Estudo Bíblico: Longanimidade Comprovada na Prática
Desde que nosso Senhor Jesus Cristo instituiu uma nova dispensação (a da graça) com a Sua morte e ressurreição, foi instituído também um tempo de completa longanimidade para com todos os pecadores.
Muitos juízos que eram imediatos nos dias do Velho Testamento sobre determinadas práticas, como por exemplo, a da idolatria, da impureza sexual, do homicídio doloso, entre outras, têm sido postergados para o Dia do Juízo Final, durante o período da dispensação da graça em que vivemos.
Todavia, vemos muitas demonstrações desta graça divina operando mesmo nos dias do Antigo Testamento, como podemos ver no relato constante do final do 21º capítulo de I Reis, e deste podemos entender a razão pela qual Deus permite que pessoas ímpias prosperem por um longo tempo enquanto vivem neste mundo.
O perverso Acabe havia se humilhado diante do Senhor por causa do juízo que proferiu contra ele pela boca do profeta Elias.
Ainda que aquela fosse uma humilhação de um arrependimento apenas externo, e não do coração, porque continuou nos seus pecados, tendo apenas ficado abatido e temeroso do mal que foi proferido sobre ele e sobre a sua casa, por causa de todos os males que praticara em Israel, e principalmente por ter se apoderado da vinha de Nabote, que foi o fato catalisador daqueles juízos.
Foi tal o impacto da palavra de Deus através de Elias sobre ele, que rasgou as suas vestes, jejuava e andava vestido de saco (I Reis 21.27).
Com isto ele conseguiu mover a compaixão e a bondade de Deus, não para revogar o juízo, mas para adiar a execução relativa ao extermínio da sua casa, que não seria feito enquanto ele vivesse, mas nos dias em que seu filho estivesse reinando depois dele.
Mas não foi dado a ele o conforto de sabê-lo, porque o Senhor não lhe revelou a sua decisão, mas ao profeta Elias (v. 29).
Esta passagem nos ensina muito sobre a grande longanimidade e bondade de Deus, porque se um homem como Acabe com uma penitência parcial, e um arrependimento apenas externo conseguiu prolongar a vida da sua casa, então um penitente sincero que tenha se arrependido em seu coração dos seus pecados, terá de fato não somente a sua vida prolongada na terra, como irá justificado para a sua casa celestial, para estar para sempre na presença de Deus.
As faltas de Acabe eram imensas e terríveis, mas poderiam também serem perdoadas, para efeito de justificação, caso ele se arrependesse realmente dos seus pecados, ainda que não fosse livrado das consequências deles, e dos justas correções do Senhor.
Não foi pouca coisa que o Senhor considerou em sua longanimidade em relação a ele, porque o crime praticado contra Nabote, seu vizinho do palácio, que ele tinha em Jizreel, na tribo de Issacar, foi extremamente abominável, pois foi perpetrado para consumar a satisfação de um desejo, contra o mandamento que diz “não cobiçarás”, e mais do que satisfazer uma cobiça, era na verdade para tentar abafar o seu descontentamento em não poder anexar à sua propriedade o vinhedo vizinho, que pertencia a Nabote.
Quando Nabote se recusou a vender-lhe a propriedade ou trocá-la por uma outra, porque era uma herança que vinha passando de pais para filhos desde a antiguidade, Acabe ficou de tal modo desgostoso e indignado que se recusava a comer porque havia perdido a fome.
E quando ele expôs o caso a Jezabel ele estava se vendendo a ela para que tomasse a iniciativa maligna, que ele certamente sabia que ela tomaria para que o seu desejo fosse satisfeito.
E a perversa Jezabel realmente formulou um plano diabólico, de modo que os filhos de Nabote não poderiam reclamar o seu direito à herança, depois que ele fosse morto, porque morreria acusado falsamente de ter cometido um crime de estado, pois seria testemunhado contra ele, por duas pessoas de Belial, que ele havia blasfemado contra Deus e contra o rei, de maneira que um tal crime faria com que Nabote fosse morto por apedrejamento, e não daria o direito de posse aos herdeiros legítimos, e desta forma Acabe poderia assumir o direito vitalício sobre a propriedade de Nabote.
Para isto Jezabel usou o sinete real, que ao que tudo indica deveria ser usado por ela em várias outras ocasiões, debaixo da omissão do rei em favor dela, para praticar as suas maldades, como por exemplo a de obtenção do apoio dos anciãos para exterminar os profetas do Senhor.
Esta era Jezabel e não admira que tenha sido profetizado contra ela por Elias que seria devorada pelos cães (v. 23).
O descontentamento é um grande pecado diante do Deus bondoso e provedor, que cuida especialmente das necessidades dos Seus filhos.
O descontentamento é um pecado que traz consigo o seu próprio castigo, pois atormenta os homens, entristece os seus espíritos e enferma o corpo.
Por isso é ordenado aos cristãos que em tudo deem graças, porque em vez de descontentamento pelas suas circunstâncias presentes, deveriam aprender a suportar as suas cruzes com o pensamento fixado nas misericórdias que desfrutam, especialmente a relativa ao reino futuro que aguarda por eles.
Pr Silvio Dutra