Tradução e adaptação elaboradas pelo Pr Silvio Dutra, de citações extraídas do comentário de autoria de Thomas Manton, sobre o Salmo 119.39.
“Afasta de mim o meu opróbrio, que temo, porque os teus juízos são bons.” (Salmo 119.39)
Nessas palavras você tem:
1. Um pedido, “Afasta de mim o meu opróbrio”.
2. A razão para o pedido, “porque os teus juízos são bons”.
Vejamos em primeiro lugar, o pedido:
Ele estava vestido com opróbrio. Alguns pensam que isto significa sentença condenatória de Deus, que se tornaria o seu opróbrio, ou alguma repreensão de Deus por causa do seu pecado. Além disso, eu penso, que isto se refere às calúnias dos seus inimigos, e ele chama de “meu opróbrio”, quer por tê-las produzido por si mesmo, ou por terem vindo sobre ele, o opróbrio que era para ser a sua porção neste mundo, através da malícia dos seus inimigos: “o opróbrio que temo”, isto é, que eu tenho motivos para esperar, e que estou sensato das suas tristes consequências.
Em segundo lugar, vejamos a razão para o pedido, “porque os teus juízos são bons.” Há opiniões diferentes sobre esse argumento. Alguns raciocinam assim: Não me deixe sofrer opróbrio porque estou apegado à tua palavra, a tua palavra, que é tão boa. Mas Davi não falou aqui de estar sofrendo opróbrio por causa de justiça, mas tal opróbrio era causado provavelmente por suas próprias transgressões e fraquezas. Censuras por causa de um testemunho de justiça e amor são recebidas com regozijo interior. Mas ele disse: Isto “eu temo”, e, portanto, suponho que isso não bate com este motivo anterior, nem em outro sentido. Por que eu deveria ser encarado como um malfeitor, enquanto tenho guardado a tua lei e observado os teus estatutos? outros julgam mal de mim, mas eu apelo ao teu bom juízo.
Outros, o compreendem, por julgamentos relativos ao tratar Deus conosco: tu não lidas com os homens de acordo com suas deserções, tuas dispensações são gentis e graciosas. Então, vejamos assim: julgamentos divinos significam os caminhos, estatutos e ordenanças de Deus, são chamados julgamentos, porque todas as nossas palavras, obras, pensamentos, devem ser julgados de acordo com a sentença da palavra. Agora, coitados daqueles que sofrerão por causa do meu opróbrio e ignomínia, e isto é o que eu mais temo do que qualquer outra coisa que possa acontecer comigo.
Eu acho que o motivo será melhor compreendido assim: Senhor, há na tua lei, palavra, aliança, muitas promessas para incentivarem o teu povo, e, portanto, as regras para proverem a devida honra e crédito ao teu povo.
Devo, no que diz respeito às necessidades do povo de Deus, insistir um pouco sobre a cláusula anterior, e observar este ponto:
Que os opróbrios são costumeiros, mas ainda uma grande e grave aflição para os filhos de Deus. Eles são comuns, por que Davi diz: “meu opróbrio”. Mesmo este homem santo não poderia escapar das censuras de seus inimigos; e eles são temíveis, porque ele disse, “que eu temo.”
Primeiro, que são costumeiros. Davi frequentemente reclama disto neste salmo 119, e o menciona como um grande mal a Deus, verso 22, “Afasta de mim o opróbrio e o desprezo, por que eu tenho guardado os teus testemunhos”, e mais uma vez, verso 42, “Assim terei que responder ao que me afronta, pois confio na tua palavra”, e verso 69, “Os soberbos forjaram mentiras contra mim.” Deus soltou um Simei latindo sobre um santo Davi, e portanto, ele se queixou muitas vezes dos opróbrios. Assim, em outro lugar: Sl 31.13, “Pois tenho ouvido a difamação de muitos.” Diversos tipos de pessoas fizeram-no bater sua cabeça contra a parede, sobre a qual eles passaram e fizeram voar as setas de censura e reprovação: Sl 35.15, “Quando, porém, tropecei, eles se alegraram e se reuniram; reuniram-se contra mim; os abjetos, que eu não conhecia, dilaceraram-me sem tréguas;”. Dilaceraram-me, ou seja, significando o seu nome, que foi rasgado em pedaços com suas censuras; os homens abjetos se reuniram etc.
A poeira do chão irá muitas vezes estar voando nos rostos dos filhos de Deus, e Jeremias nos diz: “Eu ouvi a difamação de muitos”, e Jó e outros servos de Deus, sim, o próprio Senhor foi insultado, ele “suportou a contradição dos pecadores,” muitas eram censuras amargas, mesmo dos maiores crimes contra os mandamentos da lei. Ele foi objeto de blasfêmia e sedição. O Filho de Deus, que era tão manso, inocente, justo, e que só fez o bem em todos os lugares, mesmo assim se deparou com calúnias odiosas e, portanto, não podemos dizer que os seus servos são falhos porque são maliciosos, uma vez que esta tem sido a porção das pessoas piedosas mais eminentes. E depois isto nos é dito, Sl 64.3,4, “os quais afiam a língua como espada e apontam, quais flechas, palavras amargas, para, às ocultas, atingirem o íntegro; contra ele disparam repentinamente e não temem.”
A integridade sempre se encontra com a inveja, e a inveja se manifesta em detração; e quando os homens não podem alcançar a altura dos outros, por uma imitação santa, então por imputações odiosas buscam torná-los tão vis e baixos como eles próprios. Assim, isto é uma aflição comum.
Em segundo lugar, é uma doença grave, porque o homem de Deus, que era segundo o coração de Deus, disse. “O opróbrio que eu temo”. Isto é chamado de perseguição, Gál 4.29: compare com Gên 21.9, e você verá isto sob a forma de zombaria e censura. O flagelo da língua é uma das perseguições mais vis que os filhos de Deus têm experimentado, além disso, isto é chamado de “escárnio”, Heb 11.36. Há muita crueldade que é profunda como uma ferida que são muitas vezes produzidas tanto pela língua de reprovação como pelo punho da maldade.
O opróbrio deve ser necessariamente doloroso, porque é contra a natureza e contra a graça.
1. É contra a natureza. Desprezo é uma coisa difícil de suportar, e como a honra é mais grata para algumas pessoas, o opróbrio é mais grave do que muitas cruzes comuns. Muitos poderiam perder os seus bens com alegria, mas ficariam entristecidos com a desonra de seus nomes. É de acordo com a constituição e estrutura dos espíritos dos homens que eles são afetados, alguns mais com vergonha do que com medo. Parece haver excelência e galhardia nos sofrimentos que são honoráveis, e muitos podem suportar isso; mas os melhores espíritos são profundamente afetados com vergonha e castigo vergonhoso. Jesus Cristo, que tinha todas as afeições inocentes da natureza humana, e mostrou isto em várias ocasiões, ele foi alvo de escárnios e censuras: Sl 22.7 “Todos os que me veem zombam de mim; afrouxam os lábios e meneiam a cabeça:”
Um bom nome é mais precioso para alguns do que a própria vida, e, possivelmente, esta é a razão por que esses dois estão acoplados, Ec 7.1: “Melhor é o bom nome do que o unguento precioso, e o dia da morte, melhor do que o dia do nascimento.” O acoplamento destas duas frases parece insinuar isso, que os homens preferem morrer do que perder seus nomes. Se um homem morre, sua memória pode ser perfumada, ele pode deixar o nome por trás dele, porque é mais odioso ter seus nomes e crédito mutilados do que sua carne com espadas afiadas. Agora, isto é doloroso para a natureza; há corrupção nela. Ora, Deus sabe como atacar diretamente na veia. Os piedosos, muitas vezes, não estão mortificados para o crédito deles no mundo, tanto quanto deveriam. E, portanto, Deus tem que julgá-los desta forma, e exercitá-los na graça, para que possam ser humilhados e mais adequados para o seu próprio uso.
2. É necessário que isto seja grave porque a graça opera tanto mais quanto o dilúvio for mais violento.
A graça concorda com o sentido de nossa tribulação, porque ao lado de uma boa consciência, não há uma bênção maior do que um bom nome santo.
A graça nos ensina a valorizar um bom nome, em parte porque é um dom de Deus, uma bênção constante da aliança.
Um bom nome é prometido como “a recompensa dos justos”. Um bom nome é uma sombra da eternidade. Quando um homem morre, ele deixa seu nome atrás de si, que é o penhor da nossa vida após a morte.
E em parte também outra razão pela qual a graça nos ensina a valorizá-lo, é por causa dos grandes inconvenientes que acompanham a perda de um bom nome, e a deturpação do povo de Deus pelo mundo. A glória de Deus está muito interessada no crédito de seus servos. Quando eles se contaminam e são causa de vergonha, o Senhor fica profanado neles: Ez 13.19, “Vós me profanastes entre o meu povo”, e Jer 34.16, “Eles profanaram o meu nome.” Cristo, voltará aqui depois de ser admirado nos seus santos, e será agora glorificado neles. A vergonha dos nossos erros, real ou suposta, reflete em Deus e na religião que professamos. E, portanto, quando as pessoas estão cheias de preconceitos contra as pessoas religiosas, eles estão também cheios de preconceitos contra a vontade de Deus e os interesses inquestionáveis de Cristo Jesus; e o mundo, que odeia a Deus, Cristo e a religião cristã, vai dizer com ironia: estes são seus mestres, e essa é a sua profissão de fé! Portanto, uma vez que o crédito da religião jaz nisto, a graça nos ensina a valorizá-lo.
Além disso, também, a sua segurança repousa nisto; porque por difamarem os adoradores de Cristo, eles abrem caminho para maiores perseguições, e Satanás é geralmente primeiro mentiroso, e, em seguida, um assassino, João 8.44, e quando as suas calúnias abundam, os problemas não ficarão muito tempo do lado de fora.
O homem natural deseja um bom nome, mas para suas próprias conveniências. Mas os filhos de Deus, se eles desejam um bom nome, é para honrar a Deus, e nisto está a diferença entre a vaidade ou o desejo da boa opinião dos outros.
Um instrumento manchado será de pouco uso. A maioria se recusa a tomar a sua carne a partir de uma mão leprosa. É política de Satanás, quando ele não pode desencorajar os instrumentos da obra de Deus, então ele procura manchá-los.
O apóstolo nos diz que aqueles que são chamados a um encargo ministerial público, devem ter muito cuidado com o seu crédito, para que possam promover o seu trabalho, pois ele põe isto como uma de suas qualificações: 1 Tim 3.7: “Ele deve ter um bom testemunho dos que são de fora, para que não caia em opróbrio, e no laço do diabo.”
Intérpretes diferem um pouco como διαβολος, que traduzem como diabo ou então como caluniador; ambos os sentidos são bons – para que não caia na armadilha do diabo, ou o laço do caluniador. O diabo tem seus espiões que vigiam sobre nós, e colocam as suas armadilhas, de modo que o serviço pode ser manchado, e o evangelho obstruído e impedido. Bem, então, a graça preza por um bom nome por causa das consequências, e porque a glória do Senhor e nossa segurança e serviço estão envolvidos nisto.
Certamente existe alguma razão especial quando o Senhor permite isso, quando uma saraivada de acusações seguirão uma após outra, e portanto, ele usa outros para julgá-lo, e despertá-lo para um auto exame do seu interior. Para entrar em seu próprio coração e vasculhá-lo completamente, para ver o que é que Deus tem por objetivo, se há qualquer forma de maldade em você que até agora você ainda não descobriu, e quando você chegar a ver este poço de pecado, então seus inimigos lhe ajudarão a vê-lo melhor ao lhe humilharem. Muitas vezes, a voz de um caluniador pode fazer o que a voz de um pregador não pode fazer.
Há muitos pecados para os quais este tipo agudo de aflição é adequado. Vou lhes dizer alguns destes pecados.
1. Orgulho. Há um duplo orgulho – orgulho na mente, que é chamado de auto-convencimento, e orgulho de afetos, que é chamado de vanglória. Agora não existe cura eficaz como censuras para qualquer um destes.
[1] Falemos do orgulho na mente, auto-conceito. O orgulho é um pecado que cresce independentemente da mortificação de outros pecados; ele vive em nós enquanto vivermos no corpo e, portanto, em 1 João 2.16, é chamado de “soberba da vida”. Ele é o que está mais intimamente próximo da alma. Agora, se temos sido muito auto-convencidos, o Senhor vai nos humilhar, por permitir que caiamos em tais escândalos como para nos lembrar da nossa fragilidade, e que indignas criaturas fracas somos.
Austin é ousado em afirmar que é proveitoso para os homens orgulhosos caírem algumas vezes em pecado aberto, para que possam conhecer e compreender a si mesmos.
Deus permite por vezes que a língua solta dos homens virulentos nos diminuam em nossa opinião e na opinião do mundo.
Portanto, um senso de nossa pecaminosidade deve nos tornar mais submissos à mão corretiva do Senhor. Temos que ver a mão de Deus, pois se não olharmos para ela, seremos atraídos para o pecado, em injúria sobre injúria, e exasperação sobre exasperação.
[2] A vanglória, o outro tipo de orgulho, consiste em valorizar e estimar muito, o nosso crédito no mundo, e agradar a nós mesmos, quanto à opinião que os outros têm de nós. Gostaríamos de usurpar o trono e reinar nos corações dos homens de Deus. Depois de atribuir um valor alto a nós mesmos, ficamos perturbados quando os outros não atingem o grau de espiritualidade ou valor que julgamos ter. O orgulho é um dos inimigos mais antigos que nasceu no céu no seio dos anjos caídos, mas Deus os derrubou do céu, logo que lhes penetrou o coração.
Agora, quando seus filhos o carregam, o Senhor tem uma contenda com eles, e, portanto, para tratar com o orgulho, ele vai rebaixá-los bastante: 2 Cor 12.7, “para que não me exaltasse, foi-me dado um espinho na carne, um mensageiro de Satanás para me esbofetear.” Paulo era muito apto para se orgulhar. O Senhor fez dele um instrumento eminente; pela sua fé ele tinha abundância de revelações. Mas Deus vai furar o balão de orgulho, ele faz isso com espinhos.
Para não ficarmos inchados pela vaidade, o Senhor nos humilha com enfermidades, necessidades, injúrias.
2. Outro pecado para o qual Deus nos humilha é o andar descuidado. Quando somos negligentes e não tomamos conhecimento da carnalidade que cresce em nós, e esta condição irrompe em nossas vidas, o Senhor usa outros para a nossa repreensão; então, eles se reúnem à nossa sujeira, para que possamos ver qual é a razão pela qual temos assumido esta forma de coração. Quão ignorante um homem seria de si mesmo, caso outros não lhe trouxessem à mente, por vezes, as suas falhas! Por isso, Deus faz uso de pessoas virulentas do mundo como uma vara para bater a poeira das nossas vestes.
Em segundo lugar, o SENHOR nos humilha com o propósito de nos provar.
1. A primeira coisa que ele faz para lhe provar por uma enfermidade grave e por saraivadas de acusações é a sua fé, quando o mundo inteiro está pronto para lhe condenar.
Que fé?
[1] Nossa fé no grande dia do ajuste de contas, o que é um grande objeto da fé, e quando o mundo está pronto para nos condenar, a nossa fé é testada, para ver se podemos descansar com a vindicação que teremos no dia de nosso Senhor. Isto você pode ver em 1 Coríntios 4.3-5: “Todavia, a mim mui pouco se me dá de ser julgado por vós ou por tribunal humano; nem eu tampouco julgo a mim mesmo. Porque de nada me argúi a consciência; contudo, nem por isso me dou por justificado, pois quem me julga é o Senhor. Portanto, nada julgueis antes do tempo, até que venha o Senhor, o qual não somente trará à plena luz as coisas ocultas das trevas, mas também manifestará os desígnios dos corações; e, então, cada um receberá o seu louvor da parte de Deus.”. Todo homem que observa isto, e que está qualificado para isto, terá o louvor de Deus. Assim, quando somos vistos, por sermos cristãos, como as pragas da humanidade, ainda podemos nos consolar, quando chegar o dia da manifestação dos filhos de Deus, isto é o suficiente, o grande dia do julgamento está à mão, de modo que este irá definir tudo corretamente.
[2] Para provar a nossa fé em mais promessas particulares. O Senhor tem prometido prover para a saúde e crédito de seu povo, até agora tem ele provido para a sua segurança, e o seu pão de cada dia para a sua manutenção, e qualquer bênção terrena que for boa para nós. Ora, o Senhor vai ver se podemos confiar nele com o nosso crédito, bem como para outras coisas: Sl 119.42, “Assim terei que responder ao que me afronta, pois confio na tua palavra.” Eu digo que o Senhor tem se comprometido em sua aliança a preservar um cristão em todos os seus interesses e necessidades, tanto quanto será para a sua glória e para o nosso bem, e até agora nós temos recebido isto. E um cristão, quando ele dá a si mesmo a Deus, dá-se tudo o que ele tem para Deus de uma forma de consagração para o uso de Deus. Deus é o guardião do meu corpo e alma, eu desisto da minha propriedade e vida para que ele possa cuidar de mim noite e dia, e eu lhe dou o meu nome e crédito.
Sl 37.5-7: “Entrega o teu caminho ao SENHOR, confia nele, e o mais ele fará. Fará sobressair a tua justiça como a luz e o teu direito, como o sol ao meio-dia.” É a fé que é requerida. Oh! Muitas vezes parecemos perder a nossa estima entre os homens, e somos como que enterrados em calúnias e injúrias, mas não será por muito tempo. Sua pessoa e causa podem ser obscurecidas, isto pode ser uma noite de inverno de problemas, mas uma manhã de ressurreição, tanto de suas pessoas e nomes, virá; e isto será conduzido adiante como o meio-dia. O Senhor é capaz de fazer isto; a integridade do seu coração virá a ser conhecida, e você será libertado por Deus. Nosso Senhor Jesus foi um padrão para nós quanto a isto. Cristo, quando injuriado por seus caluniadores, que o tinham acusado em acordo com Satanás, com blasfêmia e sedição, o que foi que Ele fez? O apóstolo disse: 1
Pedro 2.23: “Ele se entregava àquele que julga com justiça.” Há fé em Cristo, e por isso Deus iria provar esta fé. Se em qualquer circunstâncias podemos com confiança e vontade entregar-nos à vontade de nosso Pai celestial e justo Juiz, se podemos nos resignar a Ele, para sermos humilhados ou louvados. Quando nos submetemos e nos entregamos à vontade de Deus, confiando na sua justiça e fidelidade em Cristo, então nos comportamos como cristãos.
3. Outra coisa que Deus vai provar é a nossa paciência e longanimidade. Devemos evitar opróbrios, tanto quanto pudermos, mas por uma conversação santa podemos suportá-los quando não pudermos evitá-los: Sl 109.4, “Em paga do meu amor, me hostilizam; eu, porém, oro.” Esse foi o exercício de Davi, na vingança que ele recebia deles, ele orava a Deus por eles. O Senhor vai provar se temos essa paciência humilde e mansa.
Um cão raivoso que morde outro faz com que este fique tão raivoso quanto ele mesmo. Agora, isso não deve ser assim com os cristãos, a saber, que eles mordam uns aos outros, porque o Mestre nos ordena possuirmos as nossas almas com paciência. Isto é um momento de reprovação e censura, um tempo no qual Deus humilhará seu povo; por isso devemos expor o caso com o Senhor, e nos humilharmos diante dele, e ver qual é o problema que Deus tem colocado por sua providência. Gostaríamos de nos vingar daqueles que nos reprovam se isto estivesse em nosso poder, mas Davi tinha mansidão e paciência que não permitiria isso.
E assim agiu como agiu em relação a Simei. Deus vai descobrir a paciência de seus servos, disse o apóstolo: 1 Coríntios 4.13, “quando caluniados, procuramos conciliação; até agora, temos chegado a ser considerados lixo do mundo, escória de todos.”, a palavra aqui significa, o lixo da cidade, que estão aptos a lançar fora da mesma, para ser varrido, incapaz de viver entre os homens em sociedades civis. Cristãos, deve haver um tempo para o julgamento de nossas graças. Agora Deus usa esta época para a provação da paciência. Tal tempo como este descobre a força da graça.
4. Outra coisa que Deus deve provar é a nossa retidão, para que possamos nos manter em nosso caminho, “por honra e por desonra, por infâmia e por boa fama, como enganadores e sendo verdadeiros;” como o apóstolo fala em 2 Coríntios 6.8; ainda para nos aprovar como servos fiéis de Cristo.
Se você procurar nos registros da história, você encontrará muitos que foram desencorajados no cristianismo por causa de acusações que foram lançadas sobre eles, porque o diabo trabalha muito sobre o estômago e o baço. Agora Deus vai provar a nosso retidão. Veja que, quando a lua brilha os lobos uivam, por isso, devemos nos manter em nosso curso. Deixe que os homens falem conforme lhes agrade, e ainda assim permaneçamos fiéis a Deus: Sl 109.22, “Afasta de mim opróbrio e desprezo, porque eu tenho guardado os teus testemunhos.” Davi não ficava perturbado com desprezo e reprovação, e ainda mantinha os testemunhos de Deus e respeitava os seus caminhos.
Alguns podem ser religiosos desde que sejam honrados. Quando as censuras chegam, quando os seus interesses seculares estão em perigo, então eles caem, questionando os caminhos de Deus, e inquietam seus corações, isto é, como para se vingarem contra o próprio Deus, julgando que não cuidou deles o tanto quanto deveria.
Em terceiro lugar, o Senhor não faz isto para lhe fazer bom, mas para torná-lo melhor. Censuras são como sabão, que parecem contaminar a roupa, e no entanto a limpam. Não há nada tão ruim, mas podemos fazer um bom uso dela, e um cristão pode ganhar alguma vantagem com isso.
Então censuras (opróbrios) são uma ajuda necessária para nos tornar mais humildes e santos – para nos fazer caminhar com um santo temor. O caminho é, não para disputar estima, mas para crescer melhor, mais sério, mais fiel em nossas vidas, pois este é o caminho, para calar a boca dos adversários, como a boca de um cão ou animal selvagem, 1 Pedro 2.15.