Por Antiga Aliança se entende o sistema de culto estabelecido por Deus para vigorar no período do Velho Testamento, desde os dias de Moisés até a morte e ressurreição de Jesus.
Assim, uma Nova Aliança foi inaugurada desde então, para vigorar no chamado período ou dispensação da graça, uma vez que a antiga dispensação não era regida pela graça, mas pela lei de Moisés.
Em consequência disto, todos os mandamentos civis e cerimoniais da Lei de Moisés (exceto os morais), perderam o caráter de cumprimento obrigatório, como por exemplo a circuncisão do prepúcio, a distinção entre alimentos e animais e pessoas, puros e imundos; a apresentação de ofertas e sacrifícios no templo; e toda a prescrição prevista para o funcionamento da ordem sacerdotal que era segundo a descendência de Arão.
Apesar de nosso Senhor não ter revogado a validade da Lei de Moisés, e como de fato não poderia fazê-lo, porque ela possui propósitos determinados no conselho de Deus, todavia, todo o seu aparato cerimonial e civil, em não sendo mais exigido o seu cumprimento, continua servindo didaticamente para nos ensinar em figura acerca da santidade e justiça de Deus, de modo que a respeito das Escrituras do Velho Testamento, em sua totalidade o apóstolo Paulo se expressa nos seguintes termos:
“Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente preparado para toda boa obra.” (II Timóteo 3.16,17).
Assim, encontramos na Bíblia tanto textos se referindo à manutenção da Lei e dos Profetas (modo de se referir às escrituras e à aliança do Velho Testamento), quanto à sua revogação.
Quando se afirma a manutenção o que está em foco é todo o conjuntos dos escritos do Velho Testamento, seja para cumprimento da lei moral, seja para aprendizagem por princípio didático da lei cerimonial e civil; e quando se afirma a revogação, isto abrange o sistema de culto do Velho Testamento, com todas as suas prescrições cerimoniais, e a sua substituição pela Nova Aliança instituída por nosso Senhor Jesus Cristo.
Esta substituição não fora feita por Deus, no entanto, de forma pontual e abrupta, mas gradativamente, de modo a que o novo sistema fosse assimilado sem ofender as consciências fracas daqueles que prestavam culto no antigo sistema.
Todavia, foi com todo o vigor que os apóstolos combateram a ideia errônea de que pelo antigo sistema de culto, alguém poderia obter a justificação.
De forma que não havia nenhum mal em alguém continuar observando a prática da circuncisão do prepúcio, mas seria um grande equívoco e perigo pensar-se que por ela se poderia alcançar a justificação que é somente por graça e mediante a fé.
Daí Paulo falar ironicamente na epístola aos Gálatas que aquele que procurasse a justificação por meio da circuncisão, que estava obrigado a cumprir todos os demais mandamentos cerimoniais da lei de Moisés, inclusive continuar com a apresentação de sacrifícios de animais.
Pois se alguém pretendesse ser justificado e obter a salvação pelas obras da lei, somente poderia obtê-lo por uma guarda perfeita e constante de toda a lei. E de fato ninguém é suficiente para isto. Esta foi a razão de Jesus – o único que poderia guardar toda lei com perfeição, viesse a este mundo como homem para guardá-la e morrer em nosso lugar, para que pudéssemos morrer para a maldição e condenação da lei.
O autor da epístola aos Hebreus afirma diretamente que a Antiga Aliança foi revogada para que pudéssemos servir a Deus nos termos da Nova Aliança, conforme prometido por Ele através do profeta Jeremias (Jer 31.31-34).
Isto foi possível, porque havendo mudança do sacerdócio, porque Jesus não era da tribo de Levi, mas de Judá, e não era da ordem de Arão, mas de Melquisedeque, pôde também mudar a ordem de culto prevista no Antigo Testamento, para a Nova instituída por ele no Novo.
A Antiga Aliança ou Antigo Testamento recebe também as seguintes designações na Bíblia: Primeira Aliança (Hb 8.7); Lei de Moisés (I Cor 9.9); Lei do Senhor (II Cr 31.3,4): Lei de Deus (Ed 7.21); Lei (Rom 3.19); Aliança da Letra (II Cor 3.6); Ministério da Morte (II Cor 3.7), e Ministério da Condenação (II Cor 3.9).
Foi celebrada por Deus com a nação de Israel quando esta foi libertada do cativeiro egípcio (cerca de 1440 aC).
A Antiga Aliança abrangia todos os israelitas em todas as gerações de Israel, de Moisés até a morte de Jesus, e por isso, possuía também um caráter essencialmente coletivo quanto às aplicações das suas promessas de bênçãos (Lev 26.3-13; Dt 7.12-26; 11.8-32; 28.1-14), e de maldições (Lev 26.14-42; Dt 11.26-28; 27.26; 28.15-68).
Apesar do caráter essencialmente coletivo daquela aliança, a mesma não excluía a responsabilidade individual de cada israelita perante Deus (Dt 24.16; Ez 18.20).
Mas, à responsabilidade pessoal, sobrepunha-se a coletiva, com vistas principalmente, à manutenção da unidade de Israel como nação separada para o serviço de Deus, e para preservá-la da idolatria e costumes pagãos das demais nações.
Daí o mandamento que proibia o casamento de israelitas com gentios.
Não porque os demais povos fossem desprezados por Deus, conforme os israelitas passaram a interpretar o mandamento, mas simplesmente para preservar Israel dos costumes das nações até que Jesus viesse e inaugurasse a Nova Aliança.
Ao dar a lei a Israel através da mediação de Moisés, firmando com a nação a chamada Antiga Aliança ou Testamento, Deus não tinha em vista forjar o legalismo no seu povo, mas forjar a justiça, o amor e a santidade, através da obediência à Sua santa vontade, expressada nos diversos mandamentos da lei.
A palavra LEI, recebe no texto da Bíblia, diferentes conotações. Por vezes, é usada com o significado do Pacto ajustado por Deus com os israelitas a partir de Moisés, ou seja, a Aliança Antiga propriamente dita.
Em outras passagens, refere-se aos cinco primeiros livros da Bíblia, ou Pentateuco, também conhecidos como livros da lei de Moisés.
Quando aparece a expressão a Lei e os Profetas, normalmente é uma referência ao conjunto das Escrituras do Velho Testamento (At 13.15), ou ao Pacto Antigo propriamente dito (Lc 16.16).
E, finalmente, em outras porções bíblicas, a palavra Lei, designa o conjunto de regulamentos e mandamentos civis, cerimoniais e morais, constantes sobretudo do Pentateuco.
Por exemplo, quando Jesus disse que não veio revogar a lei e os profetas (Mt 5.17), estava se referindo às Escrituras do Velho Testamento; e quando afirmou que a lei e os profetas haviam vigorado até João Batista (Mt 11.13; Lc 16.16), ao Pacto, à Aliança Antiga, que estava sendo substituída pela Nova.
Ao instituir a Nova Aliança no seu sangue, Jesus revogou a Antiga Aliança e marcou o encerramento do período da dispensação da lei, mas não revogou, isto é, não cancelou, as Escrituras do Velho Testamento (Mt 5.17).
Se as Escrituras dão testemunho do Senhor, como Ele as revogaria?
Se o fizesse estaria negando a Si mesmo e à obra que recebeu do Pai para realizar.
Abraão, Moisés e os profetas, falaram de Jesus. Os utensílios e ofícios do tabernáculo e do templo ensinam-nos acerca dEle, em figura.
A forma como o pecado entrou no mundo e a provisão que Deus fez para salvar o pecador ali também estão revelados.
A Nova Aliança não foi um plano emergencial concebido por Deus, por terem os israelitas violado a Antiga Aliança.
Em absoluto. Ela já estava no Seu coração desde antes da criação do mundo. E fora prometida a Abraão antes mesmo da celebração da Antiga (Gên 17.1-5), tendo sido a promessa posteriormente confirmada pelo ministério dos profetas.
Jesus e nenhum dos apóstolos ensinaram contra a lei, pois fora outorgada pelo próprio Deus a Moisés para vigorar como termos da Antiga Aliança, que firmara com a nação de Israel, e para servir também de testemunho a todo o mundo gentílico, acerca do Seu caráter e da Sua vontade.
Desta forma, nem Paulo ou qualquer outro dos apóstolos ensinou contra a lei.
Eles sabiam que a justiça que é pela fé, e operante segundo a graça, passou a se manifestar com o advento de Jesus. Mas também sabiam que Deus havia salvado e justificado pela graça, mediante a fé, a muitos nos dias do Antigo Testamento.
Não foi este o caso de Abraão? A ponto de ser designado como pai dos que creem.
Mas, a Antiga Aliança foi revogada, e suas ordenanças civis e cerimoniais já não são obrigatórias aos israelitas, com quem foi celebrada, e muito menos aos gentios, quanto ao seu cumprimento, bem como não é aplicável, à igreja, de forma específica, o seu sistema de bênçãos e maldições, ritos etc, desde a inauguração da Nova Aliança, que a revogou.
“Pois todos os profetas e a lei profetizaram até João.” (Mt 11.13)
“A lei e os profetas vigoraram até João; desde então é anunciado o evangelho do reino de Deus, e todo homem se esforça por entrar nele.” (Lc 16.16)
“Porque, se o ministério da condenação tinha glória, muito mais excede em glória o ministério da justiça. Pois na verdade, o que foi feito glorioso, não o é em comparação com a glória inexcedível. Porque, se aquilo que se desvanecia era glorioso, muito mais glorioso é o que permanece.” (II Cor 3.9-11)
“Pois, com efeito, o mandamento anterior é ab-rogado por causa da sua fraqueza e inutilidade (pois a lei nenhuma coisa aperfeiçoou), e desta sorte é introduzida uma melhor esperança, pela qual nos aproximamos de Deus.” (Hb 7.18,19)
“Mas agora alcançou ele ministério tanto mais excelente, quanto é mediador de um melhor pacto, o qual está firmado sobre melhores promessas. Pois, se aquele primeiro fora sem defeito, nunca se teria buscado lugar para o segundo. Porque repreendendo-os, diz: Eis que virão dias, diz o Senhor, em que estabelecerei com a casa de Israel e com a casa de Judá um novo pacto.” (Hb 8.6-8)
“Dizendo: Novo pacto, ele tornou antiquado o primeiro. E o que se torna antiquado e envelhece, perto está de desaparecer.” (Hb 8.13)
“ Tendo dito acima: Sacrifício e ofertas e holocaustos e oblações pelo pecado não quiseste, nem neles te deleitaste (os quais se oferecem segundo a lei); agora disse: Eis-me aqui para fazer a tua vontade. Ele tira o primeiro, para estabelecer o segundo.” (Hb 10.8,9)
A Nova Aliança é designada na Bíblia como sendo As Fiéis Misericórdias Prometidas a Davi, como se lê em Is 55.3 e Atos 13.34.
“E, que Deus o ressuscitou dentre os mortos para que jamais voltasse à corrupção, desta maneira o disse: E cumprirei a vosso favor as santas e fiéis promessas feitas a Davi.” (Atos 13.34)
“Inclinai os ouvidos e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá; porque convosco farei uma aliança perpétua, que consiste nas fiéis misericórdias prometidas a Davi.” (Is 55.3)
É dito no texto de Isaías (VT) que seria feita uma aliança eterna, que estaria baseada nas misericórdias fiéis que Deus havia prometido a Davi.
Trata-se portanto de uma aliança de misericórdias, e misericórdias que não falharão, porque não foram prometidas pelo homem, mas prometidas por Deus a Davi.
Esta aliança eterna, que é a Nova Aliança, que vigoraria na dispensação da graça em que temos vivido, foi prometida em várias passagens do Velho Testamento.
Temos muitos textos na Bíblia que se referem à citada aliança de misericórdias, e de misericórdias fiéis que durarão para sempre, e pelas quais nossos pecados e transgressões são perdoados e esquecidos por Deus para sempre.
As figuras do Antigo Testamento (sacrifícios de animais, móveis e utensílios sagrados do tabernáculo e do templo etc) tiveram cabal cumprimento em Jesus.
O ofício profético de Moisés e a sua obra de libertador e legislador de Israel é tipo da obra de Jesus.
O sacerdócio de Arão é tipo do de Jesus.
O reinado de Davi é tipo do Seu reinado eterno.
Muito do Velho Testamento é figura da Sua pessoa e obra.
Podemos dizer que temos, a rigor, no velho, a promessa, e no novo, o cumprimento, a realização. Daí ter o Senhor afirmado que não veio revogar a lei e os profetas, mas cumprir.
O autor de Hebreus afirmou que a lei tem a sombra dos bens vindouros.
No caso, o uso da palavra lei se refere ao Antigo Pacto propriamente dito, que foi estabelecido com a nação de Israel, para ser a figura da Nova Aliança, isto é, do pacto que Deus faria com as pessoas de todas as nações, por meio de Jesus. Como figura, o primeiro seria removido, para dar lugar ao segundo e último, cuja validade é eterna.
“Era necessário, portanto, que as figuras das coisas que estão no céu fossem purificadas com tais sacrifícios, mas as próprias coisas celestiais com sacrifícios melhores do que estes.Pois Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, mas no próprio céu, para agora comparecer por nós perante a face de Deus;” (Hb 9.23,24)
“Porque a lei, tendo a sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas, não pode nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem de ano em ano, aperfeiçoar os que se chegam a Deus.” (Hb10.1)
Mas, nem tudo no Velho Testamento é figura.
Muitos dos mandamentos morais da Antiga Aliança permanecem em vigor (honrar os pais, amar ao próximo como a si mesmo, não proferir o nome de Deus em vão, não cultuar outros deuses, não invocar mortos etc).
Nosso amor ao Senhor se expressa, conforme Ele próprio definiu, como obediência aos Seus mandamentos (Jo 14.21-24).
E dentre estes, contam-se também os registrados no Velho Testamento (note-se bem: os que possam ser aplicáveis à igreja), uma vez que o Deus do Velho é o mesmo Deus do Novo Testamento.
As prescrições civis e cerimoniais da Antiga Aliança foram chamadas de jugo pesado e de escravidão, tanto pelo apóstolo Pedro (At 15.8-10), quanto pelo apóstolo Paulo (Gál 5.1-4).
Não no sentido de que fossem uma coisa ruim, pecaminosa, pois no dizer de ambos, a lei é santa boa e perfeita, mas algo demasiadamente trabalhoso para ser cumprido (distinção entre coisas limpas e imundas – animais, alimentos; lavagens cerimoniais; diversos tipos de sacrifícios de animais e outros tipos de ofertas; circuncisão; festas religiosas; etc), que havia vigorado até que Cristo viesse.
Desde a morte e ressurreição de Jesus, nem os gentios, nem os próprios judeus, estão mais obrigados a carregar tal jugo.
Ao se referir à separação do cristianismo do judaísmo, por se tratarem de alianças amplamente distintas, Paulo disse aos gálatas que foi “para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gál 5.1).
Antes de tudo, libertou tanto os crentes quanto as igrejas, na Nova Aliança, de um sistema religioso repleto de rituais e cerimônias, como era o caso da Antiga Aliança.
Havia necessidade de uma determinação legal de cobrança de dízimos e ofertas, especialmente para a administração dos serviços do templo, e pagamento e sustento de levitas e sacerdotes.
E, no entanto, isto, sabidamente, em nada contribuiria para a santificação dos levitas e sacerdotes, em razão da fraqueza da natureza humana (carne), e foi principalmente por este motivo que havia tanta corrupção no ofício dos levitas e dos sacerdotes.
Nenhum sistema religioso, por mais exigente que seja, não pode, de modo nenhum, promover a santidade de coração dos que se congregam de tal forma institucional.
É preciso uma aliança não meramente administrativa, mas sobretudo do trabalho do Espírito Santo nos corações, conduzindo os fiéis a uma verdadeira santidade e comunhão com Deus.
Foi por isso que a opção dos gálatas pelo judaísmo, com sua pregação da necessidade da circuncisão para a salvação, bem como a negação da necessidade da fé em Cristo, para obtenção da justificação pelas obras da lei (Gál 2.16; 3.1-5), levou Paulo a chamá-los de insensatos, pois estavam aceitando que o evangelho fosse pervertido (Gál 1.6,7).
Ainda hoje, quando alguém oculta o caráter da obra que Jesus realizou em favor do pecador, e a necessidade da novidade de vida em que devem andar todos quantos foram regenerados (que nasceram de novo), faz por merecer a mesma imprecação proferida aos que induziam os gálatas ao erro: “seja anátema”. (Gál 1.9)
A Nova Aliança só seria inaugurada após a morte de Jesus, posto ter sido estabelecida com base no seu sangue, que seria derramado na cruz, e até aquele momento, Jesus, como qualquer outro judeu, estava obrigado ao cumprimento de toda a lei (Lc 22.20; Hb 9.11-18).
“Semelhantemente, depois da ceia, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança em meu sangue, que é derramado por vós. (Lc 22.20)
Quando o apóstolo João disse que a lei foi dada por intermédio de Moisés, mas que a graça e a verdade vieram por meio de Jesus (Jo 1.17), estava se referindo à Antiga e à Nova Aliança.
É fora de qualquer dúvida que aludia a coisas distintas entre si.
E ainda que tal distinção, não configure o que é fundamental em termos de contraste, podemos citar que a Nova Aliança não possui uma prescrição variada de rituais e de regulamentos cerimoniais, como a Antiga Aliança possuía, e conforme está registrado nas páginas do Velho Testamento.
A Nova Aliança apresenta apenas dois cerimoniais (ceia e batismo), e nem alude sequer quanto à forma de se realizar a ministração de ambos.
“Agora, porém, libertados da lei, estamos mortos para aquilo a que estávamos sujeitos, de modo que servimos em novidade de espírito e não na caducidade da letra.” (Rom 7.6)
O que caducou é o que ficou antigo e ultrapassado, e a palavra “letra” deste texto é vertida do original grego gramma, do qual vem a nossa palavra gramática, sendo que gramma é sempre usado no Novo Testamento com o significado de carta, registro, escrito, letras, e Paulo usava esta palavra com frequência para se referir à Lei cerimonial e civil do Velho Testamento, que constava de várias ordenanças que se cumpriram em Cristo, como por exemplo as leis referentes a coisas limpas e imundas, ao sacrifício de animais, dos dízimos e das ofertas levíticas etc.
Deste modo, não se trata a uma referência aos mandamentos de Cristo do Novo Testamento, nem sequer aos mandamentos morais da Lei de Moisés, ou a tudo o que se pode aprender das Escrituras, inclusive da própria Lei cerimonial e civil.
Ao chamar um viver pelos mandamentos externos civis e cerimoniais da Lei de Moisés, de letra que havia caducado, Paulo não pretendia de modo algum, falar contra a Palavra de Deus, mas afirmar a liberdade que os crentes têm na Nova Aliança do cumprimento das prescrições civis e cerimoniais da Lei, como por exemplo a circuncisão do prepúcio e de tantas outras prescrições que foram dadas por Deus a Moisés para serem cumpridas pelos israelitas no período do Velho Testamento.
Por isso, no próprio texto de Rom 7.6 no qual afirma a caducidade da letra, o apóstolo Paulo afirma também a libertação dos crentes das prescrições civis e cerimoniais da Lei de Moisés, por terem morrido com Cristo para tais exigências da Lei, de modo a poderem viver em novidade de espírito, ou seja, na Nova Aliança do Espírito Santo, na qual a Lei de Deus é escrita pelo Espírito em suas mentes e corações.
Aqui se diz que a letra mata porque a Antiga Aliança ou mesmo toda a Lei de Moisés não podia gerar vida eterna conforme a Nova Aliança em Cristo Jesus, na qual os crentes são vivificados em espírito pelo Espírito Santo.
2 Coríntios 3:7: “E, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras, se revestiu de glória, a ponto de os filhos de Israel não poderem fitar a face de Moisés, por causa da glória do seu rosto, ainda que desvanecente,”
O crente não está na carne, mas no Espírito (Rom 8.9), porque tem a habitação do Espírito por meio da fé em Jesus.
Sabe que é filho de Deus pela testificação do Espírito com o seu espírito (Rom 8.14-17).
Então deve viver nessa nova vida, como filho de Deus, que de fato é. E não mais na carne, que era a condição em que vivia antes do seu encontro pessoal com Cristo (Rom 8.5-8).
Por isso o apóstolo João diz que a lei foi dada por meio de Moisés, mas a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo (Jo 1.17).
Jesus mesmo destrói as obras do diabo e da carne, e gera em nós a nova vida que procede de Deus e que é operada pelo Espírito Santo.
E isto temos recebido pela graça, que atua mediante a fé.
Assim temos recebido da plenitude de Jesus e graça sobre graça (Jo 1.16).
Vivamos então na sua graça, e o pecado não terá mais domínio sobre nós.
Nada disso pode ser obtido pelo nosso simples esforço em cumprir a Lei, ainda que tal esforço seja necessário.
Não vem de nós, é um dom de Deus.
Não estamos sozinhos, isolados, debaixo da lei, gemendo por tentar cumprir os seus mandamentos, sem que tenhamos grande sucesso nisso.
Ao contrário, estamos nAquele que não somente é poderoso para guardar-nos de tropeços e do mal.
Mas, que, por meio da Sua graça pode conduzir-nos a viver de modo inteiramente agradável a Deus, pela força operante do Seu poder em nós.
A Ele seja portanto, toda glória, honra e todo louvor, pelos séculos dos séculos.
Amém!
Pr Silvio Dutra