Antes de despejar suas pragas sobre o Egito, quando o Senhor enviou Moisés a faraó no princípio, Ele mandou que lhe fosse dito que caso não deixasse ir o seu filho (Israel) para que O servisse, Ele mataria o filho primogênito de faraó (4.23), mas como isto não sucedeu imediatamente, é bem provável que tenha sido este um dos motivos do endurecimento de faraó, no entanto o Senhor havia deixado este juízo, em Sua misericórdia, para o final.
Se faraó Lhe obedecesse antes, certamente seria evitada toda aquela mortandade de primogênitos no Egito, mas o Senhor conhecia o coração endurecido daquele homem, e sabia que ele não obedeceria e não se humilharia a não ser por um juízo forte como este, que o levasse a temer pela própria vida.
Afinal, não era fruto do acaso que morressem somente os primogênitos tanto de pessoas quanto de animais, naquela noite terrível, e nem mesmo um só cão dos israelitas sequer rosnou.
A matança das crianças israelitas por faraó receberia a justa retribuição da parte de Deus, que mataria não os filhos mais moços, mas exatamente os mais velhos, a saber, os primogênitos do Egito.
O capítulo décimo primeiro de Êxodo é uma espécie de introdução e anúncio daquilo que está descrito no capítulo seguinte.
É bem possível que muitos daqueles israelitas que foram livrados da morte dos primogênitos, quando o destruidor passou pela terra do Egito à meia-noite, porque estavam no interior das casas onde o sangue do sacrifício de animais havia sido passado nas vergas e umbrais das portas, tenham se perdido eternamente, por não terem sido justificados pela fé, no entanto, nenhum dos aliançados com Deus, por estarem debaixo da cobertura do sangue de Cristo, jamais se perderá eternamente, pois a promessa do Senhor é de que todo aquele que participa do Seu sangue, tem a vida eterna.
Assim, aquela libertação do cativeiro egípcio, apesar de ter sido uma realidade histórica, configurou uma figura, uma ilustração daquela grande e eterna libertação que é somente pela cobertura do sangue de Jesus, na vida daqueles que se colocam voluntariamente debaixo de tal cobertura.
É por isso que imediatamente antes da saída do Egito, foi ordenado que todas as famílias dos israelitas consumissem o cordeiro pascal, e as características daquele cordeiro, que deveria ser sem mancha e defeito; que não poderia ter nenhum de seus ossos quebrados; que deveria ser consumido inteiramente, e cujo sangue deveria ser passado nas portas para ser visto pelo destruidor, que ao ver o sangue se desviaria e não destruiria a ninguém que estivesse debaixo daquela cobertura, é uma figura perfeita de Jesus como o Cordeiro pascal que nos faz passar da escravidão ao pecado para a liberdade da santidade de Deus.
A palavra páscoa no hebraico significa passagem. Indicando que houve uma passagem do destruidor pelas casas marcadas com o sangue do cordeiro, mas o destruidor teve que pular aquelas casas porque estavam com a cobertura do sangue.
E é exatamente pelo mesmo motivo que os crentes não são destruídos, pois estão sob a cobertura do precioso sangue de Jesus.
E é importante destacar que o motivo da morte dos primogênitos egípcios seria exatamente a falta de cobertura deste sangue, e da participação da páscoa, isto é, de se alimentarem do cordeiro que foi morto para que os primogênitos israelitas não fossem mortos.
Isto é portanto indicativo de que aqueles que não estiverem debaixo da cobertura do sangue de Jesus, perecerão, porque não há outra forma de se escapar da condenação eterna.
Para marcar que é muito importante para Ele a libertação do seu povo do cativeiro, Deus determinou que o dia da saída do Egito seria o primeiro dia do ano dos hebreus, e aquele mês passaria a ser o primeiro mês deles, que foi chamado de Abibe e corresponde aos nossos meses de março/abril.
Desta forma, seriam celebrados dois eventos a um só tempo, todos os anos, em Israel, o primeiro relativo àquele fato histórico da saída do cativeiro egípcio com Moisés, e o segundo à libertação do cativeiro do pecado com Jesus, do qual aquele primeiro era apenas uma figura.
Certamente, os israelitas não tinham o segundo evento em perspectiva, mas sabemos que era principalmente este que estava em perspectiva nos propósitos de Deus, tanto que a morte de Jesus aconteceu exatamente no dia da celebração da páscoa dos judeus.
A eficácia da salvação e do livramento da morte está portanto no Cordeiro e no sangue do Cordeiro, e não em qualquer coisa ou obras daqueles que são salvos.
É por isso que a Páscoa deveria ser celebrada em todas as gerações futuras de Israel, e especialmente as crianças deveriam ser ensinadas sobre o significado daquela celebração.
Por ela saberiam que o Senhor fez distinção entre o Seu povo e os egípcios, tendo libertado os israelitas da morte, por causa do cordeiro e do seu sangue, quando o destruidor passou à meia-noite e matou todos os primogênitos deles, quer de homens quer de animais.
E a Páscoa ensinava de modo tão claro e distinto que era uma festa para ser celebrada para os que estão aliançados com Deus, pois o livramento que lhes deu no Egito havia sido por causa desta aliança, que todo estrangeiro que desejasse participar dela teria antes que se naturalizar israelita, submetendo-se à circuncisão.
Do mesmo modo só podem participar da vida do Cordeiro aqueles que estão aliançados com Deus pela fé nEle.
E se alguém ainda não está aliançado, terá que se arrepender e crer, de modo que, pela conversão, possa participar efetivamente de Cristo, nosso Cordeiro pascal, pela circuncisão do seu coração, ou seja pelo despojamento da vida carnal.
O anjo destruidor havia passado, pulado (páscoa) as casas dos israelitas e não matou os seus primogênitos.
Assim também por causa de Cristo, que é nossa páscoa, a morte eterna tem que passar ao largo de nós, e não pode nos destruir, porque estamos debaixo da cobertura do sangue do Cordeiro.
Quando ocorreu a morte dos primogênitos, faraó sofreu um duro golpe no seu reino e teve que libertar o povo de Deus.
De igual forma Satanás sofreu um duro golpe quando foi despojado por Cristo e exposto ao desprezo, de modo que não lhe restou e não lhe resta outra alternativa, senão a de libertar as almas que se encontram cativas por ele, quando elas correm para debaixo da cobertura do sangue de Jesus.
Jesus o amarra com o Seu poder e ele não pode fazer outra coisa senão libertar aqueles que se encontravam sujeitos à sua vontade.
E assim como o reino de faraó foi subjugado e humilhado por Deus, de igual modo o reino de Satanás foi também subjugado e humilhado.
E os egípcios foram despojados pelos israelitas, não por força, mas tiveram que lhes dar voluntariamente tudo o que de fato lhes pertencia, porque foram por anos seguidos explorados por eles, sem receberem qualquer reconhecimento ou salário.
Deus estava portanto obrigando os inimigos de Seu povo a lhe restituírem de volta o que lhes pertencia de direito.
A paz, a comunhão, o amor, bens e tudo o mais que os homens deveriam ter com Deus, e que Satanás lhes roubou, induzindo o primeiro casal ao pecado, exercendo domínio por usurpação e não por direito legal, têm que ser devolvidos a eles, ainda que não haja nenhuma paz, amor e bens verdadeiros e duradouros na posse do diabo, mas é principalmente ele quem impede que os homens entrem na posse de tais coisas, por mantê-los aprisionados às correntes do pecado.
Porém, quando são libertados por Cristo, o diabo é despojado da sua influência e poder sobre eles, e são assim transportados das trevas para a luz e do poder do inimigo para Deus.
Quatrocentos e trinta anos haviam se passado, conforme a promessa que o Senhor havia feito a Abraão, e agora, depois de passados tantos anos, a promessa estava tendo cumprimento cabal, e assim sucede com todas as promessas do Senhor, elas não são demoradas, apenas são cumpridas no tempo por Ele determinado, e a nós compete apenas reconhecer e aceitar o tempo de Deus, enquanto aguardamos com paciência e esperança pela Sua fidelidade em cumprir tudo o que tem prometido.
Deste modo, podemos esperar com confiança a ressurreição do corpo, o arrebatamento da igreja, o governo com Cristo na terra no milênio, a habitação das muitas moradas do céu, o aperfeiçoamento em glória, a libertação de toda forma de pecado, e o melhor de tudo, poder contemplar a face amada do Senhor na glória celestial.
Baseado em Êxodo 11 e 12