Esse tipo de frase ecoa quase que sempre nas igrejas evangélicas nos dias de hoje. Camuflada de “grandes” pregações avivalistas e músicas gospel por aí a fora, se tornou muito comum nos movimentos neopentecostais. Os jargões não param por aí! Dizem que, pelo fato de estarem andando no caminho de Deus, ele é obrigado a fazer a parte dele no que diz respeito em satisfazer todas as suas necessidades pessoais (Veja o link: http://www.youtube.com/watch?v=dkZxVGpnwBo). Mas há uma necessidade de analisar se isto é realmente bíblico. O que as Escrituras nos ensinam acerca disso? Será mesmo que aquele que tem promessas de Deus não morre? Veremos.
Primeiro vamos aqui definir promessas nas Sagradas Escrituras.
Promessas específicas. Nas Escrituras temos alguns casos de promessas que foram feitas a pessoas específicas e que não devem ser tomadas ao pé da letra para qualquer um de hoje em dia. São promessas que não foram formuladas com a intenção de ser válidas para todos os crentes. É o caso de Abraão, por exemplo, onde Deus prometeu fazer dele uma grande nação e abençoá-lo (ver Gn. 12.2). Vemos que Deus foi objetivo em sua promessa e em sua revelação progressiva, cumpriu tudo o que disse. Abraão teve fé na promessa, não as viu cumprir e morreu. Outro caso quem podemos ter como exemplo é o de Simeão, que a ele, e somente a ele, o Espírito Santo o revelou (vemos Deus ainda se revelando) que ele não morreria antes de ter visto o Cristo do Senhor (Ver Lc. 2.26).
Promessas da própria natureza de Deus. Estas são promessas que podem ser aplicadas em qualquer época, inclusive nos dias de hoje, que tem profunda relevância tanto no AT quanto no NT e que mesmo assim morremos. Um exemplo disso é o que está escrito em Isaías 55.11, que faz referência à eficácia da Palavra de Deus: “Assim será a palavra que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia; antes, fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a enviei”. Essa promessa está baseada inteiramente na soberania profunda de Deus. Como o versículo está baseado na natureza de Deus (natureza imutável), ele fala de algo que é verdade em qualquer tempo e em qualquer lugar.
Promessas paralelas no Cânon. Este é o princípio mor na interpretação das Escrituras, onde a Bíblia interpreta a própria Bíblia e que qualquer passagem que possa contradizer outro versículo, a mesma está incorretamente interpretada. Ao interpretar uma promessa de Deus, a chave é deixar o contexto determinar o seu verdadeiro significado.
Além disso, se por “morte” entendemos como morte física, temos um problema. Se todas essas promessas que eles dizem, devem se cumprir antes de morrermos, como ficarão então aqueles que Jesus afirmou “que matarão uns e perseguirão a outros”, ou seja, morrerão? E os nossos irmãos que foram mortos e que morrem ainda hoje por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram, como visto em Apocalipse 6.9? Pelo contrário – sua grande fé será justamente a causa de serem odiados e perseguidos e finalmente, quando continuarem a perseverar nessa fé, mortos.
Não vamos muito longe, vamos vendo casos e casos de crentes que morrem em acidentes de carro, queda de avião, náufragos e até mesmo assassinados injustamente. Estes morreram (e morrem…) e nem por isso aplicamos a eles um atestado de incredulidade. Vamos dizer então que eles não tinham promessas ou que não tinha fé suficiente pra se “tomar posse” da promessa?!
Agora quando tratamos de morte espiritual, a coisa é diferente. Uma vez que herdamos a morte pela nossa natureza pecaminosa deixada por Adão, e a vivência na prática do pecado se tornou rotineira, a única promessa que cairá sobre estes é a da ira de Deus e só. Deus resgata a alma e todos os seus servos e não punirá aqueles que Nele confiam. Mas para estes, uma promessa leva a outra sendo que o fim é o mesmo, o juízo eterno.
Seja como for, as promessa de Deus continuam espalhadas pelas Escrituras e muito bem ditas, basta apenas um pouco de tempo, paciência e bom senso para que se interprete conforme Deus quis que elas fossem interpretadas sem que se precise ser um erudito ou doutor de interpretação, embora Deus tenha colocado dentre o povo mestre, doutores e sacerdotes com a intuição de facilitar o entendimento de vários assuntos complicados.