A consciência é uma das faculdades do espírito humano – o tribunal instalado por Deus em todas as pessoas de modo a aprovarem o que é correto, e reprovarem o que é errado.
A consciência, entretanto, em razão do pecado original, foi corrompida como todas as demais faculdades do espirito e da alma.
Em razão desta corrupção, em vez de ser naturalmente uma boa consciência, ela tende a ser má, por funcionar aprovando o mal e reprovando o bem, e isto tanto mais, conforme a influência do meio em que se vive, e dos valores inculcados pela família, pela cultura e pela sociedade que são contrários à vontade divina.
Esta corrupção pode evoluir até o ponto de a consciência se tornar cauterizada, ou seja, insensível ou inexistente naqueles que perderam o sentido dos valores e padrões morais e espirituais bíblicos.
Mas, uma consciência, segundo Deus, de modo geral, foi perdida por todos por causa do pecado, e somente pela restauração em Jesus Cristo pode ser formada uma boa consciência que atue em nós conforme o padrão da Palavra de Deus.
Daí a importância da conversão e da meditação diária da Bíblia, e o progresso no conhecimento de Jesus e da Palavra, porque quanto maior for este progresso, mais condizente se tornará a nossa consciência com o caráter de Deus.
Literalmente, consciência significa conhecer juntamente, perceber juntamente, e no caso do nosso assunto significa um conhecimento conjunto com Deus, ou seja, entender como Deus entende, perceber como Deus percebe.
E o propósito da consciência se cumpre quando este conhecimento se reflete nos nossos pensamentos e ações.
De nada vale ter uma boa consciência que reprove o mal, e aprove o bem, e que no entanto, o seu possuidor não age de acordo com a própria consciência, agindo em sentido contrário daquilo que aprova ou reprova.
Agora, quando a Bíblia se refere a uma boa consciência o que está em foco é sobretudo a firme certeza e convicção da fé que se possui em Cristo, notadamente no fato de que já não há mais nenhuma condenação para todo aquele que nEle crê, e também a plena certeza e convicção da sua aceitação por Deus como filhos amados.
Daí a necessidade e importância de que o crente seja confirmado na fé e na Palavra imediata e posteriormente à sua conversão, e esta era a razão de o apóstolo Paulo revisitar as igrejas que fundara em suas viagens missionárias com o citado propósito, quanto a nunca duvidarem do cuidado e da provisão de Deus para com eles.
Um crente que esteja confirmado na fé e na Palavra também terá um viver vitorioso sobre o pecado, o diabo e o mundo – o que é mais um fator concorrente para que se tenha uma boa consciência.
Além de boa, tal consciência é tranquila e confiante porque os terrores da condenação eterna e o medo de uma possível separação de Deus são completamente extintos quando se possui uma firme confiança em Jesus Cristo e na obra que realizou em nosso favor.
Mas como permanecem em nós os resquícios da natureza pecaminosa, enquanto aqui vivermos, convém que sempre façamos um exame diário de nossa consciência, a saber, um auto-exame para que possamos saber se estamos sendo guiados na vereda da justiça divina ou não. Paulo fala em I Coríntios sobre o dever de cada crente examinar a si mesmo.
Para tanto necessitamos de uma consciência sensível ao Espírito Santo, de modo a evitarmos o que é mau e a escolher o que é bom.
Uma consciência endurecida ou cauterizada não pode ser de qualquer ajuda para que façamos progresso em crescimento espiritual, rumo ao amadurecimento que nos permitirá frutificar para Deus.
Assim, bem-aventurado é aquele que é humilde de espírito, ou seja, que está consciente do seu real estado – de ser possuidor de uma natureza decaída no pecado, e da sua completa necessidade e dependência da graça de Cristo para elevar-se do monturo de pó em que se encontra para os montes elevados do conhecimento do que é espiritual, celestial e divino.
Quanto maior fica a nossa consciência da eternidade maior se torna o nosso interesse pelas coisas relacionadas ao reino de Deus e a sua justiça; e o consequente desmame das coisas deste mundo que são visíveis e passageiras.
Pr Silvio Dutra