Você tem algum espinho na carne? O espinho na carne se confunde um pouco com a cruz de cada dia, imperfeições pessoais, negação do ser, baixa autoestima ou interferência extra para nos manter no equilíbrio, quando somos levados à exaltação pessoal, resultado de algo que recebemos de alguém e de Deus o criador.
Precisamos procurar conhecer a razão dos nossos espinhos na carne, que pode ser também uma enfermidade física, ou emocional. Uma pessoa invejosa, maldizente, que tem dificuldade de relacionamento possui um, ou mais espinhos, não só no interior, mas também no exterior, porque sai por aí espinhando a tudo e a todos. Nesses casos são espinhos adquiridos e mantidos pelos portadores. Têm pessoas que não ficam sem um espinho porque possuem uma personalidade masoquista. Elas sentem dor, mas conseguem um estranho prazer em tê-la, esses são os maus espinhos, que devem ser retirados.
Todos os espinhos possuem suas causas, estar atento e tentar responder a seguinte pergunta: Por que sofro, ou por que carrego esses espinhos é fundamental para quem está em direção ao autoconhecimento, para quem deseja crescer em maturidade pessoal. É claro que, carregamos os espinhos naturais inerentes às imperfeições humanas; esses permanecem e são imprescindíveis.
Esses espinhos naturais são positivos. Isto é possível ver até no mundo psíquico. Segundo a psicanálise freudiana o aparelho psíquico é composto de três elementos fundamentais para formar a personalidade: Id, Ego e Superego. Os três estão sempre discordando um do outro, mas todos trabalham para aperfeiçoar ou manter o ser humano em equilíbrio. O Id, apesar de ter a função instintiva de sobrevivência do humano é exagerado, porque busca de todas as formas fugir do desconforto em busca do maior prazer e não tem tolerância para a frustração.
O recém-nascido possui apenas o Id, exigindo o máximo da mãe que oferece carinho e todo conforto, apazigua sua fúria, na medida em que vai administrando, até que apareça o Ego que traz a seguinte mensagem ao bebê: – Ei! Você veio para um mundo diferente, aqui a gente só sobrevive em parceria e no equilíbrio. Se derem tudo que você exige, você “morrerá de fato, de prazer” – O ego cresce incorporado ao Id se tornando um mediador entre o mundo interno e externo, ajudando a criança a controlar seus impulsos. O ego se torna um espinho na carde do Id, -, diga-se de passagem, um espinho bom. A criança vai percebendo que precisa se relacionar com o mundo social, com direitos e deveres, certo e errado. Depois surge o Superego que é o grande opositor do Id, um tipo – pai radical e repressor que diz, vai dar tudo errado, nada de prazer. O Id e o Superego atuam nas duas extremidades e fora da realidade, mas o Ego aparece como apaziguador da crise, um mediador competente, sábio conselheiro, que mostra que a única forma de viver bem é no campo do equilíbrio, onde é possível conter as pulsões e compulsões, buscando o prazer mas, com limitações e gerenciamento.
Tem muita gente hoje que é: social, mental ou espiritualmente regida por essas forças irreais e inconscientes, em função de alguma desordem na personalidade.
Para não me estender mais nessa área, um tanto complexa, devo afirmar que, o espinho na carne deve fazer o papel de Ego, para levar a pessoa a ter uma personalidade ideal, uma vida de equilíbrio e paz, onde o prazer da vida não está no excesso, mas no suficiente, como o alimento para o organismo.
O apóstolo Paulo teve uma experiência incrível com o celestial e depois um espinho na carne: “Para impedir que eu me exaltasse (…)foi me dado um espinho na carne (…) para me atormentar (…) Roguei ao Senhor que o tirasse de mim. Mas ele me disse: Minha graça é suficiente para você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza…(2 Co 12.7).
O que recebemos de Deus, não deve nos levar ao orgulho e a exaltação. Quando isso acontece, então entra em ação o espinho, do qual queremos ficar livres e muitas vezes podemos, mas Paulo resolveu consultar ao Senhor, e a resposta foi: É melhor para você ficar com o espinho e com a graça. Esses dois elementos trabalhando em conjunto conduz à maturidade nas áreas: pessoal, relacional, espiritual, ministerial. As rosas é que são belas, os espinhos é que picam. Mas são as rosas que caem, são os espinhos que ficam”.
Só para traçar uma linha paralela, entre a psicanálise freudiana e a experiência paulina temos: Paulo –Personalidade; deslumbramento da visão,satisfação – Id; espinho na carne- ego; Ficar livre do espinho – Id; abandone tudo, nada vai dar certo – superego; espinho e a graça – ego e a ação de Deus. Depois Paulo afirma: “Portanto eu me alegrarei ainda mais alegremente em minhas fraquezas para que o poder de Cristo repouse em mim”. – Felicidade, bem-estar depois da descoberta da sua experiência pessoal.
A graça de Deus está para o homem como a bússola para o marinheiro, e o mapa para o viajante. Por mais que a humanidade se apegue às orações, à bíblia, à igreja, e a todos os seus ensinamentos e ritos, se dispensar a graça, entra no caos, porque perde o senso de direção para a vida e os propósitos de Deus, tendo muitas dificuldades de detectar o que acontece com o seu mundo pessoal, tornando-se refém de si mesmo e perdendo o autocontrole, o domínio próprio, a visão de mundo.
É por causa disso que estamos absorvendo fácil, estanhas teologias, que escravizam no lugar de propor libertação. Deus nos chamou para a liberdade, não obstante os espinhos e outras adversidades. Como escreveu o filósofo catarinense, Humberto Rohden: “A maior desgraça para qualquer ser vivo, racional ou irracional é não ter inimigo, não encontrar dificuldades a vencer, não ter de lutar contra potências adversas”. Se você não encontrar nenhuma adversidade, mas deseja fazer a vontade de Deus, então deixa isso com ele, que certamente vai providenciar um “espinho na carne”, para que a fraqueza seja reconhecida, a graça revelada e o poder que aperfeiçoa plenamente revelado.
Pr. Francisco Meirinho
[email protected]
www.prmeirinho.zip.net
www.ministerioemanuel.com
www.moysesferreira.com