Petições podem ou não fazer parte de nossas orações, mas a oração não consiste meramente em pedir; porque ela é o principal meio de ligação do nosso espírito com a pessoa de Deus.
Assim como o principal meio de comunicação entre pessoas é o da conversação, estando nela incluídas todas as demais formas de expressão por sentimentos, emoções e ideias, e tanto mais profunda e extensa será esta conversão quanto maior for a intimidade dos interlocutores, de igual modo se dá em relação a Deus, só que neste caso, necessitamos também da ajuda do Espírito Santo, pois somente Ele conhece a mente de Deus, e pode nos conduzir a orar da maneira que convém fazê-lo.
E quanto for maior a intimidade do crente com Deus, maior será a sua comunicação com Ele através da oração, pois nos agrada estar na companhia da pessoa amada, tendo comunhão com ela através da expressão de nossos pensamentos e sentimentos.
Importa que a oração seja no Espírito (Judas 1.20) porque se presume que toda oração verdadeira implica uma real comunicação com Deus, e não uma mera articulação de palavras da nossa parte.
Vemos assim que nem tudo o que é chamado de oração é verdadeiramente oração, por faltar este elemento essencial da ligação com Deus.
A oração é muito mais do que uma simples ponte de ligação entre o crente e Deus – ela é o elo de ligação entre ambos– é como um imã de atração do espírito do crente com o espírito de Deus.
Quando percebemos a presença de Deus se movendo pelo Espírito Santo em nosso espírito é quando podemos saber que estamos orando de fato.
Não raro o próprio Espírito Santo trará motivos de intercessão às nossas mentes e inspirará nossos lábios ao louvor e às petições que brotarão espontaneamente em nossos corações.
Por isso importa continuar elevando o pensamento a Deus e implorando humildemente que atenda à nossa oração, até que sintamos a presença do Espírito Santo nos movendo a orar como convém.
Por isso, a oração é designada muitas vezes nas Escrituras como sendo uma batalha que devemos empreender até que possamos prevalecer com Deus.
Esta insistência em permanecer na presença do Senhor é uma das formas pelas quais Ele coloca à prova a nossa fé e o nosso sincero desejo de estar em comunhão com Ele.
Que o Espírito Santo nos ajude a orar desse modo, e que nos mova da posição cômoda de se limitar a dirigir poucas palavras, muitas vezes repetitivas, e que chegam a se tornar para nós como sem sentido em algumas ocasiões, para que possamos estabelecer um canal de comunicação verdadeiro com Deus em nossos espíritos – e assim, o adoremos em espírito e em verdade.
Nosso Senhor, com as palavras que proferiu em Marcos 11.25, nos revela claramente que o propósito da oração é sobretudo o de estabelecer a nossa comunhão com Deus, tanto que se ao nos dispormos a orar, nos lembrarmos que temos motivo de queixa contra alguém, devemos nos dispor a perdoar, porque, certamente, um coração magoado e ressentido não pode manter comunhão com Deus que é totalmente amoroso e perdoador.
Pressupõe-se portanto que toda oração verdadeira é aquela que procede de um coração puro, perdoador e amoroso, e de uma mente que busque ou esteja em paz.
Importa que até mesmo em nossas orações, seja a paz de Cristo o árbitro da real condição de nossos corações.
Ao promover a nossa comunhão com Deus por meio da oração, somos fortalecidos espiritualmente, de modo que somos exortados a orar continuamente – sem cessar, porque a falta de oração indica que estamos fracos, e portanto, em vez de andarmos no Espírito, seremos vencidos pela carne.
É por este fortalecimento espiritual que é promovido pela oração que podemos vencer as tentações (Lucas 22.40).
Se a oração é o meio de nosso fortalecimento espiritual, seria então de se supor que os motivos em nossas intercessões, petições e súplicas a Deus deveriam estar sobretudo relacionados às bênçãos espirituais que temos em Cristo nas regiões celestiais, e não meramente para atender interesses seculares e materiais.
Deus espera que pelas orações sejamos cada vez mais conformados à semelhança com nosso Senhor Jesus Cristo, e para tanto necessitaremos ser transformados e amadurecidos espiritualmente, pois adoramos ao Jesus que não vemos com os olhos da carne, senão com os olhos da fé, que permitem que não somente o contemplemos em espírito, como também a que participemos da sua própria vida.
Nós temos um exemplo prático desta verdade na oração sacerdotal de nosso Senhor no décimo sétimo capítulo do evangelho de João, na qual intercedeu principalmente pela santificação e unidade dos crentes.
Nossas orações deveriam ter portanto em foco muito mais os interesses do reino de Deus e a sua justiça do que propriamente os nossos interesses – o que respeita ao progresso e triunfo do evangelho, do que às nossas próprias vitórias.
Daí a importância de nos aprofundarmos no conhecimento da Palavra de Deus, de maneira que nossas orações possam ser feitas segundo a vontade do Senhor, e assim tenhamos a certeza de que somos ouvidos.
Nossa vida espiritual está em Jesus Cristo, e a oração é o meio pelo qual nos apropriamos dessa vida espiritual, de modo que teremos mais desta vida tanto quanto mais orarmos. Isto explica a razão pela qual o próprio Senhor Jesus Cristo estava sempre em oração – para que a viva comunhão que tinha com Deus Pai fosse mantida. Paulo também orava sem cessar porque havia aprendido que sem a oração não poderia viver em permanente comunhão com Deus, estando fortalecido em espírito para cumprir o ministério que lhe fora designado por Ele.
Pr Silvio Dutra