A religiosidade produz morte espiritual e engano. Ela substitui a glória e o mérito de Cristo por nossas obras e formas. Quando menos percebemos, nossos olhos só percebem e valorizam a forma como é feito e não para quem e por quem fazemos. A motivação da adoração a Cristo vem da posição de destaque na congregação, do tempo de conversão, de títulos, das habilidades e dons e não do livre amor com que nos amou Deus. Isso é formalismo religioso, farisaísmo. Nesse estado, a comunhão já está engessada e se resume apenas nas lembranças do passado. O poder da graça está anulado.
No episódio em que os israelitas guerrearam com os filisteus no início de 1 Samuel, há uma profunda lição para nós que buscamos e amamos a Deus. As Escrituras afirmam que num momento de batalha eles decidiram trazer a arca para o campo de batalha acreditando que aquilo seria determinante para o triunfo, ato visivelmente baseado no sucesso da empreitada em Jericó, quando a arca, como símbolo da presença de Deus, os conduziu à vitória.
O que eles fizeram, dessa vez, foi trazer uma caixa de madeira e nada mais. Isso foi uma espécie de idolatria, pois confiaram a um simples artefato o triunfo sobre os filisteus. Como pano de fundo desse ato suicida, está um sacerdócio falido e a voz de Deus interrompida. No início os filisteus até temeram, já que a história mostrava que o Senhor dos exércitos era decisivo em batalhas, mas com um discurso inflamado de um deles, todos saíram à peleja e venceram.
É horrível quando falamos da presença de Deus, ministramo-la com os nossos rituais de cada dia, palestramos sobre ela, mas na verdade sua eficácia e poder estão absolutamente distantes da nossa realidade. Quando isso acontece, só vemos a madeira da caixa, a letra ou as experiências passadas, mais nada. Criamos ídolos para representá-la porque ela já não opera mais em nós. A religiosidade sempre exige seus deuses.
Às vezes me pego procurando pela presença simples e confortante de Jesus; isso porque ela teima em ser substituída por algo que minha intelectualidade insiste em criar; uma espécie de cópia. Você já se sentiu tão sozinho e tão desesperado por ela a ponto de fazer qualquer coisa para tê-la novamente? Então, já me encontrei assim. Mas não fico decepcionado e nem frustrado, pois a Bíblia me ensina como encontrá-la. Glórias a Deus por isso.
Nesses casos, sempre me vem à mente a narrativa do sofrimento de Jesus nos momentos finais de sua crucificação quando ele solta um brado de desespero e profundo abandono.
A minha segurança quanto à garantia da Presença de Deus em mim vem dali. O Filho de Deus que desde a eternidade desfrutava de íntima e inefável comunhão com o pai, que não sabia o que era um milionésimo de segundo sem essa ligação se vê ali sob juízo por causa do pecado. Não dele, mas meus e teus. Por mim, por você, Jesus aceitou beber desse amargo cálice para que nossa comunhão com o Pai jamais fosse quebrada ou interrompida. A cruz vazia denuncia isso.
Eis aí a garantia de nossa comunhão com Deus e sua presença em nós. Cristo morreu e ressuscitou? Então sua presença jamais pode nos ser negada. Está baseada no meu conhecimento, nos meus esforços e na minha capacidade de buscá-la e percebê-la? Não! Mil vezes não! Está baseada em Cristo, a rocha, o sólido fundamento de nossa vida com Deus!
Dessa verdade emana o poder, a presença e a comunhão do Pai. Ela dispensa ritos, formas, aparências porque é descomplicada e desvinculada à religião de homens. Seu poder nos transforma e nos molda à semelhança do nosso Amado. Quando a temos, de fato, experimentamos a vontade de Deus. Nós a encontramos através, somente, de uma fé simples na pessoa de Jesus.
Portanto, não precisamos acreditar em madeiras ou nos objetos inventados pelos religiosos de plantão que querem nos fazer achar que desfrutamos de intimidade e comunhão com Cristo por meio dessas criações. A nossa segurança é Ele. Nossa garantia é Ele. Você não precisa ir a ninguém, viajar a lugar algum ou pagar um centavo por ela. Ela lhe é dada de graça, por meio da Graça! Ela está disponível a você exatamente aí onde você está. Minha alma exulta em Cristo, se alegra e se derrama nele, por que, como nos diz o Salmo 18, Jesus é o nosso refúgio, socorro e escudo. Ele é a nossa rocha e estamos ligados a Ele por Amor e Poder eternos! Ele é a nossa vitória!