“Antes de ser afligido andava errado, mas agora guardo a tua palavra” (Salmo 119.67)
A finalidade da aflição que nos vem de Deus, é para reconduzir o seu povo desviado para o caminho reto.
O homem possui uma natureza desviada, apta para abandonar o caminho que conduz a Deus e à verdadeira felicidade. Somos todos assim por natureza: Isa 53.6 “Todos nós, como ovelhas, nos desviamos.”
As ovelhas superam todas as demais criaturas, quanto a estarem sujeitas a se perderem, e se não forem cuidadas e guardadas da melhor maneira possível, fogem e são incapazes de voltar ao redil por si mesmas.
Desviar-se de Deus é a condição comum a toda humanidade. Mas os crentes estão menos sujeitos a isto depois de terem recebido a graça? Não; nós somos, em parte, ainda assim. O melhor de nós, se for deixado por sua própria conta, quão breve se desviará do caminho certo!
Desde que recebemos a graça, todos nós temos os nossos desvios; embora os nossos corações sejam ajustados para andarem com Deus para o principal na vida cristã, mas sempre e logo estamos nos desviando da nossa obediência, transgredindo os nossos limites, e negligenciando o nosso dever. Bem que Davi tinha razão em dizer, Sl 119.176 – “eu ando desgarrado como ovelha perdida: Oh, procura o teu servo!”
Nós nos extraviamos, não somente por ignorância, mas por perversidade de inclinação: Jer 14.10 – “Assim eles gostavam de andar errantes, e não detiveram os seus pés. “Temos corações que amam vagar; amamos mudanças, ainda que seja para pior, e assim estaremos fazendo excursões para os caminhos do pecado.
Por isso, as aflições são comparadas nas Escrituras ao fogo que purga a nossa escória: 1 Pedro 1.7 -“Para que, uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo;”. As aflições são comparadas também à poda da tesoura que corta os ramos inúteis, e faz com que os demais sejam mais frutíferos: João 15.2 – Então, lemos em Heb 12.11 – “Toda disciplina, com efeito, no momento não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza; ao depois, entretanto, produz fruto pacífico aos que têm sido por ela exercitados, fruto de justiça.”.
Portanto, não devemos ficar desanimados quando Deus usa as aflições para o nosso próprio bem.
“e estais esquecidos da exortação que, como a filhos, discorre convosco: Filho meu, não menosprezes a correção que vem do Senhor, nem desmaies quando por ele és reprovado; porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe. É para disciplina que perseverais (Deus vos trata como filhos); pois que filho há que o pai não corrige?” (Heb 12.5-7).
Não devemos portanto suportar as aflições com falta de sabedoria, com uma mente insensata, que possa nos impedir de alcançar o propósito de Deus que se encontra embutido nelas. Qual pai ficaria contente com a rejeição por parte de seus filhos, de sua disciplina e correção?
Por que o homem se queixaria do castigo merecido do seu pecado? Sobretudo quando isto é feito pelas mãos de um Pai de amor?
O fim da correção pela aflição é o nosso arrependimento e a nossa transformação, tanto para corrigir o pecado passado, quanto para prevenir o pecado ainda por vir.
Assim, ainda que gemamos dizendo: “Senhor, dá-me outra cruz, mas não esta!”, devemos reconsiderar o dito irrefletido de nossos lábios, e aceitarmos com submissão voluntária a cruz que Deus sabe de antemão, que é a única que se ajusta para a correção da nossa condição. Trocá-la por outra não produzirá o efeito esperado por Deus em nós.
Deus não sente prazer em nos afligir, isto lhe dói em seu coração de Pai perfeitamente amoroso que é. “Ele não aflige, nem entristece os filhos dos homens, de bom grado” (Lam 3.33).
Afinal todo este enfraquecimento do pecado e do nosso ego carnal tem em vista possibilitar o nosso fortalecimento com a graça.
Daí estar escrito: Prov 24.10: “Se te mostras fraco no dia da angústia, a tua força é pequena.”