Os cristãos devem se esforçar para preservar, pelo Espírito, a unidade da fé, no vínculo paz, de maneira prática em suas vidas.
Para este propósito nosso Senhor nos impõe a renúncia ao ego e a tudo quanto temos (Lc 14.26,33), porque sem isto não é possível vermos os nossos irmãos como partes muito importantes não somente para as nossas vidas, como para a Igreja como um todo.
O primeiro passo para a unidade é a humildade; pois sem ela não haverá nenhuma mansidão, nenhuma paciência, longanimidade; e sem estas não será possível qualquer unidade.
Quando prevalece o orgulho, a justiça própria, a vanglória, não pode existir comunhão no espírito.
O orgulho quebra a paz, e produz toda sorte de dano.
A humildade e a mansidão restabelecem a paz, e a preservam. Pelo orgulho vem a dissensão e a contenda; mas pela humildade vem o amor. Agora, como dissemos antes, isto deve provir do Espírito. Estas virtudes são celestiais e não se encontram na nossa velha natureza.
Elas fazem parte da nova natureza que recebemos do alto pelo Espírito Santo, mas devem ser buscadas e exercitadas para que se manifestem no nosso viver. Daí decorre a necessidade que temos de andar continuamente no Espírito, porque é dEle que provêm estas virtudes, porque fazem parte do Seu fruto.
Por conseguinte, se os cristãos não estiverem andando no Espírito eles não podem ter esta unidade e paz. Eles não serão achados num só querer e sentir quando se reunirem para adorar a Deus, senão ainda ocupados com as coisas terrenas que dominam a sua mente carnal.
Por isso somos convocados a nos esforçar para manter a unidade do Espírito no vínculo da paz. Este esforço indica que teremos que agir contra a inclinação natural de nossa velha natureza. Teremos que renunciar à nossa própria vontade, ao nosso ego, de maneira que sejamos dirigidos pelo Espírito.
Daí se entende a razão de Jesus ter dito que deveríamos tomar a nossa cruz, negar-nos a nós mesmos para poder segui-lO.
Cristãos que vão para os locais de adoração não estando dispostos a renunciar ao ego, jamais poderão contribuir portanto para que se promova esta unidade espiritual que é tão desejada por Deus e que dá à Igreja poder para fazer a Sua obra e vontade.
É onde há unidade espiritual entre os irmãos que Deus derrama o óleo da unção do Espírito, e é ali que Ele decreta a Sua bênção. Outro fator muito importante para esta unidade espiritual é que se conheça a sã doutrina e que esta seja efetivamente praticada, e quando muito seja aceita por todos, e que seja reconhecido em que temos sido faltosos, para confessá-lo e buscar corrigi-lo com sinceridade, no Senhor, para que sejamos confirmados em toda boa palavra e obra.
Agir contra a doutrina é o que caracteriza o verdadeiro espírito de divisão no corpo de Cristo, pois isto impede a sua unidade. Sempre haverá aquele sentimento de quebra, de vazio espiritual, por causa dos cristãos carnais que não admitem submeter suas vontades à do Espírito Santo e à Palavra de Deus.
Eles continuarão resistindo ao Senhor e à Sua Palavra por causa das suas próprias imaginações que eles geraram por suas próprias convicções, e pela falta de revelação da verdade aos seus espíritos pelo Espírito Santo, por causa da rebeldia deles, pois o Senhor não pode instruir o coração rebelde, e assim isto trará juízos não somente a eles próprios, como ao avanço do reino de Deus, através da unidade da Igreja.
Estas resistências devem ser demolidas, e todo pensamento deve ser trazido cativo à obediência de Cristo, para que se possa ver uma obra de Deus sendo efetivamente realizada na nossa congregação (reunião, ajuntamento).
Lutero disse que gastou quinze anos para conduzir a congregação que dirigia à unidade da fé e da doutrina do evangelho, quebrando as resistências que existiam, pacientemente, ao longo dos anos, mas reconhecia, que por falta de vigilância e cuidado, isto poderia ser perdido em pouco tempo, por se acatar algum tipo de ensino contrário às ordenanças de Cristo.