Os apóstolos Paulo, Pedro e Tiago, falaram do grande valor da paciência que é operada pelas tribulações na vida cristã (Rom 5.3,4; II Cor 1.6; 6.4; Tg 1.3,4,12; 5.11; I Pe 2.20; 2 Pe 1.6).
A palavra no original grego para paciência é hupomoné, e que é traduzida também como perseverança ou constância.
Na verdade as três formas de interpretar se somam na transmissão do pensamento bíblico sobre o seu uso.
A paciência cristã não se relaciona a indolência, passividade, resignação, mas à ação de perseverar na fé com constância no aprendizado e prática das virtudes que estão na nossa nova natureza obtida em Jesus Cristo.
Daí o apóstolo Pedro ter se referido ao crescimento na graça e no conhecimento de Jesus, como sendo, principalmente:
2Pe 1:5 por isso mesmo, vós, reunindo toda a vossa diligência, associai com a vossa fé a virtude; com a virtude, o conhecimento;
2Pe 1:6 com o conhecimento, o domínio próprio; com o domínio próprio, a perseverança; com a perseverança, a piedade;
2Pe 1:7 com a piedade, a fraternidade; com a fraternidade, o amor.
É pela graça da paciência (perseverança, constância) que podemos prosseguir no cumprimento dos nossos deveres espirituais, notadamente aqueles que se referem à proclamação e testemunho do evangelho por e em nossas próprias vidas.
Nosso Senhor diz em Lucas 2;19: “É na vossa perseverança (paciência, constância) que ganhareis a vossa alma.”
A noção comum de que a palavra paciência na Bíblia reporta às pessoas calmas e tranquilas, ainda que isto seja uma virtude requerida, não corresponde, como vimos, ao uso bíblico desta palavra, que significa a nossa persistência em viver o evangelho, fazendo o bem e cumprindo a vontade de Deus revelada nos mandamentos, inclusive quando nos deparamos com tribulações, aflições e perseguições.
E isto deve ser aprendido na nossa carreira cristã, e será aperfeiçoado pelo Senhor, à medida em que lhe permanecermos fiéis.
Daí Tiago ter afirmado: “Ora, a perseverança (ou paciência) deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes.” (Tg 1.4)
Esta obra perfeita ou completa que a perseverança deve ter, conforme dizer de Tiago neste versículo citado, pode ser exemplificada com a vida de Abraão, a do apóstolo Paulo e tantos outros que completaram a sua carreira, não somente no sentido de a terem concluído, quanto também no de terem sido confirmados na fé, permanecendo firmes e fiéis a Deus, especialmente nas aflições e tribulações que sofreram por amor a Ele e à Sua vontade.
Não somos chamados como cristãos, a termos e demonstrarmos paciência (suportar aflições em graça, com gratidão a Deus em nossos corações) em determinadas situações específicas, mas em todo o curso de nossas vidas, e em todas as circunstâncias.
Por conseguinte, é necessário amadurecimento espiritual na Palavra, no poder do Espírito Santo, e para isto, contribuirão de modo particular as tribulações que experimentamos ao longo da nossa jornada neste mundo.
“Rom 5:3 E não somente isto, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança;
Rom 5:4 e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança.”
Paulo continuava sua caminhada espiritual sempre se gloriando, mesmo nas tribulações. Elas jamais seriam motivo para que parasse com a sua fidelidade a Deus e a sua chamada ministerial, mesmo nas várias prisões que sofreu, porque sabia que tudo contribuiria afinal para confirmá-lo para ser inabalável na perseverança, na experiência e na esperança.
Na perseverança, por ser constante em sua fidelidade.
Na experiência, por conhecer com convicção firme e inabalável o Deus no qual havia crido.
Na esperança, pela certeza do cuidado de Deus em sua vida, e da coroa de justiça que esperava por ele na glória.
Ele não se gloriava nas tribulações, nem mesmo na sua perseverança, experiência ou esperança, mas em Jesus Cristo, por meio de quem recebeu todas as coisas que dizem respeito à salvação e à vida eterna.
Ele se gloriava em Cristo nas tribulações que sofreu.
Nada conseguiu fazer com que a sua glorificação de Deus fosse interrompida por qualquer circunstância, quer agradável ou desagradável.