A anencefalia é causada por um defeito no fechamento do tubo neural (estrutura que dá origem ao cérebro e à medula espinhal) que pode surgir entre o 21º e o 26º dia de gestação. O diagnóstico é feito no pré-natal, a partir da 12ª semana de gestação, inicialmente por meio de ultra-sonografia.
Esta semana uma decisão do STF sobre a legalização do aborto de bebês anencéfalos trouxe muita polemica e divisão de opiniões. Algumas pessoas são a favor da decisão e se fundamentam no fato de que toda criança que nasce sem cérebro morre instantes depois, ou seja, estão condenadas à morte.
No entanto, percebe-se a ousadia de algumas pessoas que, pelo fato de deter um certo “poder” se acham capazes de decidir se um ser humano deve viver ou morrer. Se levarmos em conta que abortar é tirar a vida de uma criatura, e que, de acordo com a bíblia ninguém tem esse direito, veremos que se trata de um crime como qualquer outro. Se foi Deus quem nos deu a vida somente Ele é que pode decidir a hora certa de nascermos e de morrermos.
A noticia de estar gerando um bebê sem cérebro não é uma coisa boa pra ninguém, principalmente para os pais, que sonham ter um filho perfeito e saudável. Mas o que fazer diante de tal situação? Para alguns o melhor é interromper a gravidez, pois não há sentido esperar nove meses para dar à luz um bebê que não tem nenhuma chance de sobrevivência. Por outro lado, sabe-se que o caso pode ser tratado por profissionais de saúde como pacientes de alta gravidade, e a baixa expectativa de vida não deve limitar os direitos dessa criança.
Argumenta-se o sofrimento dos pais como forma de justificar a legitimação do ato de aborto, alegando ainda que “sem cérebro não existe vida”. Porém a questão central não é essa e sim o direito à vida do anencéfalo. O sofrimento da mãe pode ser aliviado pela medicina, a psicologia, a religião e pelos familiares, mas a vida do bebê uma vez ceifada, não há como ser recuperada.
Reflitamos em alguns versículos do Salmo 139, “… tu formaste os meus rins; entreteceste-me no ventre de minha mãe. Eu te louvarei, porque de um modo tão admirável e maravilhoso fui formado; maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem. Os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui formado, e esmeradamente tecido nas profundezas da terra. Os teus olhos viram a minha substância ainda informe, e no teu livro foram escritos os dias, sim, todos os dias que foram ordenados para mim, quando ainda não havia nem um deles” (Sl. 139: 13-16).
Este texto indica que cada ser humano tem sua origem em Deus. Antes que cada homem exista ele já está na mente de Deus. Foi de um modo assombrosamente maravilhoso que Deus nos formou, foi no oculto e entretecido que os olhos do criador viram a substância ainda informe. É Deus quem forma a criança no ventre da mãe desde os estágios iniciais até o momento do nascimento. Significa que no momento em que o espermatozóide fecundou o óvulo um novo ser teve seu início. O bebê desenvolve todas as suas características humanas quando está no ventre. Os cromossomos de uma criança não nascida são únicos. Toda pessoa é uma criação singular de Deus. Jamais voltará a vida de uma criança não nascida tirada por um aborto.
Desta forma fica claro que somente pessoas sem conhecimento bíblico poderiam tomar decisões sobre algo tão precioso como tira uma vida. Se aceitarmos uma decisão dessa como natural, estaremos de certa forma contribuído para que a sociedade tome outras decisões absurdas em relação a vida.
Nenhum ser humano deve se fazer senhor da vida de outro; pois não compete ao homem eliminar seu semelhante simplesmente por não satisfazerem aos padrões estéticos, culturais ou de “qualidade de vida” estabelecidos pela sociedade.
Deus que é o dono da vida, portanto somente Ele a tirara no tempo determinado. Não cabe a nós simples mortais julgar se um feto merece ou não viver.
João Maria Soares
Seminarista cursando o Ultimo período em bacharel pleno em Teologia, no Centro de Treinamento Teológico Harland Graham, Natal-RN, Presbítero da MEPB( Missão Evangélica Pentecostal do Brasil) coordenador do departamento de Missões
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