Apesar da proteção dada ao Messias, Ele não teria possessão permanente neste mundo. Do mesmo modo que o crente Abraão não construiu casa na terra da promessa, antes habitou em tendas em função de aguardar a cidade que tem fundamentos ( Hb 11:9 -10), de Cristo foi predito que nenhum mal chegaria a sua tenda, indicando que Ele não faria casa neste mundo “E disse-lhe Jesus: As raposas têm covis, e as aves do céu, ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça” ( Lc 9:58 ).
O que é um Salmo?
Para muitos os salmos são poesias destinadas a cânticos, mas segundo a Bíblia, os salmos constituem-se profecias.
Como na antiguidade parcela esmagadora da população não sabia ler e escrever, não era proveitoso apenas converter as profecias em textos formais e transcreve-las em papiro. Para suprir a deficiência de leitura (educação) do povo, o salmista e rei Davi separou alguns dos seus homens versados em música para escreverem profecias em forma de poesias para serem cantadas e acompanhadas ao som de instrumentos musicais, o que facilitaria o processo de memorização das profecias pelo povo “E DAVI, juntamente com os capitães do exército, separou para o ministério os filhos de Asafe, e de Hemã, e de Jedutum, para profetizarem com harpas, com címbalos, e com saltérios; e este foi o número dos homens aptos para a obra do seu ministério:” ( 1Cr 25:1 ).
Com o mesmo cuidado com que separou os capitães do seu exercito, o salmista separou os filhos de Asafe, Hemã e de Jedutum para profetizarem com auxílio de instrumentos musicais. Portanto, ao ler um Salmo é necessário interpretá-lo profeticamente, pois o ritmo e a rima são questões secundárias nas poesias hebraicas.
Quando os salmistas compunham os Salmos, não estavam produzindo uma obra de arte que sensibilizasse o emocional dos seus ouvintes. Também não estavam produzindo um composto de palavras com funções místicas. Os salmos também não foram produzidos para expor as mazelas do dia a dia dos salmistas e de seus compatriotas.
Os salmos foram produzidos para expor ao povo características próprias e específicas do Cristo para que pudessem identifica-Lo quando viesse ao mundo, portanto, durante a leitura dos Salmos somos informados acerca da natureza, do ministério, da vida e da morte de Cristo.
Quando o apóstolo Pedro postou-se diante dos judeus que mataram o Cristo, lembrou o povo do que escreveu o salmista Davi no Salmo 16 e, em seguida, expôs a verdade sobre Jesus: “Porque dele disse Davi: Sempre via diante de mim o Senhor, Porque está à minha direita, para que eu não seja comovido; Por isso se alegrou o meu coração, e a minha língua exultou; E ainda a minha carne há de repousar em esperança; Pois não deixarás a minha alma no inferno, Nem permitirás que o teu Santo veja a corrupção; Fizeste-me conhecidos os caminhos da vida; Com a tua face me encherás de júbilo” ( At 2:25 -28).
O apóstolo Pedro também cita o Salmo 110 para falar de Cristo: “Porque Davi não subiu aos céus, mas ele próprio diz: Disse o SENHOR ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, Até que ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés” ( At 2:33 -34).
Se alguém quer conhecer verdadeiramente quem é o Cristo de Deus, necessariamente precisa conhecer os Salmos. Conhecer e ler os Salmos como profecias mudará a concepção do leitor acerca de quem é Cristo ( Mt 22:42 -46; At 8:34 ; At 2:30 -31).
Não basta imprimir o Salmo abaixo e coloca-lo em uma moldura, antes é necessário compreende-lo! Andar com este Salmo impresso junto ao corpo não trará a tão almejada proteção angelical, pois as promessas nele contidas são eminentemente messiânicas.
Salmo 91
Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará.
Direi do SENHOR: Ele é o meu Deus, o meu refúgio, a minha fortaleza, e nele confiarei.
Porque ele te livrará do laço do passarinheiro, e da peste perniciosa.
Ele te cobrirá com as suas penas, e debaixo das suas asas te confiarás; a sua verdade será o teu escudo e broquel.
Não terás medo do terror de noite nem da seta que voa de dia,
Nem da peste que anda na escuridão, nem da mortandade que assola ao meio-dia.
Mil cairão ao teu lado, e dez mil à tua direita, mas não chegará a ti.
Somente com os teus olhos contemplarás, e verás a recompensa dos ímpios.
Porque tu, ó SENHOR, és o meu refúgio. No Altíssimo fizeste a tua habitação.
Nenhum mal te sucederá, nem praga alguma chegará à tua tenda.
Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos.
Eles te sustentarão nas suas mãos, para que não tropeces com o teu pé em pedra.
Pisarás o leão e a cobra; calcarás aos pés o filho do leão e a serpente.
Porquanto tão encarecidamente me amou, também eu o livrarei; pô-lo-ei em retiro alto, porque conheceu o meu nome.
Ele me invocará, e eu lhe responderei; estarei com ele na angústia; dela o retirarei, e o glorificarei.
Fartá-lo-ei com longura de dias, e lhe mostrarei a minha salvação.
Muitas pessoas buscam nos Salmos proteção diante das contingências da vida. Por iniciativa própria ou sob recomendação de outrem, muitos providenciam cópias impressas de salmos e fixam em vários lugares como: residência, trabalho, escola, meio de transporte, etc., pois entendem que os salmos são uma espécie de amuleto que livra quem os lê de invejas, inimigos, percalços, doenças, mal agouro, etc.
Diante de qualquer percalço desta vida põem-se a recitar os salmos como se fossem palavras de livramento e proteção, pois desconhecem a seguinte verdade: “No dia da prosperidade regozija-te, mas no dia da adversidade considera; porque Deus fez tanto este como aquele…” ( Ec 7:14 ). É inútil buscar proteção nos salmos diante das vicissitudes da vida quando é o próprio Deus que estabeleceu a adversidade em oposição à prosperidade com um objetivo bem definido: “… para que o homem nada descubra do que há de vir depois dele” ( Ec 7:14 ). É aconselhável enfrentar as adversidades, pois elas fazem parte da existência do homem, confiante de que Deus é quem dá o escape.
De todos os salmos, o mais procurado é o Salmo 91 em função das promessas contidas nele. Como o salmo faz alusão a livramento e proteção, gurus, místicos, espiritualistas, padres, pastores, bispos, etc., utilizam-no como se fosse o antídoto para todos os males socioeconômicos da humanidade.
Dai a pergunta: É possível alcançar a proteção e os livramentos prometidos neste Salmo?
A proteção de Deus para o Messias
Para nos afastarmos da confusão e de nos sentirmos enganados por não vermos cumpridas as promessas do Salmo 91 em nossas vidas conforme o que imaginamos, por desconhecer certos aspectos das Bíblia, é necessário saber a quem se referem os livramentos e proteções nele descritos. Quem é o protegido do Salmo 91?
Analisando a primeira questão: “Quem é Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo?”; “Onde fica o esconderijo do Altíssimo?”.
Podemos concluir que este lugar não fica na Terra, simplesmente porque o esconderijo do Altíssimo diz de um ‘lugar’ inacessível aos homens “Aquele que tem, ele só, a imortalidade, e habita na luz inacessível; a quem nenhum dos homens viu nem pode ver, ao qual seja honra e poder sempiterno. Amém” ( 1Tm 6:16 ); “Para o entendido, o caminho da vida leva para cima, para que se desvie do inferno em baixo” ( Pr 15:24 ); “Trovejou desde os céus o SENHOR; e o Altíssimo fez soar a sua voz” ( 2Sm 22:14 ); “Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem, que está no céu” ( Jo 3:13 ). Considerando que o esconderijo do Altíssimo é o céu e que ninguém subiu ao céu além de Jesus Cristo, devemos concluir que Jesus é Aquele que, antes de ser introduzido no mundo, habitava no esconderijo do Altíssimo.
Jesus habitava no céu quando este Salmo foi escrito (contagem humana de tempo e espaço). Este salmo, como muitos outros, é uma profecia acerca do Cristo. O Salmista prediz que Aquele que habita no céu ha de descansar sobre a proteção do Onipotente. Ou seja, o Salmo diz de Cristo esvaziado de Sua glória, de Cristo como homem introduzido no mundo.
No Salmo 91, profeticamente Davi antecipou que, o Verbo de Deus, quando se fizesse homem, iria descansar à sombra do Onipotente.
Assim como no Salmo 110 o salmista Davi inspirado por Deus (em espírito, ou seja, segundo a palavra da verdade) chamou reverentemente o seu Filho que havia de nascer, segundo a sua carne e sangue, de Senhor ( Mt 22:43 ), no verso 1 do Salmo 91, em espírito, o salmista vaticinou acerca do seu futuro Filho, o Filho de Deus. O filho de Davi estaria sob a proteção de Deus quando introduzido neste mundo, visto que, antes de ser encarnado habitava no lugar secreto do Altíssimo.
Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará.
Direi do SENHOR: Ele é o meu Deus, o meu refúgio, a minha fortaleza, e nele confiarei.
Ora, não há registro nas Escrituras de alguém que tenha habitado no esconderijo do Altíssimo, mas Aquele que havia de vir, o Filho do homem, d’Ele as Escrituras dá testemunho que na eternidade habitou o recôndito da divindade ( Sl 45:6 ; Is 7:14 ; Is 8:17 ; Pv 30:3 ). Jesus mesmo falou acerca da sua glória: “E agora me glorifica tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse” ( Jo 17:5 ). Os santos apóstolos de Cristo também falaram da glória de Cristo ( Jo 1:1 e 1Jo 1:1- 3; Hb 1:5 e 8).
Ou seja, Aquele que habitava na eternidade, por ser o Altíssimo ( Is 57:15 ), ao ser introduzido no mundo na condição de Servo do Senhor, viveu o predito pelo salmista: confiou inteiramente no Pai “Eu bem sei que sempre me ouves, mas eu disse isto por causa da multidão que está em redor, para que creiam que tu me enviaste” ( Jo 11:42 ); “Confiou no SENHOR, que o livre; livre-o, pois nele tem prazer” ( Sl 22:8 ) compare com “Confiou em Deus; livre-o agora, se o ama; porque disse: Sou Filho de Deus” ( Mt 27:43 ; Is 42:1 ).
Ao ser encarnado Cristo estabeleceu o Pai como o Seu Deus, o Seu Refúgio, a Sua Fortaleza. Como? Confiando n’Ele. Por confiar no Deus que fez as promessas contidas nas Escrituras a seu respeito como homem e servo, Cristo construiu a Sua habitação na Rocha inabalável “Porque tu, ó SENHOR, és o meu refúgio. No Altíssimo fizeste a tua habitação” ( Sl 91:9 ); “Ele é a Rocha, cuja obra é perfeita, porque todos os seus caminhos justos são; Deus é a verdade, e não há nele injustiça; justo e reto é” ( Dt 32:4 ); “Ele me chamará, dizendo: Tu és meu pai, meu Deus, e a rocha da minha salvação” ( Sl 89:26 ); “Mas o SENHOR é a minha defesa; e o meu Deus é a rocha do meu refúgio” ( Sl 94:22 ).
Jesus necessitou de proteção porque deixou a sua glória e passou a viver como homem entre os homens. Ele necessitava de proteção para levar a efeito o seu ministério, pois aqui passou a viver na condição de servo do Senhor.
Quem pode habitar com Deus?
A pergunta que não se cala foi feita em outros Salmos e por outros profetas: “Senhor, quem habitará no teu tabernáculo? Quem morará no teu santo monte?” ( Sl 15:1 ). O Salmo 24 diz: “Quem subirá ao monte do Senhor? Quem estará no seu tabernáculo?” ( Sl 24:3 ). A resposta é clara e aponta para alguém em específico: “Aquele que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à vaidade, nem jura enganosamente. Este receberá do Senhor a bênção e a justiça do Deus da sua salvação” ( Sl 24:4 -5).
Somente Jesus, dentre os filhos dos homens, foi limpo de mãos e puro de coração ( 1Pe 2:22 ). Somente o Cristo de Deus andou em sinceridade, praticou a justiça e falou a verdade segundo o seu coração ( Sl 15:3 ). Somente o Cristo de Deus possui olhos capazes de desprezar o réprobo. Somente Ele tem o poder de honrar os que temem ao Senhor ( Sl 15:4 ).
Sobre este mister arremata o profeta Isaias: “Quem dentre nós habitará com o fogo consumidor? Quem dentre nós habitará com as labaredas eternas? O que anda em justiça, e o que fala com retidão; o que rejeita o ganho da opressão, o que sacode das suas mãos todo o presente; o que tapa os seus ouvidos para não ouvir falar de derramamento de sangue e fecha os seus olhos para não ver o mal. Este habitará nas alturas; as fortalezas das rochas serão o seu alto refúgio, o seu pão lhe será dado, as suas águas serão certas. Os teus olhos verão o rei na sua formosura, e verão a terra que está longe” ( Is 33:14 -17; Sl 63:7 e Sl 61:4 ).
Por falar especificamente do Messias, os profetas não disseram ‘qualquer que’, antes utiliza o pronome demonstrativo ‘aquele’ nos Salmos 15, 24 e 91, isto porque somente o Cristo de Deus dentre os filhos dos homens nunca foi abalado ( Sl 15:5 ). Desde que Adão se vendeu ao pecado como escravo, todos os homens juntamente se desviaram e tornaram-se escusáveis diante de Deus, pois todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus ( Sl 53:3 ; Sl 51:5 ; Sl 58:3 e Mq 7:2 -4).
Laços e setas
Porque ele te livrará do laço do passarinheiro, e da peste perniciosa.
Ele te cobrirá com as suas penas, e debaixo das suas asas te confiarás; a sua verdade será o teu escudo e broquel.
Não terás medo do terror de noite nem da seta que voa de dia,
Nem da peste que anda na escuridão, nem da mortandade que assola ao meio-dia.
Mil cairão ao teu lado, e dez mil à tua direita, mas não chegará a ti.
Jesus identificava as armadilhas engendradas pelos homens (laço do passarinheiro) através de suas palavras cheias de engano e malícia, a verdadeira ‘peste perniciosa’ que arrebata a alma dos incautos ( Jo 10:10 ). Desde o Éden a ‘peste perniciosa’ assola a humanidade, pois um pecou e todos pecaram. Um morreu e todos morreram ( 1Co 15:21 -22), e passaram a falar segundo os seus corações mentirosos ( Sl 58:3 ). A peste perniciosa não se assemelha a peste negra que dizimou a Europa. Nem tão pouco diz de agentes químicos ou de armas biológicas.
Os filhos do povo do Messias armaram diversas armadilhas com o fito de ‘pegar’ o Cristo nalguma contradição, porém, somente eles permaneceram enlaçados “Armaram uma rede aos meus passos; a minha alma está abatida. Cavaram uma cova diante de mim, porém eles mesmos caíram no meio dela” ( Sl 57:6 ; Sl 56:5 ; Mt 22:17 ; Jo 8:5 ); “Por isso também na Escritura se contém: Eis que ponho em Sião a pedra principal da esquina, eleita e preciosa; E quem nela crer não será confundido. E assim para vós, os que credes, é preciosa, mas, para os rebeldes, A pedra que os edificadores reprovaram, Essa foi a principal da esquina, E uma pedra de tropeço e rocha de escândalo, para aqueles que tropeçam na palavra, sendo desobedientes; para o que também foram destinados” ( 1Pe 2:6 -8; Rm 9:33 ).
O Filho de Davi desde o ventre de Maria era livre do pecado (a peste perniciosa), visto que Ele foi lançado na madre ( Sl 22:10 ) e gerado por Deus ( Sl 2:7; 2Sm 7:14 ). Todos os descendentes da carne de Adão, a porta larga por quem todos os homens entram ao virem ao mundo foram contaminados pelo pecado (o mesmo que ser vendidos ao pecado como escravos), porém, Jesus, o último Adão, Ele é a porta estreita pela qual todos os homens que creem torna-se livres do pecado.
A proteção de Deus dispensada ao Messias era específica: “Ele te cobrirá com as Suas penas, e debaixo das Suas asas te confiarás” (v. 4). Da mesma forma que a galinha protege os seus pintainhos debaixo de suas asas, o Cristo estava seguro debaixo das asas do Onipotente “TEM misericórdia de mim, ó Deus, tem misericórdia de mim, porque a minha alma confia em ti; e à sombra das tuas asas me abrigo, até que passem as calamidades” ( Sl 57:1 ; Sl 63:7 e Sl 61:4 ).
A verdade ou a fidelidade de Deus foi constituída como escudo e broquel do Messias. Todos os adversários vieram contra Ele utilizando-se de palavras de engano, mas na Palavra de Deus (verdade e fidelidade) estava a defesa de Cristo. Diante dos religiosos Judeus, Jesus apresentou as Escrituras em sua defesa. Quando tentado pelo diabo no deserto, Cristo fez uso das Escrituras.
Há pessoas que ficam até arrepiadas quando leem o verso seguinte por falta de compreensão: “Não terás medo do terror de noite nem da seta que voa de dia, nem da peste que anda na escuridão, nem da mortandade que assola ao meio-dia” (v. 5 ). Este verso é resumo do exposto profeticamente pelo Salmo 64: “OUVE, ó Deus, a minha voz na minha oração; guarda a minha vida do temor do inimigo. Esconde-me do secreto conselho dos maus, e do tumulto dos que praticam a iniquidade. Que afiaram as suas línguas como espadas; e armaram por suas flechas palavras amargas, A fim de atirarem em lugar oculto ao que é íntegro; disparam sobre ele repentinamente, e não temem. Firmam-se em mau intento; falam de armar laços secretamente, e dizem: Quem os verá? Andam inquirindo malícias, inquirem tudo o que se pode inquirir; e ambos, o íntimo pensamento de cada um deles, e o coração, são profundos” ( Sl 64:1 -6).
Os soldados quando no campo de batalha são atormentados pelo medo do inimigo. Durante a noite são atormentados ante a possibilidade do ataque sorrateiro do inimigo e, durante o dia o terror abate seus corações por causa dos perigos que representam as flechas inimigas. As perguntas se avolumam: – Será que o inimigo atacará durante a noite? O inimigo nos tem sobre a mira por causa da claridade do dia? Estas questões não se afastam dos que estão no campo de batalha.
Mas, por confiar no Pai é que a confiança do Messias é expressa no Salmo 64: – Guarda a minha alma do temor do inimigo! (v. 1) Quais seriam as armas dos inimigos dos Messias? A língua! “A minha alma está entre leões, e eu estou entre aqueles que estão abrasados, filhos dos homens, cujos dentes são lanças e flechas, e a sua língua espada afiada” ( Sl 57:4 ); “Aguçaram as línguas como a serpente; o veneno das víboras está debaixo dos seus lábios” ( Sl 140:3 ).
Os inimigos de Davi possuíam espadas afiadas, mas o Filho de Davi, o Messias, enfrentaria homens que possuíam as línguas afiadas como se fossem espadas. As setas deles constituíam-se em palavras amargas! Secretamente engendravam planos para dar cabo do Messias ( Jo 11:53 ), mas sendo a Palavra de Deus escudo e broquel, o Messias não seria atingido.
Somente com os teus olhos contemplarás, e verás a recompensa dos ímpios.
Porque tu, ó SENHOR, és o meu refúgio. No Altíssimo fizeste a tua habitação.
Nenhum mal te sucederá, nem praga alguma chegará à tua tenda.
Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos.
Eles te sustentarão nas suas mãos, para que não tropeces com o teu pé em pedra.
Pisarás o leão e a cobra; calcarás aos pés o filho do leão e a serpente.
Porquanto tão encarecidamente me amou, também eu o livrarei; pô-lo-ei em retiro alto, porque conheceu o meu nome.
Ele me invocará, e eu lhe responderei; estarei com ele na angústia; dela o retirarei, e o glorificarei.
Fartá-lo-ei com longura de dias, e lhe mostrarei a minha salvação.
O Cristo não precisou lançar mão da vingança em relação aos ímpios, pois lhe foi prometido que Ele haveria de ver a recompensa deles ( Sl 56:7 ). Cristo escolheu o Senhor como refúgio, o Deus que tudo executou para o Messias ( Sl 57:2 –3), de modo que o Senhor O fez assentar a sua direita até que todos seus inimigos estivessem subjugados ( Sl 110:1 ).
Todas as promessas seriam levadas a efeito porque o Messias se refugiou na obediência a palavra de Deus. O Verbo encarnado passou a descansar à sombra do Onipotente, pois fez do pai o seu alto refúgio ( Sl 57:1 ). Há uma grande diferença entre ‘habitar’ no esconderijo do Altíssimo e ‘refugiar’ no Altíssimo. Refugiar-se é obedecer ao Pai que provê proteção, ‘habitar’ diz de estar com Deus.
Vale salientar aqui que o verso 10 demonstra que, apesar da proteção dada ao Messias, Ele não teria possessão permanente neste mundo. Do mesmo modo que o crente Abraão não construiu casa na terra da promessa, antes habitou em tendas em função de aguardar a cidade que tem fundamentos ( Hb 11:9 -10), de Cristo foi predito que nenhum mal chegaria a sua tenda, indicando que Ele não faria casa neste mundo “E disse-lhe Jesus: As raposas têm covis, e as aves do céu, ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça” ( Lc 9:58 ).
Embora os anjos estivessem à disposição do Messias para protegê-Lo sustendo-O em suas mãos para não tropeçar, protegendo-O em todos os seus caminhos, o Filho do homem não teve aqui possessão permanente. Embora o Salmo 2 diga que como Rei, Cristo terá as nações por herança, mas na condição de servo, nada usurpou.
Foi dado ao Filho do homem calcar os pés o leão e a serpente. Somos informados pelo Salmo 57 que os homens são comparáveis às bestas famintas, ou seja, leões “A minha alma está entre leões; estou deitado entre bestas famintas, homens cujos dentes são lança e flechas, e cuja língua é espada afiada” ( Sl 57:4 ).
Acerca da serpente temos uma profecia no Gênesis: “E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua descendência e o seu descendente; este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” ( Gn 3:15 ), ou seja, o diabo é a antiga serpente ( Ap 12:9 ).
Em função de ter honrado, obedecido ao Pai na condição de Servo, Deus promete livramento e promete estar com o Messias no momento da angustia. Por ter conhecido o Pai, ou seja, ser um com Ele, quando invocasse o Seu nome, Deus esteve com Ele na angustia e glorificado, de modo que seria farto de dias para sempre, eternamente.
O Descanso prometido a todos os homens
“Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas” ( Mt 11:29 )
Ter o Salmo 91 impresso no bolso não confere proteção. Tê-lo exposto na parede não confere descanso. Colocá-lo no veículo não evitará acidentes.
A promessa do Salmo 91 diz do Messias, pois somente Cristo habitou e habita no esconderijo do Altíssimo, mas é possível aos homens através da Sua palavra compartilhar do descanso à sombra do Onipotente.
Ora, Cristo como homem disse: “NÃO se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim” ( Jo 14:1 ), pois foi esta a palavra d’Ele como Sublime que habitava com o Altíssimo: “Porque assim diz o Alto e o Sublime, que habita na eternidade, e cujo nome é Santo: Num alto e santo lugar habito; como também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos, e para vivificar o coração dos contritos” ( Is 57:15 ).
Deus fez muitas promessas para o Seu Filho, e o Seu Filho nos faz um convite: Tomais sobre vós o meu jugo (…) e encontrareis descanso para as vossas almas! Quem aceita o convite, tanto o Pai quanto o Filho faz nele morada “Jesus respondeu, e disse-lhe: Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada” ( Jo 14:23 ).
Qualquer que crê em Cristo torna-se habitação do Alto e do Sublime que, apesar de habitarem a eternidade, vem e faz morada naqueles que creem no Evangelho “Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós, é santo” ( 1Co 3:16 -17).
O que Jesus propõe? Ele enfatiza que, se qualquer um se dispuser servi-Lo na condição de servo (obedecendo-O), ou seja, aprendendo d’Ele, efetivamente encontrará descanso!
A proposta de Jesus é para os que se encontram cansados, sobrecarregados… A promessa é firme: – Eu vos aliviarei! Para os temerosos e ressabiados, Jesus esclarece: – Meu jugo é suave e o meu fardo é leve.
A promessa de Cristo diz especificamente da salvação, pois o apóstolo João alerta: “E esta é a promessa que ele nos fez: a vida eterna” ( 1Jo 2:25 ).
O mesmo Deus que prometeu proteção e segurança para o Seu Filho, é o Deus que promete descanso a todos os homens: “Ao qual disse: Este é o descanso, dai descanso ao cansado; e este é o refrigério; porém não quiseram ouvir” ( Is 28:12 ), porém, o descanso não encontra-se atrelado ao Salmo 91, antes está n’Aquele que é o tema do Salmo 91: Cristo.
Mesmo que o cristão estivesse de posse de todas as promessas pertinentes ao Messias, vale destacar que o Messias passou pelas mesmas paixões e sofreu angustias, até o seu suor transformou-se em gotas de sangue. O apóstolo Paulo recomenda: sofre comigo as aflições de Cristo, portanto, não devemos temer as aflições ( 2Tm 2:3 ).
O profeta Isaias profetizou em nome do Senhor Jeová de modo a indicar aos homens qual o descanso, porém os homens não querem ouvir. O próprio povo do Messias rejeitou a Pedra onde Deus indicou que o homem encontra descanso: “Portanto assim diz o Senhor DEUS: Eis que eu assentei em Sião uma pedra, uma pedra já provada, pedra preciosa de esquina, que está bem firme e fundada; aquele que crer não se apresse” ( Is 28:16 ).
Enquanto Cristo fez do Pai a sua habitação, do Pai e do Filho temos a promessa de que, se submetermos ao seu jugo, ambos farão no homem morada, casa espiritual “Porque assim diz o Alto e o Sublime, que habita na eternidade, e cujo nome é Santo: Num alto e santo lugar habito; como também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos, e para vivificar o coração dos contritos” ( Is 57:15 ); “Jesus respondeu, e disse-lhe: Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada” ( Jo 14:23 ; 1Pe 2:5 ).
Se você está em busca de proteção, refugio, segurança, basta crer em Cristo como diz as Escrituras, basta confiar no homem profetizado por Isaias, o companheiro do Senhor: “EIS que reinará um rei com justiça, e dominarão os príncipes segundo o juízo. E será aquele homem como um esconderijo contra o vento, e um refúgio contra a tempestade, como ribeiros de águas em lugares secos, e como a sombra de uma grande rocha em terra sedenta” ( Is 32:1 -2); “Ó espada, desperta-te contra o meu Pastor, e contra o homem que é o meu companheiro, diz o SENHOR dos Exércitos. Fere ao pastor, e espalhar-se-ão as ovelhas; mas volverei a minha mão sobre os pequenos” ( Zc 13:7 ).
Ao confiar em Cristo você não terá o ‘corpo fechado’. Cristo não se apresenta como um ‘patuá’. Os salmos não são ‘amuletos’. Rezar os Salmos não livra o homem das contingencias da vida. A promessa de Deus decorre da sua palavra, que é escudo, broquel, espada, etc. É por isso que o apóstolo Paulo ordena: Revesti-vos de toda a armadura de Deus. Tendo a palavra de Deus como escudo, o homem tem a capacidade de apagar todos os dardos inflamados do maligno. É o escuda da Fé que protege o cristão dos falsos ensinos, das palavras de engano, ou seja, das ‘setas inflamadas’ “Ó DEUS o Senhor, fortaleza da minha salvação, tu cobriste a minha cabeça no dia da batalha” ( Sl 140:7 ; Ef 6:17 ).
Para que os seus seguidores tivessem paz, Ele mesmo instruiu dizendo: “No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo” ( Jo 16:33 ). Ou seja, não se deve ter medo das contingências desta vida, pois a Bíblia mesmo diz: “No dia da prosperidade goza do bem, mas no dia da adversidade considera; porque também Deus fez a este em oposição àquele, para que o homem nada descubra do que há de vir depois dele” ( Ec 7:14 ).
Mas, mesmo nas contingências a ordem é: tenha bom animo! Por quê? Porque Cristo venceu o mundo! Com a sua vitória Ele venceu a morte, o pecado e a lei, de modo que por intermédio d’Ele quem crê alcança vida dentre os mortos “Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá” ( Jo 11:25 ); “Porque nós, os que temos crido, entramos no repouso, tal como disse: Assim jurei na minha ira Que não entrarão no meu repouso; embora as suas obras estivessem acabadas desde a fundação do mundo” ( Hb 4:3 ).
Claudio Crispim
FOnte: Estudo Bíblico