No sétimo capítulo de Romanos nós vemos o caráter firme e seguro da nossa aliança com Jesus, e pela qual somos libertados da condenação de uma aliança segundo a lei.
Deus como o Grande Legislador e Juiz de todo o universo, criou o homem e fez com que ele fosse responsável perante Ele segundo a norma da lei moral que ele inscreveu em sua consciência, instalando ali um tribunal que age no próprio homem condenando-o naquilo que é reprovável e aprovando-o naquilo que é louvável.
Mas, segundo a Lei Régia há a exigência da perfeita obediência, conforme foi revelado a Adão, e que a penalidade para qualquer ato de desobediência é a morte, e todo homem responde à referida Lei até hoje.
Posteriormente, nos dias de Abraão, Deus acrescentou novos mandamentos para serem guardados pelas pessoas da descendência do patriarca, com as quais formaria um povo para Si, para se revelar ao mundo através do mesmo, e principalmente para que por este povo nos fosse dado o Messias.
O caráter da obediência completa exigida de toda a humanidade da Lei Régia foi ainda mais detalhado com os mandamentos que foram dados através de Moisés. E desde então, até que viesse o Messias, o modo de agradar a Deus, passava obrigatoriamente pelo cumprimento dos mandamentos da Lei.
E a pena de morte espiritual e eterna para os desobedientes foi mantida porque se afirma na Lei de Moisés que é maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas da Lei, para cumpri-las.
Isto descreve a condição de miséria espiritual e de condenação que paira sobre toda a humanidade, porque todos são pecadores, e não têm em si mesmos a condição e o poder para obedecerem perfeitamente a todos os mandamentos da Lei.
Como poderia então Deus se prover de filhos semelhantes a Cristo? Se todos estão obrigados à Lei, como poderão ter vida, estando mortos; como poderão ser livres, estando condenados?
Só havia um modo de Deus nos libertar da condenação da Lei e nos dar vida eterna, permanecendo Justo, por não remover ou contrariar a Lei. Isto Ele fez nos considerando como mortos para a Lei, por ter feito com que a morte de Jesus na cruz fosse a nossa própria morte.
Ele visitaria o Seu próprio Filho Unigênito com o castigo que era destinado a nós pecadores. Ele executaria a sentença de morte exigida pela Lei nEle, fazendo com que fosse feito pecado e maldição no nosso lugar.
E assim, a Lei não seria removida, mas nós seríamos resgatados por meio de Cristo de debaixo da sua condenação e maldição.
É basicamente isto que Paulo expõe no sétimo capítulo de Romanos; de modo que toda a argumentação que ele fizera quanto à condição de não se fazer o bem que queremos, e fazer o mal que não queremos, pelo pecado que opera na nossa carne, é sobretudo uma condição que explica sobretudo a condição em que se encontram aqueles que permanecem debaixo da Lei e não da graça do evangelho, a saber as pessoas que não foram regeneradas pelo Espírito Santo.
Elas podem dizer isto, por não terem encontrado a solução que Paulo havia encontrado: “miserável homem que sou”. Isto porque não têm a Cristo que é o único que pode nos livrar do corpo desta morte.
E este livramento que se obtém somente por Cristo e em Cristo, não é decorrente do fato de que agora os próprios crentes são perfeitos segundo a Lei, porque sempre haverá resquícios de pecado e de desobediência em sua natureza terrena que ainda carregam neste mundo, mas sim, e exclusivamente pelo fato de que foram resgatados da condenação da Lei por terem morrido para a Lei em Cristo.
Uma Lei não tem autoridade sobre quem já está morto. Assim, os crentes já não são julgados ou condenados por Deus com base na Lei, porque não estão mais debaixo da Lei, quanto ao que se refere ao seu poder de condenação daqueles que pecam contra os seus mandamentos. Eles são julgados agora pela lei da liberdade, respondendo, livres que são, não mais a um Juiz, mas a um Pai de amor, que os corrige e dirige como filhos amados, por causa de Jesus Cristo.
Haverá ainda um grande conflito entre o Espírito e a carne, entre a velha e a nova natureza, em todos os crentes, mas juntamente com Paulo eles podem dizer em uníssono: “Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor.” Não serão mais condenados por não serem tão bem sucedidos nesta guerra contra as suas almas, quanto gostariam de ser. Contudo, sabem que são amigos de Deus, que amam a Deus, que odeiam o diabo e o pecado, e que por fim serão transformados à perfeita imagem de Jesus, ainda que isto ocorra somente na glória.
Todavia, esta grande verdade central do evangelho não deve servir de motivo para que abusemos da liberdade que foi conquistada para nós por um preço elevadíssimo de sangue, e não de um sangue qualquer, senão o puro e imaculado sangue do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Preço este que foi pago para que livres do pecado, pudéssemos viver em novidade de vida santificada perante Deus. Afinal, foi para isto que fomos chamados e justificados.
E para vivermos esta vida santa sem a qual não podemos manter nossa comunhão com Deus, necessitamos de poder do alto.
Veja que quando os apóstolos viram todos os sinais que Jesus havia realizado, Sua ressurreição e ascensão, a uma mente carnal pareceria que isto seria o suficiente para que eles saíssem pelo mundo afora dando testemunho das coisas que haviam visto e ouvido.
Todavia, nosso Senhor lhes falou da necessidade de permanecerem em oração, e aguardando em Jerusalém o batismo do Espírito Santo, para que fossem revestidos de poder, pois quem dá e sustenta o testemunho de Cristo em nós é o poder do Espírito Santo.
Por este motivo vemos o apóstolo Paulo dirigindo a Timóteo as seguintes palavras, para o cumprimento adequado do seu ministério:
“Tu, pois, filho meu, fortifica-te na graça que está em Cristo Jesus.” (2 Tim 2.1)
E a todos os cristãos:
“Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder.” (Ef 6.10)
Vemos assim a nossa necessidade vital de estarmos permanentemente fortalecidos na graça de Jesus, mediante o poder do Espírito Santo que em nós opera.
Muitos pensam erroneamente que quando se fala em batismo do Espírito Santo, revestimento de poder do Espírito, ou enchimento do Espírito, que isto signifique simplesmente receber um poder sobrenatural que operará em nossas vidas independentemente das condições morais e espirituais em que nos encontremos.
Todavia, se examinarmos com mais cuidado não somente o texto bíblico, mas a nossa própria experiência prática em relação a este assunto, verificaremos que é muito mais do que isto o significado do poder da graça e do Espírito Santo atuando em nossas vidas.
Antes de tudo, devemos lembrar que este poder nos é dado para sermos cheios do fruto do Espírito Santo, que tem a ver com as nossas atitudes, com o nosso comportamento, com a transformação progressiva do nosso caráter e coração.
É um poder para nos habilitar a sermos obedientes aos mandamentos de Deus, para aprendermos a ser mansos e humildes de coração, a sustentarmos um bom testemunho de comportamento em nossa vida cristã, de modo a nos tornarmos exemplo para ser seguido por outros.
Trata-se de ser cônjuges exemplares, filhos exemplares, servos exemplares, líderes exemplares, cidadãos exemplares, enfim, sermos achados em todas as áreas de relações humanas como homens e mulheres de Deus, que trazem estampada em suas vidas a imagem de Jesus Cristo, conforme veremos no estudo do oitavo capítulo de Romanos, no qual se afirma que fomos predestinados por Deus para tal propósito.
E nada disto poderá existir sem que haja uma transformação do nosso coração. E por isso necessitamos crucialmente deste poder do alto, porque como o próprio Senhor Jesus afirmou, sem Ele nada podemos fazer, notadamente no que tange às coisas que são celestiais, espirituais, e divinas.
Em cumprimento à promessa que nos fez em relação à Nova Aliança (Jeremias 31.31-35) Deus já nos deu um coração de carne em substituição ao coração insensível de pedra às coisas concernentes ao reino dos céus que tínhamos antes da nossa conversão a Cristo.