Não era Deus quem estava produzindo diretamente toda aquela grande aflição em Jó, mas Satanás, entretanto, como tudo fora feito pela permissão divina, então Jó dirige suas queixas dizendo que era o próprio Deus quem lhe estava afligindo, conforme se vê no sétimo capítulo do seu livro.
A sua enfermidade não lhe permitia sequer dormir sossegado.
As feridas de seu corpo cicatrizavam em duras cascas que tornavam a se abrir, e isto causava uma dor ainda maior, porque a região onde ocorre a rachadura se torna ainda mais sensível.
A enfermidade não dava sinal de melhoras, antes progredia, dando a Jó a impressão de que todo aquele sofrimento ainda aumentaria mais até culminar com a sua morte.
Então ele pediu ao Senhor que fizesse cessar aquela agressão brutal que estava sofrendo sem poder esboçar qualquer tipo de defesa contra ela, ou acalentar qualquer esperança de melhora.
Muito deveria estar doendo em Jó o ter que suspender a sua devoção diária a Deus, e os serviços que realizava em Seu nome para o bem do próximo. Ele havia se tornado agora um fardo inútil e imprestável.
Ele não podia entender por qual motivo Deus estava fazendo aquilo com ele, uma vez que não havia nenhum proveito imediato e direto para quem quer que fosse, em toda aquela sua grande aflição e angústia.
Ele considerava que todo o serviço que vinha fazendo para Deus lhe trouxera como pagamento aqueles meses de escassez e as noites de aflição que havia ordenado para ele (v. 4).
Jó sabia que nossa vida é como um sopro que logo passa, e que somos impedidos, pela morte, de continuar nos relacionando com aqueles que viveram ao nosso redor. Então indagou a Deus qual seria o proveito de mantê-lo em vida naquele estado deplorável.
Ele havia sido isolado em vida de todos os seus familiares e da convivência de todas as pessoas que se encontravam sob a sua influência. Era já como alguém que havia morrido. Por que motivo então Deus o mantinha existindo sobre a terra, já que lhe havia antecipado a sentença que recai sobre aqueles que morrem?
Ele considerou, portanto, que era justa a sua queixa, porque até mesmo quando pensava que teria algum alívio em seu leito, até ali, era espantado com sonhos e com visões atemorizantes.
Sua vida havia se tornado um grande vazio e por isso pediu a morte a Deus, porque abominava aquela forma de vida que estava sendo obrigado a suportar (v. 15,16).
A consciência de Jó em nada lhe condenava, mas se tudo aquilo lhe estava sobrevindo por algum pecado que lhe fosse oculto, então pediu a Deus, sabendo o quanto Ele é perdoador, que tirasse então esta iniquidade que estava oculta a seus olhos e que perdoasse a sua transgressão.