Carregar alguém na barriga enquanto esse alguém cresce por nove meses ininterruptos deve doer.
As costas, as pernas, os braços, a pele, tudo se modifica para que o bebê cresça dentro daquele espacinho chamado Mãe. Ah, isso deve doer.
O parto, seja como for, já tem a dor na sua rotina. Antes, durante e depois dar a luz deve doer um bocado. Nasceu, doeu.
Amamentar deve doer, o bebezinho só pensa em se alimentar e a mãe sabe que, mesmo com dor, o filho precisa do seu leite, então, “mama meu filho com dor e tudo”.
Carregar no colo, ninar, fazer a papinha, cuidar da tosse, limpar o cocô, acordar cedinho sem nem dormir direito, esquecer de tudo e de si pra cuidar de quem chegou agora e já tomou o tempo todo. Esta perda de si, ainda que seja puro amor, um dia dói.
Ensinar a criança deve doer. É preciso paciência, persistência e fé. Ensinar e receber nada em troca, ensinar e receber pirraça em troca, ensinar e ensinar e ensinar, é isso deve doer sim.
Ver o menino pequeno crescer, pensar por si, decidir errar mesmo depois de tudo que se ensinou, com certeza deve doer.
E agora que o bebe cresceu ele parte, segue sua vida, vai ser pai ou mãe, vai sentir dor também e, quem já experimentou isso sente a dor de quem não pode poupar o filho de passar pelo ciclo dolorido da vida: gerar, criar e ensinar a voar. Essa alegria deve doer.
Será que as mães não sabem disso tudo? Se sabem então por que insistem ? Por que não contam logo umas as outras e acabam com essa história de ser mãe e sentir dor? As mulheres deviam se reunir, protestar e acabar com essa tal maternidade que tanta dor traz. Sei lá, mas acho que se os homens fossem “os mães” já tinham feito isso a muito tempo. Seria o fim da dor-de-mãe. Seria o fim da humanidade.
Só encontro uma a resposta à essa anti-logica maternal – As Mães amam tanto que nem percebem que ser Mãe dói. Durante a gravidez a expectativa da chegada daquele “estranho lindo” não deixa as dores se destacarem mais que o amor ao que vai chegar. Depois que o neném nasceu elas estão tão felizes e cheias de amor que nem lembram que doeu, ai, quando o filho cresce ela nem percebe mais a dor e se enchem de orgulho e esperança; “esse homem é meu filho, essa mulher é minha filha” – dizem orgulhosas as mamães que, agora, sabem que tudo isso foi gerado com dor, mas testemunham, valeu a pena.
Entender eu ainda não entendo, minha lógica masculina não alcança grandeza da graça de mãe. Meu coração de filho, pai e marido, só consegue dizer obrigado. Muito obrigado. Mais que presentes quero dar-lhes minha gratidão, mais que presentes quero dar-lhes meu amor.
Que o Pai dê a todos nós essa capacidade de sentir dor sem esquecer que, as lágrimas de hoje serão os sorrisos do amanhã. Essa esperança faz o doer valer a pena. As Mães parecem que já nasceram sabendo disso.
Um beijo fraterno as Mães, filhos e irmãos.
Pr. Fabio Teixeira
http://menteiluminada.blogspot.com