Neste, e nos capítulos anteriores, o apóstolo demonstrou com argumentos sólidos que a condição do melhor dos homens, diante de Deus é de completa miséria por causa do pecado.
Então, ainda que o fato de ser judeu tenha em si alguma vantagem, porque foi aos israelitas que Deus revelou Sua Palavra, e por meio deste povo que trouxe Cristo ao mundo e com Ele a Sua salvação, no entanto, quanto ao que diz respeito à condição de escravidão por causa do pecado original, os judeus se encontram nas mesmas condições em que se encontram os gentios aos olhos de Deus.
Todos que são libertos o são somente pelo modo descrito pelo apóstolo, sobretudo nos versos 9 a 18, das coisas que são condenadas pela Lei, de maneira que toda boca se feche diante de Deus, quanto à tentativa de alegar diante dEle qualquer tipo de justiça ou mérito pessoal.
Pela exposição dos versos 3 a 8, Paulo demonstrou que o fato de alguns judeus, na verdade a maioria deles, não viver em conformidade com a vontade de Deus, por não serem convertidos, não demonstrava que a fidelidade de Deus havia sido aniquilada; ao contrário, comprovava que Ele é fiel em cumprir o que prometeu, porque apesar de toda sua infidelidade quanto à antiga aliança, por cerca de 14 séculos, deu-lhes ainda um Salvador.
Assim, a injustiça deles trouxe à luz a bondade e a misericórdia de Deus, na pessoa de Jesus.
Deus permitiu e tem permitido a longa existência do pecado no mundo, para exibir o quanto é longânime, perdoador, misericordioso, justo e bondoso.
Todavia, aqueles que afirmam que é bom praticar o pecado, porque a graça tudo perdoa, demonstram com esta sua atitude que não conhecem de fato a Cristo, porque caso fossem convertidos, saberiam que os que assim pensam encontram-se condenados por permanecerem na prática deliberada do pecado, como Paulo afirma em Rom 3.8.
É importante lembrar, que já a partir deste capítulo, o grande tema dominante desta epístola é o da justificação pela graça mediante a fé, sem o concurso das obras.
Paulo falou também de santificação, a partir do sexto capítulo.
É muito importante ter sempre isto em vista ao estudar esta epístola, para que não se faça uma confusão entre justificação e santificação, pois a justificação e a regeneração são instantâneas e acontecem no momento em que a pessoa se converte e passa a ter a habitação do Espírito Santo. Isto ocorre de uma vez para sempre, sem ser anulado. São atos irrevogáveis de Deus.
Já a santificação é um processo, de negar-se a si mesmo e carregar a cruz seguindo a Jesus dia a dia. É o ato que dura toda a vida, e consiste no despojamento do velho homem e do crescimento na graça e no conhecimento de Jesus.
Então, ao dizer que por obras da lei ninguém pode ser justificado, o apóstolo não estava negando a importância da lei, mas mostrando que ela não tem nenhuma participação no trabalho que é realizado para a nossa justificação e regeneração, senão somente nos convencer que somos pecadores e que necessitamos, portanto de um Salvador.
Deste modo, Paulo fechou este capitulo dizendo, que a fé do evangelho não está destinada a remover a lei, mas confirmar a lei, isto é, tanto sabemos pela fé o quanto a lei de Deus é perfeita em mostrar o Seu caráter e a nossa miséria, e o quanto podemos viver de modo que satisfaça as exigências da lei, somente quando somos convertidos pelo evangelho da graça de Cristo.
Paulo afirma no verso 32:
“Anulamos, pois, a lei pela fé? De maneira nenhuma, antes estabelecemos a lei.”