ídolo era o Deus que lhes havia libertado do Egito.
É muito comum para a natureza humana a criação de ídolos que são o fruto da própria imaginação do homem, e adorá-los pensando estar prestando com isto verdadeiro culto de adoração a Deus. E para tanto não é necessário que esta imaginação seja materializada ganhando forma na construção de uma imagem de escultura. Não importa, em todo o caso, falar dos resultados tanto quanto importa falar da verdadeira causa disso que é o distanciamento do Senhor pela vitória da carne, pelo fato de se andar na carne e não no Espírito.
Quando a alma não é reta para com Deus, por não se andar na Sua vontade, obedecendo os Seus mandamentos, ela errará o alvo da verdadeira adoração porque esta só pode existir quando é em espírito e em verdade, e isto significa sobretudo estar vivendo em santidade de vida em estrita obediência à Palavra de Deus. Não pode haver adoração verdadeira onde não há santidade, e esta é sobretudo praticar a Palavra de Deus, pois que Jesus disse: “santifica-os na verdade, a tua palavra é a verdade.”. É o Espírito Santo quem nos santifica quando meditamos na Palavra e a praticamos. Ele usa a Palavra para a nossa santificação.
Israel estava multiplicando altares numa adoração vã, porque o Senhor não estava naquilo, e não era a Deus que eles estavam adorando, mas a própria forma de culto que eles haviam criado. E fizeram isto porque não estavam santificados, não estavam andando de fato com Deus, amando e cumprindo os Seus mandamentos.
Ninguém está livre disto, e é preciso então estar santificado, andando no Espírito, guardando a Palavra do Senhor, do que estar buscando novas formas de adoração, quando aquelas coisas essenciais relativas à santificação não estão presentes.
Quando a vida não é reta para com Deus não pode haver nenhuma adoração verdadeira, senão idolatria, sob qualquer forma, ainda que se pense que se está adorando ao Senhor.
Podemos não estar dando forma ao ouro para fazer um bezerro, mas é possível que o ouro e a prata e tudo o que eles podem comprar, continuem sendo o único deus que governe o nosso coração.
Deus é puro espírito. Não nos iludamos portanto, pensando que é a Sua bênção que temos obtido pelo simples fato de termos prosperidade neste mundo. Lembremos que Jesus disse dos ricos segundo o mundo, que dificilmente um deles entra no reino de Deus, apesar de toda a vida regalada e próspera que eles possam ter aqui na terra. Se Paulo disse em seus dias as palavras a seguir, de I Cor 7.29-31, quanto mais não devemos nós, para quem os últimos dias são chegados, vivermos de tal maneira?
“29 Isto, porém, vos digo, irmãos, que o tempo se abrevia; pelo que, doravante, os que têm mulher sejam como se não a tivessem;
30 os que choram, como se não chorassem; os que folgam, como se não folgassem; os que compram, como se não possuíssem;
31 e os que usam deste mundo, como se dele não usassem em absoluto, porque a aparência deste mundo passa.”
O tempo da volta o Senhor está muito mais abreviado agora do que nos dias de Paulo. Tudo passará, nada levaremos conosco deste mundo, é tempo portanto agora, mais do que nunca, de investirmos nas coisas que são espirituais, celestiais e eternas, pois logo, logo, haveremos de estar para sempre na presença do Senhor, e importa que nos apresentemos perante Ele, não com a vergonha dos ídolos, que juntamos e adoramos, mas com nossas mãos cheias das obras de justiça, que praticamos para a glória do Seu santo nome.
Sejamos pois, cada vez mais cheios do Espírito Santo e do Seu poder.
Conheçamos e obedeçamos e apliquemos a Palavra de Deus, cada vez mais às nossas vidas, e então conheceremos qual é a verdadeira e duradoura bênção de Deus que nunca permitirá que nos afastemos da Sua presença, e que sejamos aperfeiçoados para toda boa obra.
Lembremos que o bezerro de ouro que Israel havia adorado por dois séculos foi enviado enfim por Deus para a Assíria, uma terra idólatra, que era o lugar dos ídolos e dos idólatras, tal como o tormento eterno é o lugar destinado para aqueles que adoram falsos deuses.
Por fim haverão de ser enviados para o seu próprio lugar, todos aqueles que se recusam a servir somente ao Senhor, apesar de todo o Seu esforço para tentar nos livrar disso, e de toda a longanimidade e misericórdia que usa para conosco abreviando o juízo, na expectativa de que nos arrependamos, tenhamos fé em Cristo, pratiquemos o que é justo, para que vivamos eternamente em Sua presença.
Baseado em Oseias 10