Movido por vergonha diante dos inúmeros escândalos de corrupção envolvendo evangélicos e pastores no cenário político brasileiro, também com uma preocupação diante do crescimento do número de aventureiros ditos “chamados por Deus” presentes nas eleições municipais, escrevo esse texto. Não apenas vergonha e preocupação, mas com desespero, por não acreditar no preparo, nem no caráter da maior parte dos candidatos que me rodeiam.
Além desses fatores, estou motivado a escrever esse texto após ter meu nome usado, minhas ideias adulteradas e ser assediado a votar em evangélicos a fim de conseguir benefícios para congregação que faço parte. Tudo isso feito por professos cristãos evangélicos, envolvidos diretamente nas campanhas municipais do ano corrente. Acima do desejo de resposta a estes, está porém a ânsia de contribuir para reflexão da igreja de Cristo. Afim de levá-la à liberdade de homens corruptos e manipuladores.
Para isso serei prático e direto em minhas considerações:
Um evangélico não deve votar em um candidato apenas pelo fato dele se afirmar irmão. Não há sentido bíblico ou lógico em votar em uma pessoa apenas pelo fato dela professar a mesma fé. Nem todo aquele que se diz cristão o é em verdade. Nem todo irmão está preparado para vida pública.
Um evangélico não deve votar em um candidato que prometa benefícios para sua vida, família ou igreja. Esse princípio egoísta de escolha é o mesmo que faz o político desviar verbas e favorecer determinados grupos, o que as vezes gera problemas para os evangélicos. Devemos votar em indivíduos que governaram para a sociedade, não apenas para determinado grupo.
Um evangélico não deve votar em quem o líder exigir. Pastor não é guru. Eles não têm o direito, muito menos o dever de determinar em quem você vai votar. Triste porém é constatar que muitos anseiam por isso pela ausência do mínimo senso de cidadania.
Um evangélico não deve votar em um candidato que é pastor. Se Deus chamou um indivíduo para ser pastor, uma tarefa tão excelente e árdua, não presumo ser possível a qualquer homem coincidir o ministério com outra tarefa sobremaneira exigente. Claro que não estou falando de administradores, pregadores, “Pr.s” de finais de semana, estou falando de pastores bíblicos. O Reino e o rebanho sairão prejudicados. Se um pastor sente-se habilitado e deseja seguir em carreira política deve abandonar o ministério e retirar o “Pr.” do “santinho” que serve apenas para atrair os votos dos inocentes.
Por fim, surge nos corações agitados a pergunta derradeira: em quem o evangélico deve votar? A resposta é simples, como em toda decisão que o cristão deve tomar, sobretudo em decisões sérias como a escolha do governo do município, primeiramente ele deve orar. Depois é necessário ponderar na sabedoria do homem espiritual e votar em candidatos que não tenham índole duvidável e capazes para administração pública.