“É por eles que eu rogo; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus. Já não estou no mundo, mas eles continuam no mundo, ao passo que eu vou para junto de ti. Pai Santo guarda-os em teu nome, que me deste para que eles sejam um, assim como nós” (Jo 17.9,11).
Amados, sabe quando às vezes uma pessoa precisa repetir muitas vezes uma palavra até assimilarmos e fazermos algo que alguém nos pede ou deseja? E muitas vezes apesar dos esforços em repetir, a pessoa parece que não ouve, porque está mais preocupada em si? Normalmente esse alguém é autoridade sobre nossas vidas, quer em casa, quer no trabalho, igreja ou mesmo numa faculdade.
Mesmo assim, parece que uma surdez proposital nos invade e nos fingirmos de loucos quando alguém nos pede algo.
Por sermos crianças ainda, não entendemos porque muitas vezes nos pedem para fazermos algo e não fazemos. E assim acontece com esta palavra de Deus às igrejas de hoje:A palavra de Unidade.
Pois é, isso não é diferente em relação aos filhos de Deus e o propósito de Deus.
Nesta palavra, na oração sacerdotal, Jesus expressa a vontade Dele na unidade do Corpo daqueles que servem a Ele. Na verdade a palavra pedir seria inadequada para este pedido e nosso Salvador suplica com instância, ou seja, “roga” ao Pai que guarde os crentes em Seu nome. Por três vezes neste versículo o Senhor Jesus roga ao Pai pela unidade.
Esse mesmo pedido com urgência foi feito pelo Apóstolo Paulo em sua carta aos Efésios:
“Rogo-vos, pois, eu, prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados, com toda humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vinculo da paz; há somente um Corpo e um Espírito, como fostes chamados numa só esperança da vossa vocação, há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, a qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos”.
Mas porque tanto o Senhor Jesus como o Apóstolo desejavam e suplicavam pela unidade entre os irmãos?
1) “Porque o reino dividido em si mesmo ficará deserto (é devastada) e toda cidade ou casa dividida contra si mesma não subsistirá”.
Jesus nos fala que aquele quem com Ele não ajunta, espalha e quem não é contra nós é por nós. Esta palavra foi falada pelos religiosos que diziam que Jesus expulsava os demônios pelo poder de Belzebu. E essa mesma religiosidade é que vem separando e dividindo o Reino, a Igreja. O pior da divisão não é a separação em si, mas a blasfêmia contra o Espírito Santo. E é por isso que muitos se separam. Quantas foram às vezes que o Espírito Santo quis renovar algumas igrejas, mas as doutrinas, o sistema de homens e a religiosidade sufocaram o derramamento do Espírito nesses locais. Gerações vêm e vão, mas o “espírito de religiosidade” continua a atacar e separar o Corpo através de métodos, doutrinas e toda sorte de invenções religiosas.
Outro motivo que divide a Igreja é o ciúme. Em Mc 9.40 os discípulos de Jesus recriminaram um homem que expelia demônios em nome de Jesus, mas que não o seguiam. O ciúme entre os homens de Deus tem cada vez mais dividido o corpo. Por não pensar igual, o ciúme tem invadido as igrejas e muitas flechas de ciúme vem de púlpitos, o que é pior. Poucos são os que discernem essas flechas e se defendem com o escudo da fé, mas muitos são influenciados por essas flechas de ciúme.
As flechas muitas vezes têm efeito tão maléfico que a separação é inevitável em alguns casos. E um reino dividido acaba sendo mais fácil para que o diabo retarde muito das bênçãos que o Senhor tem preparado para seu povo, como foi com Israel no Êxodo. O diabo acaba usando desta “legalidade” que a Igreja deixa para tentar destruir o Reino de Deus. Mas apesar disso, sabemos que o nosso reino não é deste mundo e temos a promessa que seremos ricos em fé e herdeiros do reino que ele prometeu aos que o amam.
2) Porque ali o Senhor ordena a sua benção. Salmos 133 diz:
“Oh, como bom e agradável viverem unidos os irmãos, pois ali o Senhor ordena a sua benção. É como óleo precioso sobre a cabeça, o qual desce para a barba de Arão e desce para a gola de suas vestes. É como orvalho do Hermom que desce sobres os montes de Sião. Ali ordena o Senhor a sua benção e a vida para sempre”.
São muitos os exemplos onde houve a unidade dos irmãos desde o NT até os dias de hoje e ali o Senhor ordenou a sua benção. Como exemplo podemos citar a promessa do Espírito Santo em Pentecostes. Jesus havia feito um pedido a seus discípulos que não dispersassem, nem se ausentassem de Jerusalém até que fossem revestidos de poder. Isto era uma promessa tremenda que se cumpriu. Que estratégia magnífica do Senhor ter feito justamente na Festa de Pentecostes onde estariam todos reunidos, judeus e gentios. E realmente o Senhor ordenou as suas bênçãos e muitos prodígios e sinais foram feitos por eles, bem como muitos (quase três mil pessoas) aceitaram a palavra de Jesus como Salvador e foram batizados.
Quão difícil é isso atualmente onde a palavra mais dita é o “meu” ministério. Com essa unidade se havia perseverança, temor a Deus, alegria, singeleza de coração, louvores a Deus e um fato maravilhoso: contavam com a simpatia do povo. Tudo isso feito através de uma obediência a Deus acima dos próprios interesses. Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum a ponto de não haver necessitado entre eles. A unidade era tamanha que ao orarem tremia o lugar onde estavam reunidos e ficavam cheios do Espírito Santo e quando se reuniam no Pórtico de Salomão muitos sinais e prodígios eram feitos, contando sempre com a admiração do povo.
Há algum tempo atrás um movimento do Espírito Santo em unidade sacudiu também o lugar chamado Azuza. Isso faz apenas 100 anos foi em 1906 e ali também o Senhor ordenou a sua benção. Todas vezes que a Igreja se levanta em unidade, frutos virão. Na década de 80 muitos jovens casais de diversas denominações se uniram em congressos e reuniões e muitos frutos podem se ver hoje no nosso Brasil (em ministérios e numero de crentes).
Espera-se que neste início de século, em outros encontros de unidade da Igreja, o Senhor possa derramar abundantemente de suas bênçãos.
3) Para que todos cheguem a unidade da fé:
Muitos falam de avivamento, mas poucos são os que com humildade, mansidão e longanimidade querem pagar o preço da unidade do Espírito e se esforçam diligentemente para preservar esta unidade no vínculo da paz.
Atualmente, são poucos que em algumas igrejas tem se unido não por algo em comum como doutrinas ou métodos, mas por uma visão de corpo,sabendo sim que são diferentes, mas vivendo em conformidade com a palavra de Deus, em unicidade de Espírito, num verdadeiro avivamento. A palavra diz que há somente um corpo e um Espírito, numa só esperança da vossa vocação, havendo um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos que age e está em todos. A palavra diz que ele concedeu os ministérios com vistas ao aperfeiçoamento dos santos, para o desempenho do seu serviço e para a edificação do corpo de Cristo até que todos cheguemos a unidade da fé e o conhecimento pleno de Cristo. Pois, somos um corpo com muitos membros.
O que seria de um ministério apostólico se não houvesse outro profético para mostrar uma visão de Reino. E o que seria do ministério profético se não houvesse o apostólico conduzindo a um crescimento do Reino. Só que tanto alguns ministérios proféticos, como apostólicos acham que um não depende de outro. E alguns esquecem quem é o cabeça (Cristo) e que Ele é quem comanda o corpo.
A unidade da fé trará a maturidade espiritual que a Igreja de Cristo precisa e fará que não caiamos em doutrinas absurdas, bem como, artimanhas de homens que induzem ao erro. Com este conhecimento de Deus não seremos mais meninos. A unidade trará uma mesma linguagem, um mesmo pensamento e parecer. E ainda que os homens involuntariamente dividem-se entre si, sabemos que Cristo não está dividido.
4) Para que não sejamos intimidados pelos adversários:
O Senhor sabia que os cristãos teriam lutas e que alguns adversários tanto espirituais, bem como, de ordem terrena se levantariam para nos intimidar. Paulo sabia que seus irmãos teriam alguns adversários e que deveriam estar unidos e firmes. Foi por isso que ele pedia que eles estivessem estabelecidos, em um só espírito, com uma só alma e lutando juntos pela fé evangélica. Como podemos despojar, ou seja, saquear o inferno se não estivermos num só espírito e alma. Como podemos deixar de ser intimidados pelos nossos inimigos, se entre nós mesmos ainda existe contenda e o só existir entre nós demandas já é completa derrota para nós.
O Senhor nos roga que falemos todos a mesma cousa e que não haja entre nós divisões, antes, sejamos inteiramente unidos na mesma disposição mental e parecer. Pois, não pertençamos a esse ou a aquele homem, nem fomos salvos por essa ou aquela denominação, mas pelo Filho unigênito do Pai que é Um com Ele e Seu Espírito Santo.
5) Pois só assim muitos saberão que somos filhos de Deus e crerão em Jesus:
A palavra diz que o mundo espera com ardente expectativa a manifestação (revelação) dos filhos de Deus. O mundo anseia conhecer a Deus e sabemos que os “espelhos” da glória Dele somos nós, mas havendo divisão, embassamos a imagem de Deus. Deveríamos ser a Sua imagem e semelhança, entretanto acabamos distorcendo a visão para o mundo. Sabemos que quando Ele se manifestar seremos semelhantes a Ele, porque haveremos de vê-lo como ele é. Porém, o nosso corpo corrupto ainda será visto pela humanidade, o que não devemos fazer é não dar “brecha” para que o mundo nos veja desta forma. Quando contendemos por algo e existe litígio entre nós arranhamos a imagem de Deus perante o mundo, ainda mais que nós iremos julgar este mundo. E isto já é completa derrota para nós.
A palavra fala que assim como o Pai e Jesus são UM, também nós sejamos Um com eles para que o mundo creia e conheça que o Pai enviou seu Filho por amor a humanidade. Quando obtivermos o segundo mandamento em nossos corações, o de amarmos nossos irmãos poderemos ver além de nossas limitações naturais e essa visão será vista pelo mundo. E os filhos de Deus são manifestos, porque não vivem na prática do pecado. Aqueles que não são deles (filhos do diabo) não praticam justiça, nem amam seu irmão. Não adianta crer em Jesus, se não amamos uns aos outros. A verdadeira unidade começa no Amor.
Uma irmã muito amada uma vez disse: Se temos a mesma esperança em Cristo, se vamos viver juntos lá, porque não vivemos unidos aqui?
Existem promessas que poderíamos antecipar aqui, não acha?
Mas, infelizmente repetimos Jerusalém (com sua religiosidade), entristecemos o pedido de Jesus. Uma vez Jesus disse: “Jerusalém, Jerusalém, que mata os profetas e apedrejas os que te foram enviados! Quantas as vezes quis eu reunir teus filhos como a galinha ajunta os dos seu próprio ninho debaixo das asas, e vós não o quisestes. Eis que vossa casa ficará deserta” (Lc 13.34-35).
Casa deserta significa uma casa vazia, sem Espírito, apenas um sistema religioso como qualquer outro. Não deixe que isso ocorra com a Igreja de Cristo, meu irmão. Não deixe a casa deserta, para o ladrão fazer a festa. Ore para que sejamos Um, esforça-te para que sejamos Um.
Ouve, Igreja… ainda há tempo para que sejamos UM.
E veremos que não só haverá o maior avivamento que já se viu nesta terra, com muitos sinais e maravilhas, mas faremos a vontade dAquele que nos tirou do império das trevas para sua maravilhosa luz (I Pe 2.9).