A confissão de Westminster diz em seu cap. XVI que:
“Boas obras são somente aquelas que Deus ordena em sua santa palavra, não as que, sem autoridade dela, são aconselhadas pelos homens movidos de um zelo cego ou sob qualquer outro pretexto de boa intenção.”
a) Mq 6:8; Rm 12:2; Hb 13:21; b) Mt 15:9; Is 29:13; 1Pd 1:18; Rm 10:2; Jo 16:2; 1Sm 15:21-23.
Boas obras são o cumprimento da vontade de Deus, tudo aquilo que Ele nos pede em sua palavra. Sejam preceitos que regulam a nossa conduta como indivíduos diante de Deus em relação ao próximo ou à sociedade em geral. Mas para quem são feitas as boas obras?
A Bíblia afirma que os nossos melhores atos são considerados como “trapo da imundícia” (Is 64:6). Se essa é a nossa situação e todas as nossas ações estão contaminadas pelo pecado, e não há ninguém bom sobre a terra (Mt 19:7, Rm 3:10-12), como elas podem ser consideradas boas obras? A resposta está no texto de Hebreus 11:6, onde lemos que “sem fé é impossível agradar a Deus”. Isso significa que os nossos atos de justiça ou as nossas boas obras são aceitas diante de Deus porque elas foram santificadas pelo sacrifício de Cristo. O sacrifício de Jesus também é a base para que não somente eu, como também as minhas obras sejam aceitas diante de Deus. As boas obras são apenas para os que foram santificados em Cristo Jesus, é impossível ao incrédulo pratica-las, sobre isso Vincent Cheung diz:
“Tentar ajudar, curar, unir, ou até mesmo salvar a humanidade sem Deus, e sem o único e verdadeiro evangelho, não é nenhuma outra coisa senão uma outra tentativa de construir Babel. É uma tentativa centrada no homem de edificar a humanidade. É pecado e rebelião disfarçada de justiça e compaixão. As boas obras dos ímpios são feitas, não a partir de um motivo para ajudar a humanidade em obediência a Deus e para glorificar a Deus, mas para ajudar a humanidade a despeito de Deus, de forma que eles não necessitarão nem venerarão a Deus.”
E a Confissão de Westminster declara:
“As obras feitas pelos não regenerados, embora sejam, quanto à matéria, coisas que Deus ordena, e útil tanto a si mesma como aos outros, contudo, porque procedem de corações não purificados pela fé, não são feitas devidamente – segundo a palavra; – nem para um fim justo – a glória de Deus; são pecaminosas e não podem agradar a Deus, nem preparar o homem para receber a graça de Deus; não obstante, o negligenciá-las é ainda mais pecaminoso e ofensivo a Deus.”
Pois quem prega um falso evangelho seja amaldiçoado (Gl 1:9). Se esse falso evangelho é anunciado, se torna irrelevante o “pregador” fazer boas obras, suas obras não são mais que “trapo de imundície” (Is 64:6). Ser salvo pela graça significa que a salvação não é alcançada pelas nossas obras (Ef 2.8,9). Só quem foi salvo pela graça e sabe que sua salvação não depende do que faz, mas do que Cristo fez (Rm 5.19), pode praticar boas obras de forma totalmente desinteressada e amorosa, pensando no bem do outro e não no próprio (Jo 15.1-5).
Porém, não confunda as boas obras com santificação, a “santificação é obra de Deus em nós, através da qual Ele concede aos nossos membros uma disposição santa, enchendo-nos interiormente com regozijo na Sua lei com repugnância ao pecado. Mas boas obras são atos de homem, que brotam desta disposição santa. Por conseguinte, a santificação é a fonte de boas obras, a lâmpada que brilhará com a sua luz, o capital do qual elas são o dividendo.” – Abraham Kuyper
Muitos confundem as duas, e creem que santificação significa viver uma vida honrável e virtuosa; e, uma vez que isto é o mesmo que boas obras, a santificação, sem a qual nenhum homem verá a Deus, é tomada no sentido de um sincero e diligente esforço para fazer boas obras. A santificação é um ato de Deus que Ele executa no homem; e que Deus ordenou ao homem fazer boas obras para a glória do Seu nome.
As boas obras são marca de um regenerado, são feitas para que andemos nelas (Efésios 2:10). Não nos cansemos de fazer o bem, principalmente aos domésticos da fé (Gl 6:9-10) e façamos as boas obras para glorificar a Deus (Mt 5:16).
“Fiel é esta palavra, e quero que a proclames com firmeza para que os que crêem em Deus procurem aplicar-se às boas obras. Essas coisas são boas e proveitosas aos homens… Que os nossos também aprendam a aplicar-se às boas obras, para suprir as coisas necessárias, a fim de que não sejam infrutuosos.”
(Tito 3:8-14)