Deveria ser evidente para qualquer observador das notícias e tendências que estamos sendo levados (como previu a Bíblia) a um governo e uma religião mundiais – e que ambos serão unificados. Qualquer “separação entre Igreja e Estado” acabará. Deveria também estar claro que uma exigência básica da religião mundial (passos em cuja direção são recompensados pelo “Prêmio Templeton Para o Progresso na Religião”) é que seja inofensiva e universalmente aceita.
Babel, o modelo de unidade
A “correção político-religiosa” é essencial para a falsa unidade desejada por este mundo. A regra para isto será “espiritualidade” sem verdade. O mundo retornará a Babel, onde a “cidade” (o governo secular) e a “torre” (a religião) eram unificados:
“Vinde, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo tope chegue até aos céus…” (Gn 11.4).
Aqueles que persistirem em afirmar que alguns ensinos são errados serão silenciados para o bem da sociedade. Essa tendência já é notada na “Trinity Broadcasting Network” (maior rede de TV evangélica dos EUA – N. R.) de Paul Crouch, cuja oração demanda imunidade à correção:
“Deus, nós declaramos a destruição de qualquer coisa ou pessoa que se levante contra este ministério…”
Esse tipo de unidade, integralmente estabelecida em Babel, agrada à sabedoria humana. Contudo, a resposta de Deus foi
“confundir ali a sua linguagem, …e dispersá-los dali pela superfície da terra” (vv. 7-8).
No Areópago, Paulo explicou o propósito de Deus em fazer tal coisa:
“[Ele] havendo fixado… os limites da sua habitação; para buscarem a Deus…” (At 17.26-27).
Ao invés de buscar ao Senhor, o homem tem procurado tornar-se o senhor do Universo. A sua capacidade de invenção cumpre a declaração de Deus: “é mau o desígnio íntimo do homem desde a sua mocidade” (Gn 8.21), e prova a exatidão do terrível aviso divino: “não haverá restrição para tudo que intentam fazer” (Gn 11.6). A maldade e violência do mundo aumentaram com o desenvolvimento da educação, do conhecimento e da tecnologia humanos. De fato, somos “uma geração de gigantes nucleares, mas anões morais”.
E agora, em rebelião contra o julgamento de Deus em Babel, o homem está determinado a unificar o mundo como foi naquela época. A Lockheed Corporation, num anúncio na revista Scientific American, vangloria-se de que através de seus computadores está “desfazendo o efeito Babel”, unificando, novamente, o mundo em uma linguagem. A IBM e outras corporações científicas têm feito alardes similares. Imagina-se que a unificação do mundo colocará um fim à competição e aos conflitos entre as nações, e conduzirá a uma era venturosa de paz e prosperidade. Na realidade, ela trará o reinado do anticristo e a ira de Deus derramada sobre a terra.
A verdadeira unidade
O mundo nunca terá unidade e paz até que Cristo, o Príncipe da Paz, governe em pessoa do trono de Davi. E mesmo assim, depois de 1.000 anos de Seu reinado, milhões e milhões daqueles que foram forçados a obedecer se rebelarão contra Ele (Ap 20.7-9). O Milênio será a prova final da incorrigível maldade do coração humano. A única esperança está na criação de uma nova raça que morreu em Cristo, aceitando a morte dEle como a sua própria, e que “nasceu de novo” do Espírito Santo para ser habitada pelo Espírito de Cristo. Cada um destes que herdam novos céus e nova terra pode dizer confiantemente:
“Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim…” (Gl 2.19b-20a).
A verdadeira unidade só é encontrada em Cristo. Aqueles que pertencem a Ele são “um corpo”, tendo
“uma só esperança… um só Senhor, uma só fé , um só batismo, um só Deus e Pai de todos…” (Ef 4.4-6).
Estes são o Seu corpo, Sua Igreja, Sua noiva. A respeito destes Jesus disse:
“Eles não são do mundo, como também eu não sou” (Jo 17.14,16).
A verdadeira Igreja nunca poderia ser popular com o mundo, muito menos unida a ele numa causa comum. Cristo disse:
“Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário, dele vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia… Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós outros…” (Jo 15.19-20).
Estas poucas palavras das Escrituras são suficientes para condenar a igreja católica romana. Sua longa história de parceria com e até mesmo de domínio sobre os governos (como foi predito em Apocalipse 17.18), e o poder que ela exerce nos círculos seculares marcam-na como apóstata. O papa recebe embaixadores de todos os principais países que vêm suplicar favores, e por onde vai ele é recebido com muita pompa e cerimônia pelos chefes de Estado, do presidente Clinton a Arafat ou Fidel Castro.
Do mesmo modo, reconhecemos o erro dos evangélicos que se esforçam para exercer influência política através de acordos com os ímpios, procurando ter domínio dentro de governos em cooperação com católicos e adeptos de outras religiões – e o fazem em nome de Cristo que foi odiado, zombado e crucificado pelas líderanças religiosas e políticas.
“Não rogo pelo mundo”
Na oração de Cristo por unidade, Ele disse especificamente:
“Não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste [fora do mundo], porque são teus” (Jo 17.9).
Não existe na Bíblia qualquer referência de que os cristãos devam “mudar o mundo” (que está debaixo do julgamento de Deus) ou “atender às necessidades da comunidade”. Nós devemos chamar para sair deste mundo “um povo para o seu nome” (At 15.14). O interesse de Cristo foi por Sua Igreja:
“a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós… como nós o somos; eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade…” (Jo 17.21-23).
A oração de Cristo foi respondida pelo fato do Filho e do Pai habitarem nos cristãos por meio do Espírito Santo. Tornando-nos “filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus” (Gl 3.26), somos unidos à família de Deus para sempre. Essa unidade não pode ser compartilhada fora dessa família. Ela é expressa pela adesão em palavras e atos à Palavra de Deus e à verdade (Jo 17.6, 8, 14, 17).
Nunca nos foi ordenado estabelecer a unidade, mas “preservar a unidade do Espírito” (Ef 4.3), que já temos em Cristo. Nossas vidas e a doutrina sobre a qual estão fundamentadas devem revelar a Palavra de Deus e a Sua verdade. Qualquer desvio disso nega a unidade que é nossa em Cristo. Aqueles que não são membros do corpo de Cristo por não crerem no Evangelho não podem fazer parte dessa família, e não há “unidade” que os crentes possam fabricar para conseguir tal coisa.
Divisões entre “cristãos”
Ao menos certas divisões entre os que se chamam cristãos são devidas a sérias diferenças doutrinárias. Há fartas evidências atestando a falsidade do evangelho de salvação do catolicismo romano por sacramentos, obras, sofrimentos no purgatório, indulgências, orações a Maria, etc.; e que ele, por sua própria natureza, não oferece nenhuma segurança. Tais diferenças doutrinárias criam uma barreira intransponível à unidade cristã; e, na verdade, mostram que os católicos romanos (e os ortodoxos cujas doutrinas de salvação são as mesmas) estão fora da família de Deus. Promover o engano destas almas perdidas, acolhendo-as como cristãs, é falta de bondade.
Minha esposa Ruth e eu passamos recentemente um tempo muito proveitoso na Romênia com boas reuniões em cinco cidades, inclusive na Universidade de Bucareste, num anfiteatro esportivo e em outros lugares seculares. A reação foi boa, com vidas salvas e transformadas. Em todo lugar vimos o mal da igreja ortodoxa, que cooperou com o comunismo e agora está perseguindo os evangélicos. Esta igreja não faz objeção que seus membros sejam comunistas ateus. O último censo na Romênia teve duas categorias de ortodoxos: fiéis e ateus.
Durante essa visita, vimos com tristeza os fiéis ortodoxos enfileirados numa grande catedral para beijar os ícones que acreditam serem janelas para o céu, e para tocar os sarcófagos dos “santos”, como um passo duvidoso para a salvação, ou para pagarem ao sacerdote por orações especiais que poderiam aproximá-los de merecerem o céu. Típica foi a conversa que tive com o principal sacerdote na catedral ortodoxa:
Dave (D): Como posso ir para o céu?
Sacerdote (S): Você tem de rezar.
D: Quanto devo rezar?
S: Você precisa rezar em todo tempo, em todo lugar.
D: Posso ter certeza se conseguirei ir ao céu?
S: Você nunca pode saber. As seitas, como os batistas, ensinam que você pode ter a certeza, mas a doutrina oficial da igreja ortodoxa é que você nunca sabe se irá para o céu.
D: Mas o que Jesus fez na cruz?
S: (levando-me para o centro da igreja e apontando para uma suposta pintura de Jesus no alto do teto): Ele está olhando por todos nós! (Neste momento, um grupo de convidados de um casamento entrou. Recém-casados no civil, precisavam da bênção da igreja, pela qual pagaram o salário de um mês. Tendo de atendê-los, o sacerdote terminou a nossa conversa – que me deixou interiormente triste pelo engano em que vivem os “fiéis” ortodoxos!)
Fortes movimentos rumo ao ecumenismo
É um despropósito total acolher o catolicismo romano e a ortodoxia oriental como verdadeiro evangelho, mas tal insensatez reflete a tendência atual. Até mesmo o mundo busca a unidade religiosa. Há algum tempo surgiu nos EUA o movimento Promise Keepers, uma organização que reuniu milhões de homens e dezenas de milhares de pastores em defesa do mais flagrante ecumenismo.
No início de 1997 os Promise Keepers reuniram 39.000 pastores em Atlanta (Geórgia, EUA). A conferência juntou representantes dos apóstatas Conselho Mundial de Igrejas e Conselho Nacional de Igrejas, dos evangélicos, dos mórmons e dos católicos romanos, incluindo 600 padres. O vice-presidente do Ministério Pastoral dos Promise Keepers, Dale Schlafer, afirmou que esta nova unidade não está baseada em doutrinas (isto é, em verdade), mas em relacionamentos. Em contraste, a unidade bíblica é uma doutrina que deve ser definida. Algumas diferenças doutrinárias são tão vastas quanto a distância entre o céu e o inferno.
O que impressiona é o número de homens e pastores que se deixam levar por este e por movimentos semelhantes. Quanto a nós, “mantenhamos a unidade do Espírito” através do apego à sólida doutrina em obediência ao nosso Senhor.
Autor: Dave Hunt