Não existe algo como o chamado exclusivismo dos cristãos, até mesmo porque ninguém é cristão por nascimento, pois se requer a conversão a Cristo, que muitas vezes ocorre até mesmo no final da vida de muitos neste mundo.
Tudo o que se prega no evangelho, e na Palavra de Deus como um todo, quanto à distinção entre os que servem e os que não servem a Deus, os que o amam e aqueles que não o amam, enquanto se vive aqui embaixo, não configura e nem mesmo seria possível configurar, uma distinção de caráter exclusivista com vistas a beneficiar uns poucos contra o malefício de muitos.
Assim, o caráter da pregação e do ensino evangélicos não visa intimidar, perturbar ou até mesmo recriminar aqueles que não se converteram ainda a Cristo, ou que não venham a se converter, porque o motivo de tal pregação e ensino é sempre por amor e para convidar à participação do amor divino, por meio do arrependimento e da fé em Cristo.
Os grandes alertas e até mesmo ameaças constantes da Palavra de Deus contra a incredulidade relativa à verdade revelada, tem em vista despertar para o grande perigo desta posição, uma vez que sem a recepção voluntária do amor de Deus em nossos corações, não será possível alcançar aquele estado de bem-aventurança eterna que ele tem prometido conceder a todos os que forem perdoados e justificados dos seus pecados por causa da união deles com o Seu Filho Unigênito. Para ilustrar esta verdade, estamos inserindo a seguir uma tradução e adaptação de parte de um texto de autoria de Charles Simeon, em domínio público, intitulado: Obediência, a Prova do Nosso Amor.
“Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele.” (João 14.21)
É suposto por muitos, que professarmos uma certeza de nossa aceitação por Deus é uma grande presunção. Mas, ao mesmo tempo, reconhecemos que como uma profissão pode ser feita muito erroneamente, e por pessoas que enganam as suas almas, nós não podemos admitir que não exista tal coisa como uma certeza bíblica da nossa salvação; ao contrário, afirmamos que a consciência de uma mudança tão grande como ocorre na conversão não pode deixar de existir em algum grau, e que nosso bendito Senhor ensinou todo o seu povo a esperar: “Naquele dia sabereis que eu estou no meu Pai , e vós em mim, e eu em vós.” Se de fato tal persuasão fosse para ser entretida sem ser submetida a qualquer teste, seria muito perigoso, mas, se tivermos uma regra infalível pela qual se possa prová-la, então nós não temos nenhuma razão para duvidar.
A verdade é que, nesta mesma passagem em que o Senhor sancionou uma garantia do nosso estado, ele estabeleceu um critério pelo qual todas as nossas profissões devem ser julgadas: nenhuma experiência nossa que não for achada em conformidade com esse padrão, nos dá o direito de esperar as recompensas e a consolação do seu Evangelho.
Não devemos imaginar que a adoção de certos sentimentos, ou a união de nós mesmos a um determinado conjunto de pessoas, ou a manifestação pública de preceitos sociais ou religiosos, com uma forte confiança sobre a segurança de nosso próprio estado; tudo isto, somente, não comprova que exista o verdadeiro amor a Cristo na alma. Há uma marca, e somente uma, pela qual podemos formar qualquer decisão de julgamento sobre os estados dos homens, e que é, “por seus frutos os conhecereis”. Os únicos que realmente amam o Senhor Jesus Cristo, são aqueles que revelam uma consideração verdadeira para com os seus mandamentos. Eles os guardam em seus corações.
Aqueles que “amam sinceramente o Senhor Jesus Cristo” desejam uma perfeita conformidade com sua mente e vontade. Com isto em vista, eles estudam seus mandamentos: não os leem de uma forma superficial, mas meditam neles, e os buscam, e imploram a Deus para abrir-lhes à sua mente ao entendimento deles, e são gratos por qualquer luz que possa ser lançada sobre eles, mesmo que estes mandamentos condenem as suas próprias condutas; eles entesouram a verdade dando-lhe boas-vindas em suas mentes, e a ocultam em seus corações, como uma regra de sua conduta, para que não mais pequem contra Ele.
Aqueles que verdadeiramente amam a Cristo sempre andarão no caminho de seus mandamentos.
Se alguém investigar a sua conduta geral, irá encontrá-los trabalhando não tanto para a carne que perece, mas para aquilo que permanece para a vida eterna. Eles buscam primeiro o reino de Deus e a sua justiça e não ajuntam tesouros na terra, mas no céu.
Assim, não serão achados aprisionados a vaidades, egoísmos, iras, porque são ordenados a preferir os outros em honra antes de si mesmos.
Eles serão achados estando contentes em quaisquer circunstâncias, e não murmurando, ou rancorosos e vingativos, porque sabem que não devem julgar os outros; ao contrário estão dispostos a perdoar seus ofensores.
Este é o critério pelo qual todo homem deve ser julgado quanto à certeza da salvação, e, embora existam imperfeições, mesmo no melhor dos cristãos autênticos, todavia isso permanece verdadeiro, quanto a revelar o caráter comum de todos os que realmente amam a Cristo; todos os demais, sejam eles quais forem, somente enganam as suas próprias almas.
“Sabeis também que ele se manifestou para tirar os pecados, e nele não existe pecado.
Todo aquele que permanece nele não vive pecando; todo aquele que vive pecando não o viu, nem o conheceu.
Filhinhos, não vos deixeis enganar por ninguém; aquele que pratica a justiça é justo, assim como ele é justo.” – 1 João 3:5-7
Tiago 1:22 Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos.
Tiago 1:26 Se alguém supõe ser religioso, deixando de refrear a língua, antes, enganando o próprio coração, a sua religião é vã.
Mat 7:21 Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.
Mat 7:23 Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade.